sábado, 22 de janeiro de 2011

Teatro: Cuidado com as Loucas

Em 1973 o ator e cenógrafo francês Jean Poiret montou uma peça chamada La Cage aux Folles, que com muito sucesso virou um filme em 1978. O filme conquistou o mundo, ganhou o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e 3 indicações ao Oscar e ficou conhecido por aqui como A Gaiola das Loucas. O sucesso do filme francês rendeu duas continuações que não fizeram o mesmo sucesso, mas em 1983 a história ganhou uma versão musical na Broadway, e arrebatou naquele ano os principais prêmios Tony, o Oscar do teatro estadounidense. E em 1996, o diretor Mike Nichols gravou uma versão hollywoodiana um pouco mais contemporânea e contida estrelada por Robin Williams, Gene Hackman e Nathan Lane.

É baseado nesta versão da Broadway que o ator, escritor e dramaturgo Miguel Falabella trouxe para o Brasil A Gaiola das Loucas, mas totalmente em português e numa super produção que estreou primeiro no Rio de Janeiro, e está atualmente em cartaz no Teatro Bradesco em São Paulo. A primeira coisa que se pensa é que um ator e autor global tem todos os ingredientes para destruir a obra original que ganhou vários prêmios, ou para levar o humor para uma classe Zorra Total, mas não é o que acontece. Miguel tem uma grande experiência em teatro e adaptações musicais ao trazer para cá obras grandiosas como Rocky Horror Show, Os Produtores e Hairspray, sempre com ótimas cotações.

A trama mostra a chegada de um rapaz criado por um casal homossexual dono do cabaré "Gaiola das Loucas" em Saint Tropez, que precisa apresentar sua família para a noiva e seus conservadores pais, e como o pai da noiva é um poderoso político homofóbico que pretende varrer os cabarés da região, a única saída é que seus pais finjam ser heterossexuais e conservadores.

A versão de Miguel Falabella tem 3 horas de duração (com intervalo) e números musicais vibrantes, animados e muito bem ensaiados, mas ganha os melhores momentos justamente onde poderiam ser sua fraqueza, nas cenas puramente teatrais, ou seja, sem cantoria. Miguel interpreta o pai Georges a seu modo, repetindo gags de Caco Antíbes levando o público a gargalhar muito, mas sem se perder na trama, e chamou o amigo Diogo Vilela para viver o dífícil papel (que ele desempenha de forma surpreendente) do afetado Albin (que se apresenta no cabaré como Zazá). A sintonia dos dois está incrível, e com a adição do ator Jorge Maya (com vozeirão de Maria Alcina) como o afetadíssimo mordomo Jacó, o timing de comédia deixa o público sem fôlego.


Ao tratar o tema do preconceito numa comédia musical, a moral da história poderia ficar perdida ao final do espetáculo, mas tudo é tratado despudoradamente ao longo de toda a trama, o que facilita a quebra de preconceitos, pois acompanhamos o cotidiano de uma família dona de um cabaré onde a figura materna é um homem travestido, e nos divertimos com isso! E sempre vale a pena rir, mesmo que seja daquilo que não conhecemos e precisamos aprender.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Direto da Telona: A Morte e Vida de Charlie

Para falar sobre A Morte e Vida de Charlie é preciso primeiro entender um pouco da carreira de seu protagonista, Zac Efron. Depois de estrelar com grande sucesso na tv os dois filmes musicais High School Musical, com selo Disney, o ator se viu um astro. O fechamento da saga musical custou 11 milhões de dólares e lucrou quase 100 milhões somente nos EUA, já que foi exibido nos cinemas. Seria então Zac Efron fonte de lucratividade? Seu teste veio ao protagonizar a comédia 17 Outra Vez, que apesar de ter se pagado com pequeno lucro não ajudou a transformar o ator num verdadeiro astro, já que as críticas foram duras com o filme e sua performance. E o ator não tem se ajudado, ao escolher mais este filme água-com-açúcar como plataforma de carreira.
Como comparação, a saga Crepúsculo rendeu centenas de milhões mundo afora, e ficou a dúvida sobre qual dos atores masculinos realmente rendiam bilheteria. O vampiro Robert Pattinson testou seu poder com filmes românticos e não mostrou qualquer resultado, e agora é a vez do lobisomem Taylor Lautner, que se testará no thriller de ação Abduction em setembro. Talvez Taylor tenha feito uma escolha acertada, ao não se colocar no papel de herói romântico, mostrando assim seu trabalho para um público muito maior.
A Morte e Vida de Charlie (um título bastante dúbio) é baseado no romance de Ben Sherwood de mesmo título que conta a história de Charlie Saint Cloud, um garoto de classe média baixa que tem a chance de, por ser um bom aluno e um campeão de competição de vela,  melhorar de vida ao ganhar uma bolsa de estudos para Stanford. Mas o destino é trágico, e ele e seu irmão mais novo sofrem um acidente de carro (numa cena bem inspirada). Seu irmãozinho morre, mas ele ao ser ressussitado pelo paramédico vivido por Ray Liotta ganha o estranho poder de conviver com os mortos. Como prometeu ao irmão que o treinaria para se tornar um campeão de beisebol, ele desiste de tudo para todas as tardes se encontrar com o espírito do caçula numa floresta. Cinco anos se passam (sem que você realmente perceba se não fosse o letreiro) e Charlie agora é o coveiro do cemitério, e considerado um maluco na cidade. Até que uma garota (a graciosa e desconhecida Amanda Crew) aparece pra colocar em análise a promessa que mantém mesmo a um fantasma.
O filme dirigido por Burr Steers (o mesmo de 17 Outra Vez) não tem surpresas, e tudo é conduzido dócilmente em banho-maria. Não há cenas divertidas ou engraçadas, apesar de alguns personagens secundários terem certa vocação para isso. E Kim Basinger (ganhadora de um Oscar por Los Angeles - Cidade Proibida) e Ray Liotta fazem participações para pagar a conta de luz. Mas os grandes problemas do filme estão na direção abobalhada, que faz cenas não combinarem, a trilha sonora meio aventuresca que não traz emoção onde deveria fazer o público chorar e o próprio Zac que não convence no papel de um pobre coitado que sofre por conversar com os mortos. Assim como Além da Vida, este filme não mostra e não precisa de regras sobre o mundo espírita, pois a mensagem não é sobre mortos, mas sim sobre como viver.
No final das contas o filme e a história não chega nem perto de tramas do escritor Nicholas Sparks (Um Amor para Recordar, Diário de uma Paixão, Querido John), que tenta emular, mas não chega a ser um fiasco completo e pode divertir quem não esteja buscando algo incrível. Mas o mais importante é que Zac Efron não tem o controle sobre sua carreira, pois mesmo sendo provado matematicamente que ele não vende muitos ingressos como herói romântico, seus próximos filmes são romances (zzzzz). Resta esperar que ele consiga um dos papéis na adaptação do anime japonês com muita ação Akira para nos provar o contrário. Ou não.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Band of Brothers: Currahee e Day of Days

A Segunda Guerra Mundial é um dos temas mais retratados em filmes para o cinema e TV. Depois do grande evento que foi O Resgate do Soldado Ryan, os filmes de guerra passaram a trazer uma realidade espantosa para a tela afim de retratar esse período da história.

Particularmente, filmes sobre a Segunda Guerra Mundial sempre me prenderam a atenção. Gosto de saber os detalhes que fizeram desse momento o mais importante de toda civilização. Na minha opinião, nenhum tiro seria dado ou uma vida sequer seria perdida por motivo algum, ainda mais em se tratando de questões de poder em que os maiores prejudicados é a população dos países envolvidos. Guerra é cruel, devastadora tanto para vencidos como para vencedores!

Band of Brothers, minissérie de 2001 da HBO produzida por Steven Spíelberg e Tom Hanks e  a mais cara produção para a TV já realizada - US$ 120 milhões - me fez varar uma noite para assistir seus 10 episódios de uma vez. Não dava pra parar de assistir! E não ficou apenas nessa vez. Já assisti a serie completa pelo menos 5 vezes!

A série acompanha a história da Easy Company, do 506º Regimento de Infantaria Paraquedista do Exército Americano , 101ª Divisão Aerotransportada. Foi a primeira vez na história que esse recurso foi utilizado. O objetivo dos paraquedistas, era descer atrás das linhas inimigas e neutralizar canhões e metralhadoras que estivessem apontadas para as praias da Normandia, por onde chegariam as tropas aliadas para invadir a França ocupada pelos nazistas e começar o processo de libertação da Europa. Foi a maior invasão por mar já registrada! Mais de 1 milhão de pessoas envolvidas na Operação conhecida como Dia D.

O primeiro episódio da série chama-se Currahee e começa no dia 4 de junho de 1944, que seria o dia da invasão mas foi adiado em função do mal tempo sobre o Canal da Mancha. Somos então levados ao Campo de Treinamento em Taccoa, Geórgia, onde 2 anos antes, esses homens se voluntariaram para o mais pesado treinamento que o Exército podia oferecer. São apresentados as principais personagens que irão nos acompanhar ao longo dessa longa trajetória.

Tenente Dick Winters (Damian Lewis)
O episódio gira em torno do Capitão Sobel (David Schwimmer) e do Tenente Richard Dick Winters (Damian Lewis). Sobel é durão, exigente que impõe aos soldados um treinamento pesado com exercícios físicos puxados, como correr até o topo da montanha Currahee, que dá título ao episódio. O Tenente Dick Winters é mais flexível e humano, exigindo eficiência de seus homens, mas sem esquecer que são voluntários para o pior trabalho da época! Outra grande diferença entre os dois é que Dick é estrategista, tem visão do campo de batalha e Sobel é inseguro e não tem noção de direção em campo, fundamental para a sobrevivência de seus homens e dele mesmo.

Capitão Sobel (David Schwimmer)
Durante essa disputa, vemos crescer a amizade e o companheirismo entre esses homens que lutarão e enfrentarão a morte todos os dias a partir do momento que pisarem em solo Francês.
O episódio termina com uma marcante trilha sonora e vemos o esmero da equipe ao utilizar recursos da época de maneira primorosa, como os aviões C-47 utilizados na cena. São reais, e estiveram na guerra!!!

No segundo episódio, chamado Day of Days, e fica claro o motivo desse nome, vemos a Easy Company descendo na madrugada do dia 6 de junho de 1944 atrás das linhas inimigas. Os que viveram os eventos desse dia, dizem que esse é o dia mais longo de toda a história! Depois de saltarem sob forte ataque anti-aéreo, ainda tiveram que enfrentar a dificuldade de estarem espalhados por todo o canto, uma vez que não foi possível saltar exatamente nos locais previamente marcados. Nesse episódio, o Tenente Winters recebe uma complicada missão de neutralizar canhões que estão atacando os soldados que chegavam pela praia nos veículos anfíbios.

Em um momento desse segundo episódio, também somos apresentados a estupidez da guerra que separa as pessoas. Esses jovens de 20 e poucos anos que agora matam seus semelhantes e colocam a amizade e as afinidades de lado, porque alguém definiu que agora eles são inimigos.

Enfim, ao assistir a esses dois primeiros episódios somos envolvidos por essa trama e por mais que estamos assistindo a uma reprodução do que de fato aconteceu, ajuda a compreender esse momento da história da humanidade, em que alguns se sacrificaram para que, paradoxalmente, a guerra trouxesse a paz!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Que as Luzes do espectro iluminem o Lanterna Verde!


Todo leitor de HQs de super-heróis sabe que existem, basicamente dois universos: o da "casa das idéias" MARVEL e o da DC. No caso da DC, uma enchurrada de bons personagens sempre foram marginalizados pela trindade Batman, Superman e Wonder Woman. Não que eu não goste das histórias de dois destes três citados, mas outros dois coadjuvantes da Liga da Justiça sempre me interessaram mais: Flash e Lanterna Verde. O segundo, que tem sua transposição para o cinema acontecendo em 2011, é o motivo deste post.

O Lanterna Verde surgiu em 1940, criação de Martin Nodell e Bill Finger. Essa primeira versão tinha uma história um pouco diferente da que conhecemos, tendo Alan Scott, um funcionário dos metrôs, encontrado uma Lanterna Verde e, orientado por uma voz emitida por ela, construiu um anel que precisava ser recarregado a cada 24 horas na Lanterna, e enfrentar o mal. Nada de Tropa estelar ou combates espaciais.

Depois, já na década de 60, surge o maior (e, para mim, único) Lanterna Verde: Hal Jordan. Agora a história já contava com os Guardiões do Universo, criadores dos anéis do poder (não, esses não foram feitos pelo Sauron, rs) é com a Tropa dos Lanternas Verdes, formada por seres de diversos Planetas reponsáveis por determinados setores do Universo. Os anéis ainda precisam ser recarregados, mas tem grande controle sobre quase todos os objetos e tem seu poder limitado somente pela imaginação de seu mestre.

Existem outros Lanternas Verdes que ficaram responsáveis pelo setor da Terra (Guy Gardner, John Stewart, Kyle Rayner), mas Hal Jordan é o grande Gladiador Esmeralda. Um piloto de testes que tinha as características que o anel procurou após se desligar de Abin-Sur, morto quado sua nave caiu na Terra: uma pessoa honrada e sem medo. É o único herói da DC que eu já vi peitar o Batman.

Bom, um post não seria o bastante para contar todas as reviravoltas e nuances da história deste herói, entretanto, nos últimos tempos ele voltou aos topos, e levou a DC para o topo de vendas nos EUA com a série Blackest Night, que vem sendo publicada no Brasil com o título A Noite Mais Densa. A trama, criada pelo brilhante Geoff Johns, traz à luz novos anéis do poder, originários de outras cores do espectro e a batalha entre os mesmos. Material de primeira. E todo esse sucesso só poderia terminar em filme.

Tendo gostado sempre do herói, criei grande expectativa e, devo dizer, que os trailers e suas artes conceituais me impressionaram... mas negativamente. Eu, que defendi tanto a escolha de Martin Campbell (diretor da nova versão de Cassino Royale, que eu adoro) e Ryan Reynolds (o próprio Hal Jordan), não gostei muito da ideia que o trailer dá quanto à personalidade do piloto. Aparecem muitas cenas "engraçadinhas", características de Kyle Rayner e não de Hal. Os efeitos também parecem um pouco toscos. Talvez, na tela do cinema, que é o local aonde este dever ser visto, fique melhor, mas... fico com um pé atrás por enquanto.

Assista ao trailer abaixo e tire suas próprias conclusões. Comente no post e esperemos juntos por mais este grande lançamento em 2011. Espero poder escrever o comentário sobre o filme, daqui há alguns meses, e ter que dizer o famoso "my mistake"... Por enquanto, fiquem com o juramento de um Lanterna Verde, no original em inglês, e vejam como eles são muito mais importantes do que qualquer filho de Kripton...

“In brightest day, in blackest night, no evil shall escape my sight!

Let those who worship evil's might, beware my power…GREEN LANTERN'S LIGHT!!”


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eles têm um plano!



Battlestar Galactica.

Até pouco tempo era só o nome de um seriado que eu ouvira ou lera em algum lugar. Hoje sei que sua história começou longe, ainda em 1978, quando sua primeira versão foi ao ar para logo ser cancelada, ao final de sua primeira temporada. A ideia inovadora angariou fãs, mas os números não a garantiram. Em 1980, ano em que nasci, houve uma nova tentativa frustrada. Entretanto, em 2003, Ronald D. Moore conseguiu emplacar sua releitura da série. Começou como minissérie, sendo continuada por mais quatro temporadas, acabando em 2009.

Como nunca fui grande fã de filmes de naves espaciais, pedi emprestado ao meu companheiro de Liga, Sérgio, a primeira temporada. E, contra todas minhas expectativas, fui convertido a fã da série em poucos episódios. BSG conta a história de um embate milenar entre duas civilizações, a humana e a Cylon (cilônia, na tradução). Os Cylons foram criados pelos humanos, mas evoluiram ao ponto de se rebelarem contra seus criadores. Em um ataque surpresa dizimam as doze colônias da raça humana, sobrando por volta de cinquenta mil pessoas espalhadas em algumas naves sob a tutela de Bill Adama e Laura Roslin. Seu novo objetivo, procurar um lugar que possam novamente chamar de casa (e fugir das investidas dos Cylons).



A partir desse enredo, os roteiristas abordam ao longo dos episódios todas as implicações oriundas de uma micro-civilização em formação: quem manda? Quem julga? Quem obedece? Direitos civis, atentados, honra, fidelidade, respeito, preconceito, religião, são alguns dos vários assuntos abordados, fugindo do lugar comum que seriam apenas batalhas infindáveis (qualquer semelhança com a era Bush NÃO parece ser mera coincidência). Não que não haja ação. O seriado é tenso e voraz, algo ressaltado pela brilhante edição dos episódios. O caráter claustrofóbico gerado pelo interior das naves leva a audiência a se segurar na poltrona até o último minuto do último episódio, quando podemos respirar em paz novamente. A fotografia está sempre no tom certo de cada episódio e o roteiro, por vezes sombrio, é intrincado e desafiador, mas muito bem desenvolvido.

Durante a temporada final de BSG aconteceu uma greve dos roteiristas nos EUA, fato que acabou dividindo essa última parte em dois blocos. A impressão que dá é que isso fez com que eles corressem um pouco com a história no final, para explicar tudo. Gostei de como a série foi finalizada. Lendo na Internet, percebi que o último episódio gerou um pouco de controvérsia. Talvez tenham sido um pouco didáticos demais, já que muito do que transformaram em diálogos já ficara subentendido ao longo da série. Dividido em três partes, o episódio explica tudo, com algumas insinuações interessantes e um final instigante!

Hoje sou o proprietário de uma caixa de colecionador com todas as temporadas da série e afirmo que este é um dos melhores seriados a que já assisti. Embarque na astronave de batalha GALACTICA e viva essa viagem espacial. O prêmio, um lugar que você possa chamar de casa!

SO SAY WE ALL!





segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Globo de Ouro pela Liga

A Liga da Poltrona também fica ligada no Globo de Ouro 2011, onde a Imprensa Estrangeira premia os filmes e programas dramáticos da tv americana exibidos durante o ano de 2010. Todo ano se discute a real importância e relevância de prêmios como este, então eles têm tentado variar ao máximo seus indicados, ou seja, são filmes que custaram muito e que custaram pouco, atores bonitos e famosos e atores feios e desconhecidos.

Na noite deste domingo o canal TNT exibiu com tradução simultânea a 68ª festa com as premiações, apresentado pelo ator inglês Ricky Gervais que fez várias piadas constrangedoras, marcando bem sua marca que é o humor britânico muito específico, e deixando bem claro porque ele ainda não fez sucesso em Hollywood.

A noite começou com a premiação de Christian Bale (O Cavaleiro das Trevas) por ator coadjuvante num filme como um viciado em drogas macérrimo que treina o irmão pra ser um campeão pugilista no filme de David O. Russell O Vencedor, que estréia por aqui dia 28 de janeiro.

Katey Sagal
Em seguida veio a surpreendente premiação de melhor atriz por uma série de tv dramática para Katey Sagal em Sons of Anarchy, que fala sobre um grupo de motoqueiros, mas a atriz é mais conhecida como a Peggy Bundy de Married with Children/ Um amor de família e como a noiva de Locke em Lost.

As premiações continuaram surpreendendo ao filme de 5 horas, depois transformado em minissérie do Sundance Channel Carlos tirar o prêmio de Melhor Minissérie ou Telefilme de The Pacific, que era considerado o vencedor prévio. Carlos conta a história romanceada do terrorista Carlos Chacal é dirigido por um francês e tem um protagonista que assim como o personagem é venezuelano, e já passou pelo Brasil nas Mostras do Rio e SP.

E não parou de surpreender ao dar a Chris Colfer o prêmio de melhor ator coadjuvante numa série, minissérie ou filme de tv pelo seu Kurt na série cult Glee, que por aqui é exibido pela Fox. No discurso ele falou sobre a importância de discutir sobre o bullying, tema central da série.

Os prêmios pararam de surpreender um pouco para ficarem óbvios, mas merecedores. E Ricky Gervais chamou Bruce Willis de "pai de Ashton Kutcher" e Robert Downey Jr de "mais conhecido como o cara que se internou em diversas clínicas de desintoxicação".

O eterno coadjuvante de filmes (muitos deles do Adam Sandler!) Steve Buscemi finalmente ganhou um merecido prêmio de melhor ator por série dramática ao mostrar todo seu talento na série da HBO Boardwalk Empire, que teve primeiro episódio dirigido por Martin Scorcese.
Obviamente a melhor série dramática ficou para Boardwalk Empire, que fala sobre a lei seca nos EUA e suas consequências na máfia de Atlantic City, e mostra discretamente a ascensão de Al Capone. Os outros favoritos eram Mad Men, que mostra a ascensão da publicidade americana nos anos 50, e The Walking Dead, a badalada adaptação de uma HQ que fala de um apocalipse zumbi.

A melhor canção num filme ficou para "You Haven't Seen The Last of Me", interpretada por Cher no musical Burlesque, que é co-estrelado por Christina Aguilera. O filme estréia por aqui em 11 de fevereiro.
A melhor trilha sonora ficou com a interessante trilha colaborativa do Trent Reznor, vocalista da banda Nine Inch Nails com o maestro Atticus Ross para A Rede Social.

Andrew Garfield que fez o brasileiro de A Rede Social e será o novo Peter Parker se engasgou totalmente com as palavras ao apresentar o clipe de seu filme, só me provando que ele ainda não está preparado pra ser um astro. E Justin Bieber subiu ao palco pra apresentar o prêmio de melhor animação.
Claro que o prêmio de animação ficou com Toy Story 3, mesmo com excelentes animações este ano. Mas a verdade é que o filme está entre um dos melhores filmes de qualquer tipo de 2010, e deve ganhar uma indicação ao Oscar como melhor filme, mesmo que a Academia não indique 10 filmes, como fez no ano passado.

Annette Bening
A melhor atriz por filme musical ou comédia ficou para a maravilhosa Annette Bening pelo filme independente Minhas mães e meu pai, que é co-estrelado pela outra maravilhosa Julianne Moore. O filme, que mostra um casal de lésbicas que precisa lidar com o pai biológico de seus filhos já passou por aqui sem alarde, mas é um dos melhores do ano.

Al Pacino levou o prêmio de melhor ator por filme ou minissérie de tv pelo filme da HBO You Don't Know Jack, que é exibido pelo canal e mostra a história do Doutor Morte, que ajudava pacientes à beira da morte a morrer.

Continuando os prêmios previamente conhecidos, Claire Danes (Romeu e Julieta) levou como Melhor atriz de minissérie ou filme pra tv pelo filme também da HBO, também baseado em história real, Temple Grandin. O filme está sendo exibido pelo canal no Brasil.

Melhor Roteiro ficou para A Rede Social por Aaron Sorkin, conhecido pelos roteiros de Questão de Honra e da série The West Wing.

A melhor atriz coadjuvante por série, minissérie ou filme para tv é Jane Lynch, a Sue Sylvester de Glee, que era pra ser uma personagem temporária na série, mas conquistou todos. Agora a missão é não deixar a personagem cair na mesmisse.

O melhor filme estrangeiro ficou para Em um Mundo Melhor, da Dinamarca, dirigido por Susanne Bier que já fez sucesso por Brothers (que ganhou uma versão americana), Depois do Casamento e seu primeiro filme americano Coisas que Perdemos pelo Caminho com Halle Berry. O filme venceu do mexicano Biutiful com Javier Bardem, e do francês O Concerto, em cartaz no Brasil.

A atriz Laura Linney venceu como melhor atriz por série de comédia por The Big C, que estreou neste domingo na HBO, e mostra uma professora pacata que ao descobrir ter câncer resolve viver a vida de melhor maneira.

Jim Parsons com seu prêmio
E Jim Parsons ganhou por seu hilário e falastrão Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, na categoria melhor ator por série de comédia. Ele já havia ganhado o Emmy, e é o grande ator da série.
A melhor atriz coadjuvante de cinema foi Melissa Leo por O Vencedor, onde ela interpreta a mãe dos protagonistas. Ela já havia sido indicada na categoria principal pelo filme Rio Congelado, mas ainda é considerada uma desconhecida atriz veterana.

Na reta final das premiações nem há tempo para piadas, já que o tempo é curto e caro na tv. Mas estes prêmios seguiram uma tendência, e foram merecedoras.

O melhor diretor de cinema foi o antes-tarde-do-que-nunca David Fincher, por seu extraordinário trabalho em A Rede Social. O filme tinha tudo pra ser chato, mas prende sua atenção de forma jovial, como deveria ser, mas sem parecer um videoclipe. O diretor fazia videoclipes, como o polêmico "Like a Prayer" da Madonna, e estreou no cinema com o complicado, porém hoje cult Alien 3, passou por trabalhos hoje considerados cult como Clube da Luta (que está no meu top 3) e fez muito sucesso comercialmente com O Estranho Caso de Benjamin Button.

A melhor série de comédia é Glee segundo a Imprensa Estrangeira, mas há que vá discordar. Acho que seu grande concorrente era Modern Family, já que 30 Rock já teve seu auge. Mas Glee, apesar de estar sendo acusada de ter mais músicas que história, causa maiores discussões sociais como bullying, racismo, homofobia,  aceitação sexual, e outros de forma positiva, além de ter uma produção requintada.

O melhor Ator por filme comédia ou musical ficou para Paul Giamatti em Minha Versão para o Amor, que deve estrear por aqui no dia 21 de janeiro. Seu grande concorrente era Johnny Depp por duas interpretações que não foram bem aceitas em Alice no País das Maravilhas e O Turista. E Kevin Spacey foi elogiado em Casino Jack, mas pelo filme falar sobre lobby foi ignorado.

Natalie Portman ganhou um grande prêmio pela primeira vez, pra começar bem o ano que é dela, como pode ver no nosso post aqui. Em Cisne Negro ela interpreta uma bailarina perturbada com a fama. Ela já era considerada vencedora na categoria e o filme estréia por aqui dia 4 de fevereiro.
Colin Firth

O melhor filme musical ou comédia é Minhas mães e meu pai, considerado o melhor da categoria. O filme independente (ou seja, custou pouco e foi difícil de filmar) toca em assuntos delicados de maneira séria e ao mesmo tempo bem humorada e natural, tem um ótimo elenco e não teve grande divulgação. É o Pequena Miss Sunshine que ninguém viu.

O melhor ator por um filme dramático foi Colin Firth por O Discurso do Rei, que estréia por aqui dia 11 de fevereiro. De certa forma o prêmio é uma consolação por não ter ganho no ano passado por seu excelente trabalho em Direito de Amar. O filme co-estrelado por Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter é considerado um dos melhores do ano, e conta a história da ascensão do Rei George VI.

Os amigos de A Rede Social
O melhor filme dramático do ano foi A Rede Social, e pra mim e pra Liga não havia dúvidas como pode ver no nosso post aqui. Seu grande concorrente era O Discurso do Rei, apesar de muita gente ter torcido por Cisne Negro e A Origem. Mas cinematograficamente falando, venceu o mais completo, já que os outros têm muitas qualidades, mas se encaixam em nichos específicos de indies, filmes de ator e comerciais.


Como o prêmio é considerado um 'esquenta' pro Oscar, provavelmente os vencedores serão bem parecidos. Mas como não há divisão entre comédia e drama nos prêmios da Academia, os prêmios ficarão um pouco mais disputados para ator, atriz e filme. De uma maneira geral, a noite do Globo de Ouro foi positiva na opinião da Liga.