quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Dublê do Diabo

O Festival de Cinema de Sundance é o maior festival de cinema independente dos EUA desde o final dos anos 70, e nos últimos anos vem abrindo cada vez mais as portas para produções internacionais. Também se tornou uma feira, onde os cineastas exibem seus filmes, concorrem a prêmios e tentam vendê-los a distribuidoras que acampam por lá em busca de trabalhos interessantes. Alguns filmes já chegam tão concorridos a ponto de terem de ser leiloados.

Provavelmente o filme mais emblemático do Festival no mês passado foi o polêmico e globalizado The Devil's Double (O Dublê do Diabo) dirigido pelo médio neozelandês Lee Tamahori. O diretor se destacou com O Amor e a Fúria, dirigiu a continuação de Beijos que Matam chamada Na Teia da AranhaTriplo X2, O Vidente com Nicolas Cage e 007 - Um Novo Dia para Morrer, mas agora tem tudo pra se mostrar um diretor que tem algo a mais para mostrar.

um dos momentos sádicos de Uday
O filme narra a história real de Latif Yahia, um tenente do exército iraquiano nos anos 80 de Saddam Hussein, que é obrigado, sob pena de ter toda a sua família morta, a ser um sósia do devasso, ganancioso e imoral Uday Hussein, filho de Saddam. E é conhecida estas histórias de sósias na família Hussein, já que Saddam costumava inaugurar obras em dois lugares ao mesmo tempo, e sua identidade ao ser capturado teve de ser comprovada via exame de DNA. O filme é baseado nos três livros de títulos singelos escritos posteriormente pelo próprio Latif, "Eu era Filho de Saddam", "O Dublê do Diabo" e "O Buraco Negro: A História Real do Homem que foi Forçado a se Transformar no Dublê do Filho Sádico de Saddam Hussein", e existe até um documentário de mesmo nome.
Dominic, Lee, Ludivine e Raad Ravi, que também está no filme

Uma das surpresas do filme é a elogiada atuação de um ator que eu não achava grande coisa. O inglês Dominic Cooper vive tanto Latif quanto Uday, chamou a atenção em Fazendo História e se destacou em filmes como Mamma Mia, A Duquesa Educação. Ainda neste ano ele aparece em Minha Semana com Marilyn como o fotógrafo favorito de Marilyn Monroe, que será vivida por Michelle Williams, e será o  jovem e visionário pai do próprio Homem de Ferro em Capitão América: O Primeiro Vingador.

O filme de produção belga (!) ainda conta com a bela francesa Ludivine Sagnier (Canções de Amor, Swimming Pool, 8 Mulheres e Uma Garota Dividida em Dois), será distribuído pela Lions Gate, mas ainda não tem data de estréia, já que ainda vai passar por outros festivais, obviamente a fim de aumentar seu prestígio.

Infelizmente neste momento o filme ainda não tem um trailer de divulgação, então vou colocar aqui um vídeo em francês com duas cenas do filme e rápidas e, pra mim indecifráveis, entrevistas com diretor e ator.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Super Bowl: o dia dos cinéfilos!

Noite de Domingo. Super Bowl XLV.

Green Bay Packers x Pittsburgh Steelers. Para quem gosta de esportes, um momento mágico. Milhões ao redor do mundo param para assistir a este jogo. Duas grandes defesas se enfrentando. Ótimos ataques dos dois lados. Foi um jogaço.

Mas para todos os cinéfilos nos quatro cantos do mundo, essa noite tem outro fator especial. É o minuto mais caro da TV mundial. Mas as empresas investem, por conta de tantos olhos grudados nas telinhas. E é aí também que o cinema amarra seu burro: trailers dos grandes lançamentos do ano surgem, em clipes de 30 segundos. E deixam os fãs em polvorosa.

Neste ano, dentre os trailers apresentados, quatro chamaram minha atenção:

1 - CAPITÃO AMÉRICA - O PRIMEIRO VINGADOR
A MARVEL, dando continuidade à preparação para o seu grande filme (VINGADORES), apresentou o primeiro vídeo para a produção que narra a história do primeiro dos vingadores. E este está muito interessante. O clipe está centrado ao projeto do supersoldado e a força que ganha o jovem Steve Rogers. Vislumbres do escudo, do uniforme e (o mais legal) do Caveira Vermelha realmente empolgam. Confira:



2 - THOR
Ainda na MARVEL, outro dos vingadores já tinha apresentado um trailer, mas esse comercial é extremamente empolgante. Sem falar que Natalie Portman já vale qualquer 30 segundos "God I hope you're not crazy"... Confira:



3 - SUPER 8
J.J. Abrams. Só isso já faz com que esse filme mereça ser conferido. Dizem que ele pretende homenagear alguns filmes de Spielberg com esse seu filme, onde garotos estão gravando um projeto próprio (daí o nome do filme), mas acabam se deparando com algo sinistro que foge de um trem, após um acidente deste. Estou curioso. E gostei do vídeo. Confira:



4 - TRANSFORMERS 3
Não sou grande fã dos filmes de Transformers. Acho que Michael Bay se perde demais como diretor. Mas devo confessar que gostei da propaganda. Dá mais atenção ao que é legal no filme: os robôs! Provavelmente o filme não será assim. Mas não custa acreditar um pouco. Confira:



Pois bem.
Tirem suas conclusões.
Comentem.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Games: Enslaved - Odyssey to the West

Quando O Senhor dos Anéis - As Duas Torres  estreou em 2002 causou um alvoroço a impressionante aparição da criatura Gollum/Sméagol. Totalmente digital, o personagem tinha vida além dos pixels, interagia com o elenco, era importante dentro da trama e era organicamente dramático e profundo. Mas o segredo era que ao contrário da rejeição de Jar Jar Binks em Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma, Gollum era interpretado por um ator real, que fazia todos os movimentos e voz com uma roupa especial para captura de movimentos, e somente na pós-produção se transformaria numa criatura digital. Andy Serkis era desconhecido até então, e passou a ser ventilado para uma polêmica indicação ao Oscar de ator coadjuvante que infelizmente não aconteceu, mas seu trabalho incrível de voz e corpo ainda não terminou. Logo depois ele fez os movimentos igualmente impressionantes do King Kong, e ajudou a revolucionar a arte da interpretação com animações em computação gráfica. Em breve o ator estará no novo Planeta dos Macacos e em As Aventuras de Tintim fazendo o mesmo trabalho.


O exemplo de seu trabalho e toda a teconologia envolvida chegou à nova geração de videogames, que para ganhar o máximo de realismo passou a produzir jogos onde atores reais interpretassem os personagens digitais previamente. Não demorou muito para que Andy Serkis fizesse sua parte nos videogames, e foi a pequena Ninja Theory quem o convidou para fazer uma participação como um dos vilões de um dos primeiros e mais belos jogos do PlayStation3, o God of War de saias Heavenly Sword de 2007.
Serkis e sua atuação mais famosa
Logo depois ele foi convidado para um projeto mais ambicioso pela própria Ninja Theory, o do primeiro longa-metragem de animação em computação gráfica feito na plataforma motora Unreal 3 (que é utilizada na maioria dos jogos de hoje em dia), mas o projeto acabou sendo recusado pelos estúdios, e acabou se tornando mesmo um jogo de videogame.


O roteiro de Alex Garland (Extermínio, Sunshine - Alerta Solar, A Praia, Não Me Abandone Jamais e o vindouro novo O Juiz) se baseia no romance mitológico e fantástico de Wu Chengen "Jornada ao Oeste", que conta a história do poderoso "Rei Macaco" que acompanha e protege o monge Tang Xuanzang em busca dos escritos sagrados do budismo. A história e os feitos do "Rei Macaco" são consideradas lendas na China até hoje, e muito respeitadas. A história inspirou diversos mangás e animes no oriente, entre eles Dragon Ball, que tem entre os personagens macaco e porco. Alex Garland, Tameem Antoniades e o próprio Andy Serkis levaram a lenda para a América num belíssimo futuro pós-apocalíptico dominado por máquinas e robôs, e tiraram algum exagero fantástico dos poderes do "Rei Macaco", para deixá-lo mais realista.


O jogo começa com o único personagem controlável Monkey (Andy Serkis) preso numa câmara em uma nave-prisão das máquinas (chamados de 'mechs'), mas a sua frente está presa Trip (Lindsey Shaw do seriado teen Guia de Sobrevivência Escolar do Ned aqui fazendo um trabalho impecável) que hackeia a porta da câmara, sai, hackeia um computador de bordo próximo e foge deixando a nave se explodindo. Interessado nas motivações da moça, Monkey a persegue na nave num tutorial interessante que já revela as fraquezas do jogo em relação a resposta de movimentos. Quando finalmente a alcança ela já está numa cápsula de fuga, mas mesmo com ele pendurado do lado de fora, ela aperta o eject. Eles sobrevivem, mas quando Monkey acorda está usando uma bandana-coroa usada pelos guardas como forma de escravidão. Foi Trip quem hackeou e colocou nele para obrigá-lo a acompanhá-la e protegê-la até sua casa ao oeste, uma vila de humanos que tentam se manter livres das máquinas. As regras são simples, se ela morre, ele morre, e eles não podem se afastar muito. Aí já temos uma boa idéia de como será o jogo. São movimentos de le parkour ao estilo Prince of Persia, escaladas como em Uncharted, tiroteios de raios, armadilhas, quebra-cabeças melhores que os de God of War 3 e batalhas corpo-a-corpo simplórias, mas tudo isso com um bom sistema de melhorias.
Monkey e sua "nuvem"


Num mundo pós-pós-apocalíptico todo verde e com muita ferrugem, o jogo se destacou em 2010 pelo visual incrível e por colocar nos personagens um peso importante, dando a eles um desenvolvimento dramático excelente que fará os jogadores defendê-los carinhosamente. A lenda original dizia que o "Rei Macaco" podia voar montado em nuvens e névoas, e no jogo Monkey tem uma prancha tecnológica que ele chama de "nuvem" e traz algumas fases interessantes muito bem executadas. E Trip vai se revelando cada vez mais alguém mais forte do que parece, e é o centro de uma surpresa emocionante ao finalmente chegarem ao oeste. E Andy Serkis em pessoa aparece em alucinações que Monkey "coleciona" ao longo do jogo. Assim os problemas pontuais de câmera, resposta de movimentos lentos do parrudo Monkey e principalmente a queda de frames e distorções na imagem acabam sendo relevados por causa de como esta história vai sendo contada. Aliás acredito que o fato do jogo ter sido feito para o PS3 e X360 tenha causado estes problemas na imagem, já que um aparelho não é capaz de fazer o que o outro faz, e o jogo exagera nas cores, luzes e detalhes.
Pigsy


Num certo momento do jogo o personagem porco da lenda original finalmente aparece, é o bizarro aliado Pigsy, que vive num grande ferro velho cheio de armadilhas contra os 'mechs' e sofrendo com a solidão em que vive acaba tendo um interesse amoroso não correspondido por Trip, e tem várias cenas que variam de hilárias e cruéis até o fim do jogo. O jogo ganhou no final do ano passado um pacote de expansão para download pago chamado "Pigsy Perfect 10", onde você controla Pigsy, que é muito mais estratégico e lento que o grandalhão e brutal Monkey, numa jornada pela companheira robótica perfeita.


A Ninja Theory mostrou que tem talento para jogos que devem ser cada vez melhores, o que justifica sua contratação pela Capcom para renovar a série Devil May Cry, e já causou barulho com o novo visual do personagem principal Dante, mas agradou com as possibilidades de jogabilidade. É esperar pra ver.