sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Direto da Telona: A Morte e Vida de Charlie

Para falar sobre A Morte e Vida de Charlie é preciso primeiro entender um pouco da carreira de seu protagonista, Zac Efron. Depois de estrelar com grande sucesso na tv os dois filmes musicais High School Musical, com selo Disney, o ator se viu um astro. O fechamento da saga musical custou 11 milhões de dólares e lucrou quase 100 milhões somente nos EUA, já que foi exibido nos cinemas. Seria então Zac Efron fonte de lucratividade? Seu teste veio ao protagonizar a comédia 17 Outra Vez, que apesar de ter se pagado com pequeno lucro não ajudou a transformar o ator num verdadeiro astro, já que as críticas foram duras com o filme e sua performance. E o ator não tem se ajudado, ao escolher mais este filme água-com-açúcar como plataforma de carreira.
Como comparação, a saga Crepúsculo rendeu centenas de milhões mundo afora, e ficou a dúvida sobre qual dos atores masculinos realmente rendiam bilheteria. O vampiro Robert Pattinson testou seu poder com filmes românticos e não mostrou qualquer resultado, e agora é a vez do lobisomem Taylor Lautner, que se testará no thriller de ação Abduction em setembro. Talvez Taylor tenha feito uma escolha acertada, ao não se colocar no papel de herói romântico, mostrando assim seu trabalho para um público muito maior.
A Morte e Vida de Charlie (um título bastante dúbio) é baseado no romance de Ben Sherwood de mesmo título que conta a história de Charlie Saint Cloud, um garoto de classe média baixa que tem a chance de, por ser um bom aluno e um campeão de competição de vela,  melhorar de vida ao ganhar uma bolsa de estudos para Stanford. Mas o destino é trágico, e ele e seu irmão mais novo sofrem um acidente de carro (numa cena bem inspirada). Seu irmãozinho morre, mas ele ao ser ressussitado pelo paramédico vivido por Ray Liotta ganha o estranho poder de conviver com os mortos. Como prometeu ao irmão que o treinaria para se tornar um campeão de beisebol, ele desiste de tudo para todas as tardes se encontrar com o espírito do caçula numa floresta. Cinco anos se passam (sem que você realmente perceba se não fosse o letreiro) e Charlie agora é o coveiro do cemitério, e considerado um maluco na cidade. Até que uma garota (a graciosa e desconhecida Amanda Crew) aparece pra colocar em análise a promessa que mantém mesmo a um fantasma.
O filme dirigido por Burr Steers (o mesmo de 17 Outra Vez) não tem surpresas, e tudo é conduzido dócilmente em banho-maria. Não há cenas divertidas ou engraçadas, apesar de alguns personagens secundários terem certa vocação para isso. E Kim Basinger (ganhadora de um Oscar por Los Angeles - Cidade Proibida) e Ray Liotta fazem participações para pagar a conta de luz. Mas os grandes problemas do filme estão na direção abobalhada, que faz cenas não combinarem, a trilha sonora meio aventuresca que não traz emoção onde deveria fazer o público chorar e o próprio Zac que não convence no papel de um pobre coitado que sofre por conversar com os mortos. Assim como Além da Vida, este filme não mostra e não precisa de regras sobre o mundo espírita, pois a mensagem não é sobre mortos, mas sim sobre como viver.
No final das contas o filme e a história não chega nem perto de tramas do escritor Nicholas Sparks (Um Amor para Recordar, Diário de uma Paixão, Querido John), que tenta emular, mas não chega a ser um fiasco completo e pode divertir quem não esteja buscando algo incrível. Mas o mais importante é que Zac Efron não tem o controle sobre sua carreira, pois mesmo sendo provado matematicamente que ele não vende muitos ingressos como herói romântico, seus próximos filmes são romances (zzzzz). Resta esperar que ele consiga um dos papéis na adaptação do anime japonês com muita ação Akira para nos provar o contrário. Ou não.

Um comentário:

  1. Caramba! Que crítica bem escrita! O filme realmente é fraco e não permite ao espectador expor emoções! A cena do acidente talvez seja a mais carregada de emoção. E para um filme que trata de sentimentos de perda e de continuar com a vida apesar de tudo, mexer com a emoção do público seria fundamental e essencial. Para assistir sem maiores compromissos ou expectativas.

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