sábado, 6 de agosto de 2011

CAPITÃO AMÉRICA - O Primeiro Vingador


Existem alguns filmes tão bem executados que saímos do cinema querendo falar sobre os mesmos. Discutir com os que já o assistiram ou recomendá-lo para os que ainda não tiveram a oportunidade, tanto faz. Só queremos prolongar a experiência do filme. CAPITÃO AMÉRICA - O Primeiro Vingador (2011) levou a LIGA ao cinema e se credenciou como mais um nessa restrita lista de filmes.

Apesar de o título referenciar o primeiro dos Vingadores, essa é a última incursão da MARVEL nos cinemas antes do grande evento: o filme OS VINGADORES, a ser lançado no meio do ano que vem. Essa caminhada em direção ao filme da super equipe pesou bastante nas costas de cada novo roteirista/diretor que se aventurava no universo da Casa das Idéias. A necessidade de inserir easter eggs em cada filme, para que tanto os fãs quanto os novatos enxergassem a origem do time causavam problemas no ritmo dos filmes ou no próprio roteiro, que criava essas inserções em detrimento de um melhor desenvolvimento dos personagens. Mas isso não é sentido (de forma tão evidente) no filme do Sentinela da Liberdade.


O filme é extremamente divertido, com uma história que cativa e, efetivamente, captura logo no seu início. Steve Rogers é um rapaz franzino que, em plena guerra mundial, insiste em lutar pelo o que é certo. Em determinado momento lhe é perguntado se ele deseja cruzar os oceanos para matar nazistas e ele deixa claro que não pretende se tornar um assassino, mas sim defender o que é correto. Não sendo alistado devido a sua compleição física, ele aceita participar de um experimento e torna-se o Supersoldado. Criado por Jack Kirby e Joe Simon, o personagem surgiu efetivamente no momento da segunda guerra mundial. Sua primeira capa, inclusive, mostrava o Capitão socando o próprio Führer(!), fato que foi homenageado em uma das cenas do filme.

A atual conjuntura mundial só faz crescer o espírito anti-americano. Sendo assim, fica fácil entender a dificuldade que representou para os envolvidos na produção venderem esse personagem. Ele é praticamente uma bandeira americana ambulante. Entretanto a solução encontrada no roteiro desarma o mais ferrenho detrator dos EUA, além de prestar uma bela homenagem ao uniforme clássico do herói.

Chris Evans (que causou certo medo nos fãs quando foi confirmado no papel de Rogers) mostra maturidade e atua de forma inspirada. Vemos o próprio Steve, com sua determinação e nobreza estampadas em cada olhar do rapaz. Diferentemente de muitos filmes de heróis, essa devoção do ator confere a ele a alma do filme, não permitindo ao ótimo Hugo Weaving (que vive o vilão líder da Hidra chamado Caveira Vermelha) roubar a cena. É bem verdade que o roteiro o transforma em um vilão "galhofa", no melhor estilo Lex Luthor, mas até isso passa despercebido. Importa ver e entender mais sobre aquele que será o líder dos Vingadores.


O diretor Joe Johnston, que contribuiu com Steven Spielberg em muitos filmes, demonstra toda essa influencia positiva com cenas carregadas do espírito de Indiana Jones. O ótimo elenco dá o suporte necessário a Evans, em especial Tommy Lee Jones (que se diverte no papel do Coronel Chester Phillips) e Hayley Atwell como o interesse romântico do Capitão, Peggy Carter (com um sedutor sotaque britânico). A fotografia, com o efeito sépia, é belíssima, envelhecendo os frames, tornando as cenas levemente amareladas. O figurino também é bem cuidado, merecendo muitos elogios o uniforme do Capitão. Arrisco-me a proclamá-lo como a melhor transposição de todos os filmes de heróis até hoje. Sua aparição é tão orgânica junto ao enredo que lembra a forma como Nolan tratou o uniforme do Homem-morcego nos últimos dois filmes do Cavaleiro das Trevas.


E Os Vingadores? Existem referências? Claro, inclindo o presença de Howard Stark, pai de um certo Homem de Ferro. Acho, inclusive, que a MARVEL influenciou a montagem do final do filme, pensando na inserção do trailer de OS VINGADORES, presente ao final dos créditos. Ótimo filme, talvez o melhor dessa safra de férias, merece ser assistido na telona. O 3D cria uma sensação de profundidade bem interessante, mas não é determinante. Bom filme a todos!

CAPITÃO AMÉRICA RETORNARÁ EM OS VINGADORES.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Teatro: Deus da Carnificina

Sabe aquelas discussões que inicialmente tem boas intenções, mas aí vão dando tantas voltas até fugir do tema principal e quando todos percebem estão discutindo sobre política, futebol e religião, temas que como todos sabemos dá um sem-fim de polêmicas e discordâncias? A peça Deus da Carnificina faz comédia em cima desta situação, mas mesmo sem os temas futebol, religião e política o clima fica pesado o suficiente pra mudar para sempre a vida de seus personagens.

Dois casais se encontram no apartamento de um deles pra tentarem resolver a situação de seus filhos de 11 anos, que brigaram na rua a ponto de um deles pegar um pedaço de pau e quebrar dois dentes do outro, e como diria a mãe da vítima, desfigurá-lo. Toda a conversa e conciliação parecem as mais pacíficas possíveis, até que todo o ritual de socialmente dóceis dos donos do apartamento começa a irritar Alan, o pai advogado do agressor, e o clima incômodo começa a ser substituído por sinceridades profundas, talvez profundas demais para pessoas que acabaram de se conhecer. E claro que descobriremos que os casais são tão falhos quanto humanos, e não tem nada de perfeitos.
Lemmertz e um excelente momento baixo nível

O tal Deus da Carnificina é mencionado quando um dos personagens, claramente descrente de qualquer bondade humana diz que o único Deus que nos governa é o da carnificina, pois o mundo desde que é mundo é dos selvagens. A comédia é toda em cima dessa desgraça e selvageria alheia, levando o público a se divertir com as incômodas discussões dos casais, ora ofendendo si próprios, ora se defendendo, mas talvez no fundo vendo o outro casal como espelho pra tentar resolver seus problemas, mesmo que de forma caótica. Os irracionais duelos verbais dos pais (que logo parecem crianças) que mexem com misoginia, preconceito racial e até homofobia são, de fato, tão indigestos se não fosse uma comédia que uma das partes centrais da peça é quando uma das mulheres vomita em cima de uma mesa repleta de livros de arte.

O elenco nacional dirigido por Emilio de Mello (da elogiada peça In On It) é formado por Orã Figueiredo, Deborah Evelyn, Julia Lemmertz e Paulo Betti, que estão muito à vontade em seus papéis, e surpreendem o público com as muitas variações de humor de seus personagens. A peça, que já passou pelo Rio, fica em cartaz no Teatro Vivo em São Paulo às sextas 21h30, sábados 21h e domingos 19h até o dia 28 de agosto.

o cartaz da versão Broadway 
Escrito pela francesa Yasmina Reza, a peça estreou em Zurique em 2006, mas teve temporada apenas em 2008, quase simultaneamente em Paris tendo Isabelle Huppert no elenco e em Londres com Ralph Fiennes. Na Inglaterra a peça ganhou o prêmio Laurence Olivier de melhor nova comédia. Em 2009 a peça sofreu algumas modificações para se acomodar ao público americano mais conservador e estreou na Broadway com James Gandolfini (Família Soprano), Marcia Gay Harden (vencedora do Oscar por Pollock), Hope Davis (As Confissões de Schmidt) e Jeff Daniels (Debi & Loide) no elenco. O sucesso foi tremendo, que prevista pra uma temporada de até 5 meses, a peça teve de ser prolongada em mais 7 meses. Por conta deste prolongamento, os atores originais deram lugar nos últimos meses em cartaz a novos atores, entres eles Lucy Liu (As Panteras) em sua estreia nos palcos e Dylan Baker (Nip\Tuck). A montagem americana também levou os prêmios de melhor peça, melhor direção e melhor atriz pra Marcia Gay Harden no Tony Awards (o Oscar do teatro americano).

Primeira foto do filme de Polanski 
Tanta badalação chamou a atenção do diretor Roman Polanski (vencedor do Oscar por O Pianista e famoso por sua dramática vida pessoal), que estava procurando uma comédia incomum para filmar. Seu filme se chamará apenas Carnage (Carnificina) e terá Kate Winslet (Titanic), Jodie Foster (Quarto do Pânico), Christoph Waltz (vencedor do Oscar por Bastardos Inglórios) e John C. Reilly (Magnólia) no elenco, e deve estrear em novembro nos EUA. 

E você, acredita que somos todos selvagens governados pelo Deus da Carnificina? 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Batalha Naval e outros brinquedos

 Lá nos anos 80 a Mattel, fabricante da Barbie, lançou uma série de brinquedos tendo os meninos como público alvo. Eram bonecos de guerreiros bárbaros num mundo chamado Etérnia, e o protagonista desta série de bonecos chamados Mestres do Universo era um príncipe que ganha superpoderes para proteger seu planeta se transformando em seu alter-ego He-Man. Os bonecos vinham com um gibi que contava parte desta história. O sucesso fez com que os brinquedos se transformassem numa famosíssima série animada. Pois transformar os brinquedos do He-Man em desenho animado eram apenas o começo.

A gigante estadunidense fabricante de brinquedos Hasbro talvez tenha o domínio mundial em jogos de tabuleiro, pois é dona de praticamente todos aqueles que tanto amamos e jogamos exaustivamente. Mas também é dona dos Comandos em Ação, Transformers e muitos outros. Cansados de lançar bonecos dos filmes dos grandes estúdios de Hollywood, a empresa resolveu que estava na hora de fazer o caminho contrário: lançar filmes de seus produtos.
O primeiro deles, como parte de um acordo com a Paramount e o produtor Lorenzo diBonaventura, foi Transformers, lançado em 2007, que a exemplo de He-Man já tinha se tornado um desenho animado nos anos 80. 700 milhões de dólares no caixa depois, foi a vez dos Comandos em Ação: GI Joe - A Origem de Cobra, que deve ganhar uma continuação em breve.
 
Mas o plano da Hasbro era muito maior, e também incluia tabuleiros, que não têm o mesmo apelo dramático que os bonecos. O primeiro que chegará aos cinemas, agora pela Universal, é o tabuleiro de Batalha Naval (Battleship), que vai mostrar literalmente uma batalha naval entre marinheiros americanos e alienígenas. As primeiras sinopses do filme diziam que a história seria mostrada, assim como no tabuleiro, pelos dois pontos de vista, mas o trailer não indica que veremos "os movimentos" dos aliens. De qualquer forma o filme tem sim alguns atrativos: o diretor é Peter Berg de Hancock e do elogiado seriado Friday Night Lights; o protagonista é o novo queridinho de Hollywood Taylor Kitsch, não por acaso um dos protagonistas de Friday Night Lights, que viveu Gambit em Wolverine Origem, e será o protagonista da ficção científica John Carter, primeiro filme com atores da Pixar; e além de Alexander Skarsgård e Liam Neeson, o filme é a primeira incursão da cantora Rihanna num blockbuster.


Stretch Armstrong
Nos planos da Hasbro e entrando em produção, acreditem, estão os filmes do Banco Imobiliário (Monopoly), que está esperando uma brecha na agenda do oscarizado diretor Ridley Scott, que deve fazer uma espécie de Poderoso Chefão do mercado imobiliário nos anos 50; do jogo do copo dos espíritos Ouija, que já trocou de diretor várias vezes, e no momento tem McG (As PanterasExterminador do Futuro 4 - A Salvação) no comando de uma mistura de Atividade Paranormal com Jumanji; de Risk, a versão americana do nosso War; de CandyLand, que pode vir a se tornar uma animação, devido ao excesso de fofura e doces; uma comédia de mistério baseado no jogo Detetive (Clue); e uma aventura baseada naquele boneco musculoso todo elástico Stretch Armstrong, que pode ter Taylor Lautner, o Jacob de Crepúsculo como protagonista. Veja uma propaganda deste boneco:

E o primeiro trailer de Battleship, ou Batalha Naval como deverá se chamar no Brasil: