terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Rio e os Estereótipos


Ao co-dirigir o primeiro A Era do Gelo, o brasileiro Carlos Saldanha chamou a atenção da Fox e do estúdio de animação Blue Sky por ter criado o personagem mais  emblemático da série, o esquilo Scrat. Também autor de efeitos visuais do filme Clube da Luta, na época que o estúdio fazia trabalhos de efeitos visuais, não demorou pra ele ser promovido a diretor de A Era do Gelo 2, e chegando ao ápice técnico e narrativo em A Era do Gelo 3D. Pois agora em 2011 ele pôde realizar seu sonho, e fazer um projeto todo seu, uma homenagem ao Brasil no longa metragem de animação Rio.

Mas tem muita gente aqui no mundo virtual questionando se o longa é benéfico ou depreciativo ao nosso país e talvez principalmente ao nosso orgulho próprio. Por questões óbvias o filme precisa mostrar certos estereótipos para deixar bem claro no imaginário do espectador se passa no Brasil, então pelo trailer podemos ver mulheres "popozudas" em biquinis, macacos que roubam coisas, Carnaval, samba, praia e até maracas (que nem tem tanto a ver com Brasil).

Mas a questão é se isto realmente é importante. Não acredito que o diretor tenha concebido um filme que faça uma imagem negativa do país. Pelo contrário! Esse lance de nos ofendermos com estereótipos talvez seja coisa de gente estereótipada. Em todo o mundo há povos estereótipados, mesmo no cinemão americano você os vê estereotipando certas regiões, e eles não se sentem ofendidos por isto, afinal faz parte da cultura de cada região. Nós realmente temos lindas mulheres de biquini, temos muitas praias incríveis e lotadas, temos macacos (e todo macaco é ladrão, ou melhor dizendo, curioso) assim como países da América do Norte têm ursos, temos samba de qualidade e de nem tanta qualidade, temos Carnaval, pássaros, alegria e acho que só não temos maracas. Enfim, isto faz parte de nossa cultura, e seria interessante aceitarmos ela, porque ela não vai se tornar uma cultura estadounidense só porque não queremos ser estereotipados de qualquer forma.

O filme em si tem tudo pra ser um sucesso. A dona da arara azul Blu (com voz de Jesse Eisenberg de A Rede Social) descobre que ele é uma espécie em extinção e resolve levá-lo de Minnesota para o Rio de Janeiro pra acasalar com Jewel (voz de Anne Hathaway de O Diabo Veste Prada), também de sua espécie. Mas atrapalhado, e sem saber voar, ele e Jewel partem para uma aventura de descoberta da cidade maravilhosa e deles mesmos. E há cenas engraçadas, divertidas e românticas de montão. E um dos pontos fortes é a trilha sonora instrumental assinada por John Powell, que tem assinado a trilha da maioria das animações dos últimos anos, mas com a ajuda de Sergio Mendes, que compôs até músicas de carnaval e chamou o amigo Will.i.am do Black Eyed Peas (que dubla um personagem no filme) pra cantar alguma coisa. Rodrigo Santoro dubla um ornitologista na versão original. O filme estreia no Brasil dia 8 de abril, logo depois no resto do mundo, mas o lançamento mundial, quando começam as divulgações mais intensas será em março no Rio de Janeiro. O filme foi produzido em assossiação com a Fox do Brasil e O2 Filmes de Fernando Meirelles.

5 comentários:

  1. Adorei a crítica! Concordo que temos que aceitar a nossa cultura, ela é parte do que somos. Chega de ficar procurando falhas em tudo que é brasileiro, a gente produz muita coisa maravilhosa, digna de ser exposta a todos!

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  2. Concordo com o Homem dos Dados e a Juliane. Essa coisa de estereótipo vem do "complexo de vira-lata" que alguns brasileiros ainda tem.

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  3. a visão de brasil é muito estereotipada... o tripé futebol, mulata, carnaval é o que mais tem lá fora...se tem gente que não se ofende por passarmos essa imagem e acha que isso é cultura é porque vamos combinar, está macomunado com o fútil, ou seja, o verdadeiro estereotipado acomodado...vlw

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  4. Tive um grande mal estar ao assistir o filme. Os vilões são negros e favelados.
    O menininho pobre é mostrado como uma vítima do sistema, mas os vilões crescidos não, eles são apenas maus! Em momento algum quem compra os animais é mostrado ou criticado. Aliás, a mocinha do filme é uma consumidora de animais silvestres, mas é um docinho.
    A coisa de que o filme mostra a realidade não cola. O núcleo do tráfico de animais silvestres está em favelas? Há tucanos no Rio? Achei horrível quando o guarda do aviário abandona o posto para pular carnaval. Reforça o estereótipo da malandragem e da ausência de responsabilidade mesmo do que são "do bem".
    E o que mais detestei foi a trilha sonora. O filme só se sustenta pelo incrível apelo visual e o excelente trabalho de animação.
    Roteiro fraco, filme superestimado por aqui apenas porque dá visibilidade ao Brasil e assim desrecalca o sentimento de inferioridade

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  5. É 100% esteriotipado e preconceituoso sim, como se todas as pessoas aqui só gostassem de samba e ficam ouvindo isso o dia inteiro e como se todo mundo aqui no Brasil fosse negro, nós somos uma nação diversa assim como o Canadá ou os EUA, não somos apenas negros.

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