Provavelmente, em alguns anos, a Academia deverá criar um prêmio para distinguir uma categoria que vem crescendo em Hollywood – a de filmes feitos com captura de movimentos dos atores. Esse tipo de filme vem crescendo, aumentando o realismo das cenas, já que um ator as fez, e facilitando a vida os responsáveis pela animação, que pode usar o movimento dos atores para dar vida aos personagens, já que não precisará inventar a maneira de andar ou até mesmo os trejeitos.
Desde a trilogia “O Senhor dos Anéis” em que a personagem Gollum herdou os movimentos de Andy Serkis e a finalização de arte com os técnicos da empresa de Peter Jackson, a Weta Digital, discute-se na Academia se um ator que atuou para a captura de movimentos pode concorrer ao Oscar de Melhor Ator, afinal, houve atuação, mas a finalização não é do ator, e sim de um cara especializado em informática. Enfim, isso ainda renderá boas discussões até que se chegue a um veredito.
Tudo isso para falar que filmes com captura de movimentos são mais comuns a cada ano, e talvez tenha chegado ao seu ápice atual com “As Aventuras de Titntim – O Segredo do Licorne” (The Adventures of Tintin, 2011) filme dirigido por Steven Spielberg com produção executiva de Peter Jackson.
O filme é baseado em duas obras do repórter aventureiro Tintim, criado pelo cartunista belga Hergé – O Caranguejo das Tenazes de Ouro e O Segredo do Licorne. As peripécias de Tintim ganharam forma a partir dos relatos que Hergé tinha acesso na época em que trabalhava no jornal Le XXe Siècle e nas próprias viagens que fez por alguns países da Europa. Hergé conheceu Spielberg meses antes de falecer e expressou sua preferência que se Tintim fosse parar no cinema, que fosse pelas mãos de Spielberg.
Os anos se passaram e Spielberg diz ter esperado o momento certo para trazer à tela grande a personagem que é admirada e lida por várias pessoas ao redor do mundo. É aquela velha história de que ainda não havia disponível uma tecnologia que fosse capaz de traduzir o que ia na mente do diretor. Pelo visto, valeu mesmo esperar.
Aliado às excelentes atuações de Jamie Bell (Tintim), Andy Serkis (Capitão Haddock) e de Daniel Craig (Rackham) e a perfeição da pós-produção do pessoal da Weta Digital, o filme parece estar ligado no 220V desde o início! Quase não há momentos em que o espectador fique sem momentos grandiosos e de intensa ação para assistir. O 3D do filme funciona muito bem, oferecendo uma sensação de realismo como que inserindo a plateia na tela. É claro que algumas das melhores e mais divertidas cenas ficam por conta do cachorro e fiel amigo de Tintim, Milu, e possivelmente se na plateia houver muitas mulheres, você ouvirá alguns “ahhhh” nas cenas em que o fox terrier banco aparecer.
O filme é divertido, ágil e empolga a cada dez minutos, com sequências de tirar o fôlego. A parceria Spielberg-Jackson, dois apaixonados pela obre de Hergé, proporciona um dos melhores filmes das férias e que atende à todos os públicos.
Talvez você notará algumas cenas em que pensará – já vi isso antes! – e como não sou leitor das obras e me lembro vagamente dos desenhos que assistia na infância, não sei dizer se elas foram tiradas de alguns filmes ou se faziam parte das histórias originais. Mas você verá na abertura uma bonita sequência que lembrará Prenda-me se for Capaz, um encontro de navios que parece ter sido tirado de Piratas do Caribe – No Fim do Mundo, e uma perseguição de moto que lembra Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.
Tomara que a fraca arrecadação nos Estados Unidos – após um mês em cartaz, o filme chegou a US$72 milhões – não atrapalhe os planos de uma possível sequência, pois o restante do mundo está sabendo apreciar o filme mais divertido de Spielberg desde Jurassic Park. Se for conferir nos cinemas, prefira a exibição da Sala Imax (no Shopping Bourbon Pompéia, a única em São Paulo), fará toda a diferença!
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