O filme O Turista é cercado de dúvidas e críticas negativas por todos os lados, e virou alvo de piadas do apresentador da premiação Globo de Ouro deste ano por suas duvidosas indicações a melhor filme, ator e atriz de comédia. Todo mundo ficou na dúvida sobre como classificar o filme, com razão, mas acho que o filme foi muito mal compreendido. Eu diria que o filme é algo como "se um filme do 007 fosse um conto de fadas onde você não sabe quem é James Bond".
O projeto inicial era um remake direto do filme francês Anthony Zimmer - A Caçada de 2005, estrelado pela bela Sophie Marceau (Coração Valente), mas estrelado por Charlize Theron e Tom Cruise sob a direção do indiano pouco expressivo Bharat Nalluri. Charlize Theron viu as complicações do projeto, e pulou fora, levando Cruise pra fora do barco junto, mas chamando a atenção de Angelina Jolie, que procurava um projeto parecido. No meio do caminho o nome de Sam Worthington (Avatar) foi escalado para o papel masculino, mas sem um diretor o filme ficou em suspenso. Foi Jolie quem organizou tudo novamente, ao convidar o diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, que havia acabado de receber um Oscar de melhor filme estrangeiro pelo seu filme sério A Vida dos Outros. Segundo o diretor foi impossível negar um convite de Angelina. O próximo convidado que não conseguiu dizer não para a atriz foi Johnny Depp, uma vez que ambos queriam trabalhar juntos.
Depp num momento definitivo com
pombos voando à la John Woo.
O roteiro de Christopher McQuarrie (Os Suspeitos e o vindouro novo Wolverine) foi lapidado por Florian para ficar um pouco mais do jeito que toda a equipe queria, ou seja um thriller de espionagem incomum, uma vez que o gênero foi banalizado por Hollywood com filmes sempre iguais. Não que o resultado tenha sido original, já que usa vários clichês do gênero, mas o tom de descomprometimento o torna uma comédia que parece se levar a sério. A trama começa com Elise (Angelina Jolie) sendo perseguida por agentes secretos, até que ela recebe uma carta em público e descobrimos que ela é a namorada de um cara procurado por "roubar" bilhões e dever outros milhões em impostos, mas que supostamente fez uma cirurgia plástica e está irreconhecível, portanto ela é a única pessoa com acesso a ele. O plano que ele sugere a ela na tal carta inicial é que ela faça com que pensem que um cara qualquer é ele. E é quando ela encontra o Turista vivido por Johnny Depp, e muitas confusões envolvendo um vilão digno de 007 acontecem.
O tom de 007 versão conto de fadas que disse no começo se refere a curiosa e romântica trilha sonora, aos poucos diálogos com ótimas frases de efeito da primeira parte do filme e principalmente a beleza real de Angelina em vestidos de princesa pensados pela genial figurinista Coleen Atwood (que está indicada ao Oscar deste ano por Alice no País das Maravilhas, mas já ganhou duas vezes) e obviamente ao cenário mais que romântico que é Veneza.
Os protagonistas se conhecem no trem
rumo a Veneza.
A verdade é que O Turista foi desde o começo um filme de estrelas, o chamado star system, e o produto final é exatamente um veículo para Angelina Jolie e Johnny Depp continuarem no estrelato. As câmeras dão closes em cima de closes nos atores, exaltando a beleza de Angelina, a cara de Jack Sparrow romântico de Johnny Depp e uma certa canastrice de ambos. Mas enxerguei tudo isso de forma positiva, vendo um diretor que sempre teve dificuldades se divertindo com uma trama mais branda e uma atriz que estava querendo brincar de princesa num gênero desgastado. Todo o material publitário e até mesmo o trailer já indicavam um filme leve sem cenas de ação (há apenas momentos levemente tensos) e com um espetáculo de beleza e simpatia de Angelina, que nós não cansamos de assistir nunca.
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