segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Direto da Telona: Santuário

É inegável que devemos a moda dos filmes em 3D a fim de conter a pirataria à James Cameron e seu barulhento Avatar, e também são inegáveis as virtudes de sua busca por uma boa tecnologia em 3D. As câmeras e o sistema que ele ajudou a desenvolver já foi visto satisfatoriamente em Resident Evil: Recomeço, e neste ano teremos muitos outros usando esta tecnologia. Como uma espécie de vitrine sobre as possibilidades do uso deste 3D, James Cameron produziu o filme Santuário, dirigido por Alister Grierson, que só tem experiência com um longa metragem desconhecido de 2006. Talvez Cameron devesse ter investido em alguém com mais experiência.

O fato é que James Cameron queria atingir um público muito maior com um filme nos moldes dos documentários que produziu entre Titanic e Avatar, mas que não fosse necessariamente um documentário, e se passasse facilmente por uma ficção. Santuário é baseado na experiência real do co-roteirista Andrew Wight, que produziu muitos documentários com Cameron e a Discovery, que ao ficar preso numa caverna com mais 14 pessoas por dois dias, teve de procurar uma outra saída.

O filme conta a história de Frank (Richard Roxburgh de Moulin Rouge  e Van Helsing), um experiente e marrento mergulhador e espeleólogo que lidera uma equipe que explora um gigantesco sistema de cavernas ainda inexplorados pelo homem na Nova Guiné. A empreitada é bancada pelo fanfarrão aventureiro Carl (Ioan Gruffudd, o Reed Richards de Quarteto Fantástico), que resolve levar sua nova namorada Victoria (Alice Parkinson) para um passeio na caverna. O passeio também coincide com o retorno do jovem e birrento Josh (Rhys Wakefield), filho de Frank, que está tendo muitos atritos com o pai pela paixão por cavernas e nenhuma pelo filho. A divertida excursão já começa em morte, e uma tempestade os deixarão presos e os farão procurar por uma ainda desconhecida saída lutando contra a cruel natureza da gigantesca rede de cavernas.

O filme em si é uma sucessão de mortes ao estilo Premonição, com um pires de roteiro para narrar tudo, e fica evidente a falta de talento do diretor com atores, já que o único que se salva é Richard Roxburgh como Frank, o que podemos atribuir a experiência do ator. Há cenas bastante tensas e claustrofóbicas, mas todas são geradas pelo óbvio bom uso do 3D, pela trilha sonora que emula Avatar e a fotografia criativa que emula  programas documentais como À Prova de Tudo da Discovery Channel. Parece certo, mas como muito do que acontece na trama parece desnecessário, fica uma sensação de vazio ao clichê e forçado final.

Uma curiosidade é que num certo momento do filme, que me lembrou o jogo de videogame Uncharted, há uma menção inútil sobre a 2ª Guerra Mundial envolvendo japoneses e tanque de guerra. O primeiro filme que ninguém assistiu do diretor se chama Kokoda, e fala sobre o conflito de soldados australianos e japoneses durante a Segunda Guerra numa trilha na Nova Guiné. Apesar de não ter assistido este Kokoda, acredito que o diretor tenha tido a intenção de cruzar informações de seus filmes, mas como ninguém percebeu, ficou mais uma informação desnecessária.

Santuário é então um thriller com pouca história, personagens mal desenvolvidos, conflitos que já vimos irritantemente muitas vezes em filmes melhores, mas belíssimas imagens. Chega a ser extravagante iluminar uma caverna com a luz de um relógio, mas fica tão bonito em 3D que você nem se importa. Mas da próxima vez James Cameron deve se concentrar também naquilo em que é bom: contar histórias. Avatar uniu tecnologia e uma história batida de maneira que este Santuário não chega nem perto.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mutantes polêmicos...


O que é ser diferente? É bom? Ruim? Como as pessoas lidam com aquilo que é diferente?

Quando, em 1963, Stan Lee e Jack Kirby criaram os X-Men, para o selo de HQs MARVEL, levantaram esse debate dentro do mundo dos super-heróis. Determinadas mutações, que normalmente se manifestavam na puberdade (ótima metáfora para as mudanças por que todos passamos nessa época), determinavam características (ou poderes, se preferir) únicos. Duas leituras surgem: serão eles a evolução ou monstros, incapazes de viver em sociedade? E essa premissa rendeu (e rende até hoje) ótimos arcos de história para a equipe de mutantes de Charles Xavier, que defende a coexistência pacífica entre as duas "raças". A característica multicultural da HQ, com personagens de todas as partes do mundo (inclusive Brasil) foi decisivo para angariar uma multidão de fãs.

Toda essa popularidade levou ao inevitável: expansão para TV e cinema. Primeiro com desenhos que fizeram muito sucesso nos idos de 1990, com uma das aberturas/música mais lembrada de todos os tempos...


Em 2000, o cinema assiste ao retumbante sucesso da adaptação de Bryan Singer para as telonas. X-MEN colocou a MARVEL efetivamente nos cinemas (algo que somente a DC conseguira antes) e criou a febre das adaptações de HQ que temos testemunhado nos últimos anos. X2: X-MEN UNITED veio em 2003, e Singer melhorou o que já havia feito no primeiro. Uma ótima história muito bem desenvolvida; personagens vibrantes, que pareciam ter saltado dos quadrinhos para a tela, com profundidade e atitude, e um final que comoveu até aqueles que não conheciam a história da Jean Grey. Em 2006, a controvérsia. Brett Ratner dirigiu X-MEN: THE LAST STAND, depois de a DC ter convencido Bryan Singer a fazer o reboot de Superman. Muitos fãs não gostaram do filme, mas eu, particularmente, acho muito bom. Tem a velocidade e a intensidade das melhores histórias dos mutantes na minha opinião. Enfim, uma grande franquia cinematográfica, que depois deste puxou o freio de mão... até agora!

Na semana que passou, foi divulgado o primeiro trailer de X-MEN: FIRST CLASS. A história usa o panorama dos anos 60 para nos (re)apresentar a Charles Xavier e Erik Lehnsherr e suas diferentes visões de como o mundo deve entender os mutantes. Diversos personagens dão as caras no trailer, como Moira, Mística, Fera, Emma Frost. Até o Clube do Inferno e Sebastian Shaw estão lá. Li muitos comentários sobre o trailer. Uns pediam mais ação. Outros reclamaram do clima do filme, uma espécie de X-men encontra 007. Eu gostei bastante. Achei tenso e denso, com uma premissa muito interessante de usar a crise dos mísseis em Cuba como pano de fundo. Além disso, os últimos trabalhos do diretor Matthew Vaughn (Stardust, Kick-Ass) o credenciam, tornando-o merecedor de um voto de confiança.

O filme será lançado em 3 de junho de 2011. Sei que estarei na fila, para assisti-lo. E você? O que acha do diferente? Como o trataria? Comente o trailer, o post. Deixe suas impressões!