O esmero com que o diretor constrói ao longo de duas horas, através de alguns pontos de vista distintos, diversas interpretações de mundo é extremamente instigante/frustrante. Instigante porque nos faz refletir sobre nossas próprias opções e possibilidades de lidar com o nosso mundo; frustrante porque não podemos gritar aos personagens, avisando quando eles estão tomando um caminho equivocado.
Vemos o “NERD” (vivido magistralmente por Jesse Eisenberg) que toma sob sua tutela criar algo grandioso, sem se importar, no início, com relação ao dinheiro. Por seus olhos o mundo é algo cinza, e somente quando cria algo se sente completo; Temos o amigo que enxerga uma oportunidade de lucrar junto a outro, o melhor dos panoramas, mas logo se sente na obrigação de mostrar ao mesmo a inocência de suas escolhas, tomando para si o poder de decidir; e ainda dois gêmeos que se sentem lesados e lutam de qualquer forma para recuperar algo que julgam ser deles.
David Fincher, com maestria, nos coloca diante do dilema dos dias atuais: ouvimos o que nos dizem ou o que queremos ouvir? Vemos o que as pessoas fazem ou somente aquilo que nos afeta? Você está realmente prestando atenção? Ironicamente, Mark cria uma ferramenta que busca facilitar a possibilidade das pessoas se conhecerem, mas acaba se afastando daquele que considerava seu (talvez único) amigo.
Um capítulo à parte, a trilha sonora faz o que se espera desse instrumento em um filme: ajuda o espectador a sentir melhor as emoções presentes em cada cena. Na cena dos créditos iniciais, quando Mark corre pela faculdade, a música nos convida a adentrar aquele mundo junto a ele, iniciando um processo de imersão que acompanha todo o filme.
Antes de assistir ao filme, eu já havia lido o livro Bilionários Por Acaso, que conta a mesma história (confira o post: http://ligadapoltrona.blogspot.com/2010/12/direto-da-prateleira-bilionarios-por.html). No livro, a minha sensação era a de isenção do autor, quanto a julgar quem é certo é quem é errado na história. Ele deixava claro que ocorreram erros de ambos os lados, e gerou em mim o seguinte questionamento: Quem somos nós para julgar? No filme, de forma sutil, o diretor dá sinais de ter sim pendido para um dos lados, mas não impõe essa opção à audiência. Para mim, o filme só destacou mais uma vez que o criador do Facebook teve suas falhas, sim, mas que ele (como todos nós) é vítima de um mundo em que a solidão física tenta afogar suas mágoas na abundância de amigos virtuais.
O polegar continua apontando para cima: ótimo filme, ótimo diretor, ótima discussão.
Pra mim um dos melhores filmes do ano, se não o melhor! Achei que ia dormir no cinema, mas muito pelo contrário, prendeu totalmente minha atenção. Direção, fotografia, atuações, roteiro, montagem e trilha sonora primorosos. Mas o único ponto fraco achei que é Andrew Garfield, que viveu Eduardo Saverin e viverá o novo Peter Parker, e que não tem a mesma energia dos outros atores e nem transmitiu todas as nuances do personagem, que acaba sendo praticamente o protagonista do final do filme.
ResponderExcluirOutra coisa interessante no filme é o fato dele estar recheado de novos atores que devem virar astros (há até uma piada sobre isso no meio do filme). Rooney Mara, que faz a namorada de Mark na abertura do filme será Lisbeth Salander na disputada adaptação hollywoodiana de "Homens que não amavam as mulheres", dirigida pelo próprio David Fincher. O próprio Andrew Garfield será o novo Spiderman. Brenda Song, que faz a namorada nipônica de Saverin é uma comediante da Disney, que dá seus primeiros passos em filmes de respeito. E temos Joseph Mazzello, que fez o garotinho de "Jurassic Park", e que agora está voltando a ativa, vivendo Moskovitz, amigo dos protagonistas que segue Mark até a Califórnia e se torna um dos sócios.
ResponderExcluirSem dúvida um dos melhores filmes do ano! Seja pela história contemporânea e pelas atuações de novos atores que mostram que não estão pra brincadeira! Se "A Rede Social" não levar o Oscar de Diretor, é provável que a Academia fique mais uma vez com fama de injusta! E se Jesse Eisenberg não levar o Oscar de melhor ator dessa vez, em breve ele ganha!
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