sábado, 1 de janeiro de 2011

Um 2011 de Encontros e Desencontros...


Você já esteve em algum lugar em que se sentia deixado de lado, esquecido? Não teria sido legal encontrar alguém para dividir isso e tentar escapar dessa situação? Encontros e Desencontros (2003) narra a história de Charlotte e Bob Harris, que se encontram no Japão e criam uma ligação forte no vazio em que suas vidas se encontram. Com atuações sublimes da bela Scarlett Johansson e do grande Bill Murray, a diretora e roteirista Sofia Coppola nos coloca diante de um filme que acredito seja uma boa reflexão para um novo ano que começa.

Todos nos vemos, em algum momento (ou vários, rs) da vida, procurando o "nosso lugar"... E é isso que Charlotte (Johansson) busca, ao mesmo tempo em que se sente negligenciada por seu marido, um fotógrafo vivido por Giovanni Ribisi. Bob Harris (Murray) é um ator que tolera o que sua vida se tornou e encontra em uma propaganda em Tóquio a possibilidade de afastar-se daquilo em que seu casamento se transformou. Juntos, os dois encarnam o papel do estrangeiro que busca encaixar-se em uma cultura a que não pertence. E o Japão se torna o local ideal para essa "luta".

Sofia Coppola mostra maestria para contar uma história simples. Utiliza-se até do fuso horário - e a consequente insônia - como pretexto para que os dois se encontrem em seu hotel. De forma sutil a diretora analisa a forma impessoal com que o mundo globalizado de hoje funciona. Somos iguais nas diferenças e diferentes na tentativa de nos igualarmos. A simplicidade dos diálogos e os sorrisos trocados entre Charlotte e Bob trazem um tom singelo e verdadeiro à amizade dos dois.

Nesse ano que se inicia, dê uma chance ao filme e reflita, pois a vida é, na verdade, uma grande sequência de encontros e desencontros. A felicidade, mesmo que a curto prazo, se encontra nos pequenos detalhes. Saber viver esses momentos cabe a cada um de nós. Sofia, Bill e Scarlett vão te ajudar a pensar sobre isso, sobre a sua vida. Se não assistiu, assista. Se já assistiu, assista novamente. É um novo ciclo...

FELIZ ANO NOVO!

PS.: O filme ganhou o Oscar de melhor roteiro original, além de ter sido indicado a melhor filme, melhor direção e melhor ator (Bill Murray).

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva cinema 2010 - Terceira parte e final

Pra terminar os posts que fazem a retrospectiva dos filmes que marcaram o ano de 2010, o ano da biodiversidade (!), começamos com a excelente continuação do filme nacional que deixou todo mundo de boca aberta ao levar o Urso de Ouro em Berlin no ano de 2008, e mais 29 prêmios mundo afora.
Outubro foi o grande mês de Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro, que conquistou crítica e público com diversão, uma certa violência e principalmente muita discussão política de qualidade, às vésperas das eleições.
Também foi a estréia de RED - Aposentados e Perigosos, baseado na graphic novel de Warren Ellis sobre um grupo de mercenários aposentados que começam a ser caçados por seus substitutos. O filme com Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren e Mary-Louise Parker recebeu uma indicação ao Globo de Ouro 2011 como melhor filme musical ou comédia. Também houve a continuação Atividade Paranormal 2, que continua com cara de pegadinha do Faustão, mas agora produzido por um grande estúdio, custando pouco e lucrando muito.
Mas a grande estréia de outubro foi A Rede Social de David Fincher, baseado no livro Bilionários por acaso que conta como o Facebook virou a maior rede social da internet mundial. O filme já foi lançado com algumas exibições prévias que deixaram a crítica o chamando de "filme do ano", e com garantias de algumas indicações ao Oscar. O filme infelizmente só chegou ao Brasil no começo de dezembro, mas é considerado também um sucesso de bilheteria. No blog já comentamos sobre o livro, leia clicando aqui e sobre o filme também neste link.
Novembro começou com a estréia de Um Parto de Viagem, que repetiu de certa forma o sucesso de Se beber, não case, inclusive com Zach Galifianakis praticamente no mesmo papel e Robert Downey Jr.
Também teve a segunda animação da Dreamworks no ano, Megamente, e também postamos sobre ele. Leia clicando aqui. O filme só estreou no Brasil no começo de dezembro, mas sem perder o gás.


O improvável último filme da série, Jogos Mortais - O final, que apesar de impregar o 3D não fez sucesso em lugar algum; O terceiro pseudo-documentário de palhaçadas Jackass 3D fez mais de 100 milhões de dólares nos EUA; e dentre os brasileiros tivemos a comédia Muita calma nessa hora com roteiro de Bruno Mazzeo, que também está no elenco, e fez mais de 1 milhão de expectadores, e o documentário Senna, que mostra bastidores interessantes até então desconhecidos do grande público sobre o piloto de fórmula 1.
Neste mês também estreou no Brasil o filme independente Minhas mães e meu pai, da diretora Lisa Cholodenko. Um delicado filme independente sobre um casal lésbico que precisa lidar com o pai biológico de seus filhos, com Anette Bening, Julianne Moore, Mark Ruffalo, e os jovens em ascensão Mia Wasikowska (a Alice no país das maravilhas) e Josh Hutcherson. O filme recebeu diversas indicações a prêmios importantes.
Mas novembro foi mesmo o mês de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, que fez  até agora 832 milhões de dólares no mundo todo, e recebeu elogios de todos os lados ao começar o término da saga de forma artística e comercial ao mesmo tempo.
O último mês do ano começou com a estréia da última parte da trilogia As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada, que mudou da Disney pra Fox, mas apesar de manter a mesma equipe, ganhou um filme ligeiramente diferente dos anteriores, mas podemos dizer que terminou bem, causando certa discussão (até mesmo religiosa). Você pode ler a expectativa sobre este filme, vindo de quem leu o livro, neste post. Também tivemos a estréia um tanto tardia, mas comum neste gênero, de Machete de Robert Rodriguez, e você pode ler o quanto nosso blogueiro Juliano gostou clicando aqui. E o mezzo brasileiro, mezzo estadounidense Amor por Acaso dirigido pelo ator Márcio Garcia, com Juliana Paes e o 'Clark Kent' Dean Cain também conquistou nosso blogueiro Sérgio Minduim, clicando aqui. Ainda no âmbito nacional, também estreou Aparecida, a tentativa da diretora Tizuka Yamazaki de repetir o sucesso dos filmes espíritas com um filme católico, mas até então fez pouco mais de 120 mil expectadores.
E pra fechar o ano tivemos a estréia de 72 Horas, o novo filme de Russell Crowe do mesmo diretor de Crash - No limite, mas felizmente se trata de um filme sem grandes pretensões, o que ameniza o gigantesco fracasso de Robin Hood que o ator estrelou sob a batuta de Ridley Scott em maio;  a comédia nacional estrelada por Ingrid Guimaraes De pernas pro ar; e a tardia estreia do independente filme de humor negro Trabalho Sujo estrelado por Emily Blunt e Amy Adams.
E então o mês de dezembro ficou pra decepcionante expectativa por Tron - O Legado, que custou aproximadamente 300 milhões de dólares, mas tá longe de agradar público e crítica pra valer o investimento. Você pode ler aqui no blog sobre o filme original de 1982 neste link, e a crítica completa sobre este presente de Natal tecnológico aqui.
Mas ficou claro que tivemos um ano meio que na ressaca de Avatar com muitos filmes experimentando o 3D, Em 2011 o número de tridimensionais aumenta, e esperamos que a qualidade também. E como percebemos, o meio deste ano foi mais recheado, devido a temporada de verão americano, que é pra quando as distribuidoras marcam os lançamentos a fim de aproveitar as férias e o sol deles. 2011 parece que seguirá a mesma rotina. Continue ligado na Liga da Poltrona que iremos fazer um preview pro ano que começa, e falaremos mais sobre como o 3D vai continuar evoluindo ou não nos cinemas. Contamos com vocês! 

Retrospectiva cinema 2010 - Segunda parte (de 3)

Continuando nossa retrospectiva cinematográfica 2010, percebemos o quanto ainda é triste que tenhamos que falar basicamente sobre filmes de língua inglesa. Tenhamos não, pois poderíamos usar este espaço pra falar apenas de filmes nacionais, mas ainda falta pra produção nacional maior variedade, e principalmente qualidade e ousadia. Então...

O mês de julho começou com O Último mestre do ar, que só chegou aqui dia 20 de agosto, decretando seu fracasso de crítica e público. O filme de M.Night Shyamalan baseado no desenho animado Avatar - a lenda de Aang da Nickelodeon é seu primeiro filme com roteiro adaptado, e só nos mostrou que ele deve continuar escrevendo suas idéias originais. O filme é até fiel ao desenho, e talvez aí esteja seu maior problema. O desenho já era perfeito, tinha alma e vida própria, e o filme não conseguiu imprimir isto e ficou oco. Mas vale ao menos pelos efeitos visuais das dobras dos elementos da natureza.
Na esteira do sucesso de Toy Story 3, o longa animado Meu malvado favorito da Illumination Entertainment, uma empresa nova fundada por um dos ex-presidentes da Fox Animation fez bonito nos cinemas lucrando no mundo todo 540 milhões de dólares. A história do vilão Gru que pouco a pouco vai se rendendo à paternidade foi um trabalho de animação terceirizado produzido por um estúdio francês. O filme desbancou o final da saga do ogro verde em Shrek para sempre, que deu uma grana boa, mas mostrou que estava mais que na hora de terminar. Em compensação a Illumination pretende aproveitar a boa maré da estréia pra lançar um filme sobre o coelhinho da páscoa virando roqueiro, e mais alguns projetos futuros.
Julho também foi o mês do outro filme do ano, este mais adulto. A Origem foi ovacionado onde quer que tenha sido exibido, virando febre na crítica, público e internet. Talvez por ser estrelado por um seguro e mais maduro Leonardo DiCaprio, ou por ser dirigido por Christopher Nolan, o cara que recuperou a estima do Batman nos cinemas ou por falar de um ladrão de idéias que mergulha no subconsciente das pessoas durante sonhos e precisa como última tarefa pra recuperar sua cidadania, plantar uma idéia. O filme fez 825 milhões de dólares no mundo todo, e deve ganhar algumas indicações ao Oscar 2011.
Julho também foi o mês do retorno de um filme solo dos Predadores, da tentativa da Disney de ter mais uma franquia com Nicolas Cage em Aprendiz de Feiticeiro e de Angelina Jolie virar uma James Bond de saias em Salt.
Agosto teve a estréia nos EUA de um dos melhores filmes do ano, mas que passou longe de algum sucesso comercial: Scott Pilgrim contra o mundo. A história de um garoto comum que precisa enfrentar os sete super ex-namorados do mal de uma garota faz várias referências a videogames, mundo teen e até Seinfeld com muito rock e efeitos visuais interessantes. Mas o filme só estreou no Brasil em novembro.

Outro belo filme, mas que foi menosprezado e até mal compreendido foi o retorno de Julia Roberts em Comer, Rezar, Amar, baseado no romance autobiográfico de Elizabeth Gilbert e dirigido por Ryan Murphy, criador do seriado sensação Glee. O filme só estreou no Brasil em outubro.
Também foi o mês do retorno de Sylvester Stallone ao topo das bilheterias em Os Mercenários, praticamente uma orgia de ação que homenageia o gênero que fez de seus protagonistas famosos. O filme vai ganhar uma continuação ainda mais bombada.
Setembro começou no Brasil com a barulhenta estréia de mais um filme sobre espiritismo. Baseado no livro referência desta religião supostamente psicografado em 1944 por Chico Xavier, Nosso Lar custou 20 milhões de Reais e levou mais de 4 milhões de pessoas aos cinemas.
Neste mês também estreou a animação A Lenda dos Guardiões do diretor de 300, Zack Snyder. E a oportuna continuação de Wall Street em O Dinheiro Nunca Dorme de Oliver Stone, com Shia Labeouf e Michal Douglas falando sobre a crise financeira que mexeu com todos em 2008.
Mas a grande estréia de setembro foi um filme que soube usar da melhor maneira os recursos do 3D, apesar da história fraca: Resident Evil 4 - Recomeço. O filme usou as mesmas câmeras de Avatar e surpreendeu a todos com uma experiência tridimensional única.
Falar sobre os filmes que marcaram o ano ficou mais longo que o esperado e dividimos em 3 posts pra cansar menos, sorte que isso só acontece 1 vez ao ano.

Retrospectiva cinema 2010 - Primeira parte (de 3)

Todo ano é o ano do cinema, ou 2010 foi O ano do cinema? Para o cinema nacional, foi sim O ano.  22 milhões de brasileiros foram aos cinemas ver filmes produzidos no país, e só Tropa de Elite levou mais de 11 milhões aos cinemas, vendendo 102 milhões de Reais em ingressos. Este ano também tivemos três filmes tendo mais de 3 milhões de expectadores, o que nunca tinha acontecido desde a retomada.
Mas o ano começou fraco, com apenas O livro de Eli e A Ilha do Medo fazendo algum barulho nos cinemas, e alguns fracassos de público e crítica como O Lobisomem Percy Jackson e o ladrão de raios, e só foi se aquecer em março, com a estreia barulhenta de Alice no País das Maravilhas, dirigido por Tim Burton e com a marca Disney, que fez mais de 1 bilhão de dólares.
Antes tivemos o Oscar que preteriu Avatar de James Cameron para premiar Guerra ao Terror, filme independente sobre os conflitos no Iraque dirigido por uma mulher (por sinal ex-esposa de Cameron). Mais um Oscar duvidoso ou não, ao menos rendeu ao seu protagonista, o ator Jeremy Renner, a chance de entrar pro rol de astros de Hollywood, e ganhou papéis importantes em Missão: Impossível 4 - Protocolo Fantasma (que estréia em 2011), Atração Perigosa (pelo qual ele deve receber sua segunda indicação ao Oscar) e um dos filmes mais esperados pra 2012, Os Vingadores, o encontro dos grandes heróis da Marvel.
Mas além de Alice, outro filme fez bonito e surpreendeu. A animação Como treinar seu dragão agradou público e principalmente crítica fazendo 495 milhões de dólares em bilheteria no mundo todo. Já falamos sobre ele aqui no blog, leia aqui.
Depois veio uma grande decepção, o remake de Fúria de Titãs, que desagradou toda a crítica e público, mas lucrou o suficiente para ganhar uma continuação, com novo diretor e tecnologia 3D empregada de forma decente a fim de diminuir o mal estar gerado pelo primeiro.
Em abril ainda tivemos a estréia de Kick Ass - Quebrando tudo, que agradou muita gente, e fez outras pessoas ficarem confusas se esta adaptação de um gibi não era violenta demais gratuitamente. As complicadas negociações com distribuidoras minaram as chances do filme ser bem sucedido nos cinemas, e o filme só chegou ao Brasil em junho. Mas mesmo assim uma continuação está prevista pra entrar em produção assim que o novo gibi for lançado.
E no Brasil estreou a adaptação do livro que biografou a vida do médium espírita Chico Xavier. Dirigido por Daniel Filho e protagonizado por Ângelo Antônio e Nelson Xavier, Chico Xavier - o filme fez 3,5 milhões de expectadores e abriu um precedente de filmes de teor religioso.
Mas maio foi o mês de Homem de Ferro 2, que agradou grande parte da crítica e lotou os cinemas com uma continuação que era ainda melhor que o original, apresentava novos personagens e abria uma série de oportunidades para a Marvel com seus próximos filmes baseados em seus heróis. A cena pós-créditos, por exemplo, é um momento do filme do Thor. Foi tanto sucesso e falatório que não houve fôlego pra encarar Príncipe da Pérsia - As areias do tempo, que é talvez uma das melhores adaptações de videogame pra telona, e isso não é necessariamente um elogio, apenas um ok pra continuarem melhorando.
Junho foi o mês do filme do ano: Toy Story 3. O final da trilogia iniciada em 1995 com o primeiro longa em animação computadorizada de Hollywood (porque antes tivemos o nosso brazuca Cassiopéia) fez 40 milhões a mais que Alice, então mais de 1 bilhão de dólares. Agradou em cheio crítica, público e fez todo mundo ir às lágrimas. Para um projeto complicado que começou como filme para DVD no meio das ameaças da Pixar de cortar relações com a Disney, o filme se torna um sinal de casamento perfeito. Ah, junho também foi o mês de Saga Crepúsculo: Eclipse, que fez quase 700 milhões de dólares no mundo todo, mas eu me recusei a terminar de ler o livro, que estava muito chato, mas o filme me agradou. Em 2011 teremos a primeira parte do final, Amanhecer.
E aqui termina a primeira parte da nossa retrospectiva 2010.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pedra, Tesoura ou Papel?


O que poderia juntar várias crianças em uma sala fechada durante o verão quente de uma pequena cidade da Serra Gaúcha? O jogo ALEX KIDD IN MIRACLE WORLD (1986), da SEGA. Só sei a resposta porque fazia parte desse grupo. E sei que nos divertíamos muito - antes de correr para fora de casa para continuar a aproveitar nossas férias.

O jogo conta a história de Alex Kidd, um garoto que descobre que faz parte da família real de Radaxian. Alex sai em uma aventura para salvar seu irmão Egle e a esposa do mesmo, princesa Lora, que foram capturados por Janken e descobrir o paradeiro de seu pai, o rei Sander.

História típica dos anos 80 que se tornou um jogo marcante. Muitos dizem que foi idealizado para competir com Super Mario Bros., sendo considerado por grande parte da crítica melhor que o jogo dos dois irmãos encanadores. Seu azar foi ter sido feito para um console (Master System) que nunca caiu nas graças da galera.

O jogo divertia, tinha uma jogabilidade super simples (sendo em 2D, você segue para a direita saltando ou socando obstáculos e inimigos), possuia músicas que grudavam e ficavam tocando ininterruptamente na mente, e oferecia real dificuldade. Não era possível salvar sua jornada: perdeu todas as vidas, começa novamente!!!!!

Eram fases em penhascos, na floresta, em castelos, na água, oferecendo uma variedade de situações legais. Fantasmas, urubus, sapos, peixes, escorpiões, quase tudo podia aparecer como inimigo na próxima tela. Eram diversos desafios, que deixavam todos ligados na telinha da TV.

Em algumas fases era possível utilizar alguns veículos: motos, helicópteros, lanchas... Mas o mais legal era enfrentar os chefes em um jogo de Jankenpo (ou jokenpo). Você deveria escolher pedra (mão fechada), papel (mão aberta) ou tesoura (dois dedos erguidos). Pedra vence tesoura que vence papel que vence pedra. Os primeiros eram mais simples, pois sempre jogavam a mesma sequência. Já os últimos... esses sim eram complicados!

É possível encontrar na Internet emuladores do jogo. Eu mesmo me diverti com um destes antes de escrever esse post nostálgico. É claro que os jogos de hoje são melhores, tanto com relação à história quanto aos gráficos. Mas se o intuito era divertir e incentivar a imaginação, sem duvida alguma Alex Kidd in Miracle World foi um grande jogo.
PUSH START BUTTON
, sem medo!!!


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ficção Científica, energia na Terra e o filho do David Bowie

Os problemas energéticos da Terra estão aí a nos assombrar, mas já conhecemos uma solução limpa e barata: o Hélio 3. Raríssimo no nosso planeta, ele é abundante na Lua, e atualmente é a única coisa que compensaria um investimento para extração e transporte até aqui. 100 toneladas de Hélio 3 seriam suficientes para abastecer toda a Terra por 1 ano. Um tanque simples seria o suficiente para abastecer os EUA por 1 ano. Apesar de não-radioativo, poderia ser usado como combustível em futuras centrais elétricas nucleares, sem deixar resíduos. E por que já não estamos o extraindo da Lua? No momento é política.
Mas o que isso tem a ver com o filho de David Bowie?
Em 2009, Duncan Jones fez seu primeiro longa metragem, claro que na desconfiança de todos por ser filho de um ícone musical. Lunar (Moon) custou apenas 5 milhões de dólares, mas mostra uma competente exibição de talento cinematográfico. Sam Rockwell (o Justin Hammer de Homem de Ferro 2) como de costume se entrega e fica confortável na pele do astronauta Sam Bell, contratado pelas Indústrias Lunar Ltda; e sua tarefa é fazer manutenção nas coletoras de gás Hélio 3, e enviá-los para Terra. Seu contrato de 3 anos para fazer este trabalho solitário está acabando, ele tem somente a companhia do super computador cheio de emoticons GERTY (voz de Kevin Spacey) e os vídeos que a central envia de sua esposa, que vão ficando cada vez mais estranhos. Mas não espere um 2001 - uma odisséia no espaço, apesar das referências a este e outros filmes de ficção científica. Lunar vai ganhando vida própria.
A situação na Lua vai ficando estranha quando Sam começa a ver coisas. E é um grande momento de suspense. E então ele sofre um acidente num veículo a caminho de uma coletora, e acorda na enfermaria da base. Quem o levou para lá? O super computador com braços mecânicos? E por que ele está sendo impedido de sair da base? Quando ele finalmente consegue sair, vai direto até o veículo acidentado, entra nele, e tem uma estranha surpresa.

Não se trata de um filme sobrenatural. Duncan Jones, que criou a história, é obviamente um cara que gosta de ficção científica mais pé no chão, e gosta de valorizar a atuação de seus atores. Mas o que mais me chamou a atenção foi que o filme é repleto de (bons) efeitos visuais, mas é um filme intimista.
Infelizmente o filme foi ignorado pela Sony por onde passou, provavelmente por ter custado pouco, e ter se pagado rapidamente. Aqui foi lançado direto em DVD e blu-ray. Mas ganhou diversos prêmios, inclusive o de melhor diretor estreante no BAFTA, o Oscar britânico.



Jake precisa salvar o trem e a mocinha em 8 minutos.
O novo filme dele se chama Source Code , com Jake Gyllenhaal (Príncipe da Persia), Michelle Monaghan (Missão: Impossível 3) e Vera Farmiga (Os Infiltrados). E conta a história de um soldado que faz parte de um programa experimental do governo. Um dia ele acorda num corpo desconhecido, é forçado a viver e reviver os últimos 8 minutos de vida deste homem numa angustiante explosão de trem até que consiga encontrar o responsável pelo atentado.
Este filme estreia em abril nos EUA, mas parece que terá um tratamento melhor que Lunar teve, já que é produzido pela Summit Entertainment, que ganhou muita grana com a saga Crepúsculo, e está a fim de se tornar um dos maiores estúdios.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Games: Chuva Pesada - Bem vindo ao drama interativo

Logo nos primeiros minutos de Heavy Rain, jogo exclusivo do PlayStation3, somos premiados com um troféu de agradecimento "Obrigado por apoiar o drama interativo". Então não se trata de um jogo comum de aventura, tiro, estratégia, ou luta. Dramas são novelas, filmes e peças de teatro, e Heavy Rain é um pouco de cada.
David Cage, diretor e roteirista do jogo, teve tremendo problema em definir para a indústria e imprensa do que se tratava sua nova criação. Ele e sua produtora, a Quantic Dream, já haviam feito algo parecido no PlayStation2 com Indigo Prophecy (ou Fahrenheit), onde o jogador controla um assassino tentando provar sua inocência, e os detetives na sua cola. Mas o jogo tinha um final bizarro e sobrenatural, além dos gráficos pouco convincentes e ninguém deu muita bola.
Heavy Rain começa colorido e sem chuva. Um pai de família, Ethan Mars, é um arquiteto que mora numa bela casa com sua esposa e seus dois filhos, mas no dia do aniversário de um dos garotos, acontece uma tragédia. E então a chuva começa a cair, sem previsão de terminar. Vemos a bela abertura do jogo, mostrando todo o potencial gráfico do aparelho, e descobrimos que Ethan não é mais um homem bem sucedido, mora numa casa humilde e cinza, separado, e com graves distúrbios psicológicos. Ele tem "brancos", e desperta sempre na mesma rua, debaixo da chuva, com um origami na mão.
E logo descobrimos que o drama interativo gira em torno do assassino do Origami, que sequestra crianças, as prende em um fosso, e espera que a chuva que cai nesta época do ano as mate afogada. Depois ele deixa o corpo em lugares aleatórios junto com uma flor e um origami.
Somos apresentados a outros personagens controláveis. Scott Shelby, um detetive particular contratado pelas famílias das vítimas pra encontrar o assassino paralelamente a polícia. Norman Jayden, agente do FBI viciado em drogas e tecnologia de realidade alternativa. E Madison Paige, uma jornalista que sofre de fortes e dramáticas crises de insônia.
As primeiras horas são lentas e servem para situar o jogador à proposta do jogo. Aqui você é convidado a explorar o ambiente em busca de pistas, como os clássicos jogos da LucasArts ou por vezes The Sims, mas sempre usando o controle como um simulador de movimentos. Por exemplo, para estourar uma porta, você precisa dar um tranco no controle, ou ninar um bebê, o balançando suavemente. Em cenas de ação, você vai precisar desta habilidade e da rapidez em apertar os botões certos, que são chamados QTE - Quick Time Events. Se numa perseguição aparece uma caixa no caminho do personagem, pode aparecer o botão triângulo para ser apertado, e se não for apertado a tempo, ele vai tropeçar nesta caixa. E assim por diante.

Mas o grande diferencial em Heavy Rain é que o jogo foi todo concebido em torno de uma história muito forte e adulta. Quando o jogo terminar você terá a nítida impressão de ter participado de um filme de suspense tipo Silêncio dos Inocentes, e não de um jogo de videogame. O tal drama interativo ganha intensidade quando um dos filhos de Ethan Mars é sequestrado pelo assassino, e ele precisa cumprir as tarefas mais doidas que o assassino mandar, sem a polícia, num determinado tempo para salvar o garoto. Enquanto isso você continua as investigaçoes oficiais e relevantes com Norman Jayden, as paralelas com Scott Shelby e apoiando Ethan através da jornalista Madison Paige.
Não existe linearidade ou 'game over' em Heavy Rain. Você pode jogar ele inteiro, sem acertar nenhum botão. Alguns personagens podem morrer, mas isso não impedirá o jogo de continuar, você só deixará de ver a continuação da trama do personagem morto, diminuindo o tempo de jogo e as pistas que te levam ao assassino. São ao todo 18 possibilidades de final, mas você pode voltar para o capítulo que errou algo e continuar dali, podendo ver vários finais.
Por causa dessa falta de linearidade, alguns trechos da história podem parecer cheios de furos, e o são mesmo, mas nada que realmente estrague a brincadeira. E algumas coisas podem passar sem respostas, mas houveram cortes no desenvolvimento, como num filme, que tiraram partes muito repetitivas e redundantes, mas que tinham detalhes que não voltaram à tona. E alguns lances sobrenaturais, que afundaram o projeto anterior da produtora, foram cortados, porque também me pareceram explicar o inexplicável. Mas há no jogo várias sequencias que compensam qualquer defeito, como a cena em que o assassino pergunta para Ethan se ele está pronto para sentir dor pelo filho, e lhe pede para cortar o próprio dedo. E o clima cinematográfico, o ângulo da câmera, os diálogos e principalmente a incrível trilha sonora valem qualquer esforço.



A Quantic Dream pretende lançar para download as Heavy Rain Chronicles. São 3 pacotes de expansão com suspenses curtos que custam 4 dólares na PlayStation Store. O primeiro deles, O Taxidermista, já está disponível e mostra a jornalista Madison na cola do assassino do origami, mas encontrando outro.
Heavy Rain foi alardeado junto com Alan Wake, exclusivo do Xbox 360, como uma revolução nos videogames. Apesar de muito mais impressionante que Alan Wake, que não passou de um bom jogo de aventura dividido em episódios (coisa que Uncharted já o fazia), o jogo apenas mostrou para a indústria o quanto um bom roteiro é definitivamente importante para o futuro dos games. E que games e cinema estão se aproximando cada vez mais. Afinal, a indústria de videogames já lucra mais que a de cinema.
Ainda falta mais pra chamarmos de revolução, ainda mais quando mesmo após este lançamento, a Konami nos lança Jogos Mortais 2: Carne e Sangue, um jogo que também segue os conceitos dos Quick Time Events, mas que não tem nenhuma emoção e história.

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Orgulho de Bagdá...

Brian K. Vaughan é muito conhecido pelo seu trabalho como roteirista, tendo feito parte da equipe de roteiristas de LOST, além de ter criado diversas HQs, entre elas Y: The Last Man e Ex Machina. Seus enredos são sempre intensos e tratam das mais variadas facetas da condição humana.

Em abril de 2003, durante os bombardeios americanos em Bagdá, quatro leões famintos escaparam de um zoológico quando este foi alvejado. Um acontecimento que, nas mãos do talentoso roteirista, tornou-se a belíssima HQ Os Leões de Bagdá.

Nela acompanhamos a história de Safa, uma leoa que teme se aventurar novamente em um mundo que já lhe foi cruel; Noor, leoa capturada muito cedo e que anseia por conhecer o ambiente fora da Zoo; Ali, o filhote de Noor, para quem tudo é novo e Zill, o leão que deveria liderar o grupo, mas reluta em assumir a responsabilidade.

Através deles, Vaughan nos oferece um novo ponto de vista para o que ocorreu no Iraque, usando esse momento para tratar de assuntos como diferenças raciais e a conquista da liberdade e suas implicações. Uma linda história, acompanhada da competente arte de Niko Henrichon: as cores são vivas e os animais quase pulam dos quadrinhos para o seu colo, dado o grau de detalhamento. Alguns quadrinhos são emblemáticos, como os que ilustram esse post.

Vale à pena conferir. Uma das "brincadeiras" do autor se perde na tradução do título. No original, Pride of Baghdad, a palavra pride pode ser tanto o coletivo de leões quando a palavra orgulho. Um toque legal, não?