Com a estréia no Brasil de "A Filha do Mal", o tema do exorcismo no cinema voltou à tona mais uma vez. O filme conta a história de Isabella, que vai a Roma fazer um documentário sobre exorcismos e descobrir o que houve com sua mãe, que matou três clérigos 20 anos atrás durante seu exorcismo, e hoje vive num hospital psiquiátrico católico. Em sua trajetória conhece dois padres que misturam fé e ciência pra desvendar o que é doença psiquiátrica de possessão demoníaca, e que podem ajudar sua mãe.
O filme que custou cerca de 1 milhão de dólares, surpreendeu nas bilheterias mesmo com censura alta ao derrubar "Missão Impossível: Protocolo Fantasma" do primeiro lugar e lucrar mais de 33 milhões apenas no primeiro final de semana. Até agora, o filme já lucrou apenas por lá mais de 50 milhões de dólares.
Os exorcismos começaram a ser explorados pelo cinema principalmente após "O Exorcista", clássico do terror de 1973, mas décadas antes o cinema já havia falado de possessões, mas o mais emblemático talvez tenha sido o polonês "Der Dibuk" de 1937, que baseado numa peça da cultura judaica mística que não existe mais, mostra entre outras coisas uma noiva que é possuída no dia de seu casamento pelo espírito de seu noivo anterior, já falecido, através de magia. Foi com o igualmente polonês "Madre Joana dos Anjos" de 1961, vencedor do prêmio especial do Júri de Cannes no ano, que o cinema viu cenas de exorcismo, quando no século 17 um padre vai investigar a possessão demoníaca de uma madre num convento isolado, e descobre que outras freiras também podem estar possuídas.
"Madre Joana dos Anjos" |
Mas foi com os mitos criados em cima de "O Exorcista" e sua produção que filmes com possessão demoníaca, e por consequência exorcismos se tornaram cult e fonte de renda. O filme de 1973, baseado num livro que por fim era baseado em fatos reais, foi cercado de acidentes durante suas gravações. A protagonista Linda Blair, que viveu a menina possuída Regan, participou da primeira continuação do filme, e disse ter sido amaldiçoada pelo tema do filme mergulhando nas drogas e nunca progredindo como atriz. E dois dos atores que o demônio mata na trama, morreram de verdade após o lançamento do filme. Após o lançamento do filme, um cinéfilo teve um ataque durante a sessão, desmaiou e quebrou o queixo ao bater na poltrona da frente, com isso ele ganhou milhões da Warner, distribuidora do filme. Como ele não foi o único a ter ataques de medo durante o filme, a Warner à época fazia sessões com sacos de vômito. O filme recebeu 3 continuações diretas, e diversas cópias famosas em vários países. No começo dos anos 2000, a Warner decidiu retornar ao filme, produzindo "Exorcista - O Início", um prequel, mas outra série de incidentes aconteceram: o diretor original morreu antes das gravações, o novo diretor foi criticado por fazer um filme muito psicológico, então contrataram um terceiro que regravou quase tudo com o mesmo elenco estourando todo o orçamento, e recebendo críticas e bilheteria negativas, para então a Warner alguns anos depois lançar a versão do segundo diretor "Dominiom, que recebeu críticas positivas, mas ninguém assistiu.
boneco da menina de "O Exorcista" |
Em 1979, "Horror em Amityville", baseado num bestseller também baseado em supostos fatos reais estreou com sucesso ocasionando nada mais que 8 sequências até culminar no remake de 2005 estrelado por Ryan Reynolds e Melissa George.
"A Filha do Mal" faz parte da leva mais recente de filmes de possessão demoníaca e exorcismo iniciada em "O Exorcismo de Emily Rose", que mostrava a história real do julgamento da Igreja Católica no caso de uma alemã que morreu durante seu exorcismo em 1976. Muito mais filme de tribunal, as cenas um tanto realistas e documentais do exorcismo inspiraram a nova safra em filmes como "O Último Exorcismo" de 2010, e até "Atividade Paranormal".
Se você gosta deste tipo de filme, está numa boa época.