sábado, 22 de março de 2014

TV: Um Drink no Inferno

“Eles mataram 14 policiais e 04 civis e
são os heróis. Imagine os vilões?”
Se a atriz Salma Hayek ainda não era reconhecida por "A Balada do Pistoleiro", ela passou a ser muito reconhecida por sua icônica dança com uma cobra em "Um Drink no Inferno" em 1996, como Satânico Pandemonium, a sexy dançarina que se transformava numa vampira demoníaca. O road movie dirigido por Robert Rodriguez trazia o nome de Harvey Keitel antes do de George Clooney, que fazia um dos temidos irmãos Gecko ao lado de ninguém menos que Quentin Tarantino, que fugindo da polícia após um assalto a banco que terminou com muitas vítimas, pegam uma família em crise como reféns com destino ao Titty Twister, um movimentado bar de caminhoneiros e motoqueiros que se revela um ninho de vampiros, onde eles deveriam aguardar o resgate do traficante Carlos.


Salma Hayek no filme
Quase 20 anos depois, duas continuações lançadas diretos pra locação (uma delas com Sônia Braga), George Clooney oscarizado, a mitologia dos vampiros devassada de todas as formas e um canal a cabo de Robert Rodriguez todo dedicado ao público latino resulta na série "Um Drink no Inferno", que no original se chama "From Dusk Till Dawn" (do anoitecer ao amanhecer), que internacionalmente está sendo distribuída com episódios semanais pelo Netflix.

Satânico Pandemonium já vive na cabeça de Richie Gecko 
Se no original tínhamos dois irmãos cruéis que matam policiais e civis sem qualquer pudor, na série há mais camadas. Enquanto um apenas ameaça, o outro é contido pelo irmão por matar sem pensar nas consequências. No filme o irmão vivido por Tarantino era um maníaco sexual com ações infantis, agora ele é um cara que alucina, o que justifica suas ações brutais. E agora há um policial no encalço dos irmãos em busca de justiça e vingança.

A família Fuller estará de volta na série
O primeiro episódio se mantém na loja de bebidas, que é a sequência de abertura do filme, o que indica uma estrutura parecida com a série "24", com toda a temporada ocupando um único dia na vida dos irmãos. Assim eles honram o título "do anoitecer ao amanhecer". Talvez a série consiga escapar do formato da série "Sobrenatural", que também trata de dois irmãos, tendo um deles um contato maior com o sobrenatural, mas usa o esquema "monstro da semana".

A mitologia toda foi claramente amplificada, com o traficante Carlos (vivido pelo eterno Fez de "That's 70s Show", Wilmer Valderrama)  tendo consciência do que os espera no bar que ele escolhe como ponto de encontro. Enquanto no filme a intenção do traficante era simplesmente eliminar os irmãos, na série suas intenções são mais obscuras, e ele ainda avisa o irmão racional "Escute seu irmão, porque ele vê coisas que você não vê".

diretor ao centro 
Com uma estrutura aparentemente fechada, cabe uma produção primorosa, que pode algumas vezes parecer arrastada por valorizar o que está sendo contado. A marca de seus autores Rodriguez/ Tarantino estão lá, mesmo porque o piloto foi dirigido pelo próprio Robert Rodriguez.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Parem de escalar brancos pra personagens de cor


Cinema é considerado a sétima arte, mas será que nos dias de hoje Hollywood (na maior parte do tempo) ainda dá pra ser considerado arte?  Ainda mais em tempos em que os atores se sobressaem aos filmes em si. O fato é que a abrangência e, quem sabe, influência destes filmes ditam culturas, modos e sabe-se lá o que mais. Foi nessa linha de pensamento que a Sociedade de Nativos Americanos resolveu mostrar sua indignação pela escalação da atriz (branca) Rooney Mara ("Os Homens Que não Amavam as Mulheres", "Rede Social") pra viver a Princesa índia Tigrinha na nova adaptação live action de Peter Pan aos cinemas, intitulado apenas de "Pan", como os chocolates.

Rooney Mara
Nada contra a ótima e abastada Rooney Mara, nem contra o ótimo Joe Wright ("Orgulho e Preconceito", "Desejo e Reparação", "Anna Karerina"), diretor dessa nova adaptação, mas a Warner realmente deu um tiro no pé ao afirmar pra revista "Variety" sobre a nova escalação que "O mundo (Terra-do-Nunca) está sendo criado como multi-racial/internacional - e um muito diferente personagem do que antes previamente imaginado". Nem dá pra dizer que eles estejam mais focados na nacionalidade dos atores, já que Hugh Jackman, branco e contratado pra viver o Barba Negra, é um dos poucos estrangeiros por ser australiano. Garrett Hedlund, branco que viverá Gancho (antes de ser capitão) é estadunidense. A coisa só melhora com o nome de Adeel Akhtar, ator britânico de origem indiana que viverá Smee, o capacho de Gancho.

Tonto e o Cavaleiro Solitário na série original
Mesmo que o posicionamento da Warner de dizer uma coisa, e agir de outra não seja oficial, mas apenas fruto de um artigo, o problema não é recente. A Sociedade também já havia manifestado preocupação com Johnny Depp vivendo um dos personagens nativo americano mais icônicos da cultura pop, o Tonto de "O Cavaleiro Solitário", mesmo que o ator já tenha desde 2002 dito que acredita ser . Segundo a Sociedade, através da petição, "esta escalação é particularmente vergonhosa pra um filme para crianças, ao dizer para elas que seus exemplos de modelo são todos brancos é inaceitável". 

Se você compartilha do mesmo sentimento da Sociedade dos Nativos Americanos, e acha que não apenas a Warner, mas todos os estúdios devam pensar em todas as cores e raças, pode acessar a petição aqui, mesmo que o número de assinaturas já esteja quase alcançado.

terça-feira, 18 de março de 2014

We used to be friends...


A long time ago, we used to be friends.

Era com essa frase que a música de abertura indicava o início de uma das melhores séries dos idos dos anos 2000, mais precisamente entre 2004 e 2007: Veronica Mars!

Nela brincávamos de detetive com a personagem título - interpretada pela bela Kristen Bell - no modelo caso da semana + caso da temporada, este último que se desenrolava ao longo dos episódios. Foram 64 no total, distribuídos em 3 ótimas temporadas que deixaram seus fãs, conhecidos como 'marshmallows' (preste atenção a uma homenagem logo no início), tristes e sem um final satisfatório. Na época os rumores foram que o criador Rob Thomas escrevera um roteiro para o filme que mostraria o final definitivo, mas que nunca foi aprovado pelos executivos da Warner.

Pois bem, 9 anos se passaram e a força/insistência dos 'marshmallows' saiu vitoriosa: na mais bem sucedida campanha do Kickstarter quase 100 mil fãs contribuíram em apenas 1(!) dia com os milhões necessários para que o longa acontecesse. E na última sexta, dia 14, Veronica Mars - The Movie foi disponibilizado em cinemas nos EUA e on demand, na internet. E como é bom revisitar Neptune!

A equipe reunida!

Roteirizado pelo próprio Rob Thomas, encontramos os personagens nove anos depois dos eventos do último episódio. Veronica vive em NYC com Piz, que trabalha em uma rádio. A jovem tem uma vida trivial e, quase formada em direito, busca emprego num dos maiores escritórios de advocacia da cidade... Mas é aí que um crime envolvendo Logan Echols a faz retornar à Neptune que havia deixado para trás. O ex é acusado de matar sua atual namorada, uma cantora pop de sucesso (e que também estudou com Veronica).

O retorno à cidade dá a deixa para o aparecimento de diversos personagens que conhecêramos anteriormente, dando ao fã antigo um sentimento de nostalgia emocionante. São várias as referências e Rob Thomas as torna muito bem inseridas dentro do contexto do crime, que segue os passos de uma das antigas temporadas condensado em apenas duas horas. É divertido saber o que aconteceu com Weevil, Wallace, Dick, Mac e Keith Mars. Thomas concebeu uma pequena introdução que traz um resumo para situar aqueles que nunca ouviram falar da jovem detetive. Percebe-se nos atores a diversão que deve ter sido retomarem seus antigos personagens! Destaque para Dick, com seus comentários hilários.

É fato que o pouco tempo (quase 2 horas) torna o desenvolvimento bem mais expositivo, mas nada que atrapalhe na diversão. É um bom filme de detetive e uma ótima forma de revisitar a série.

O filme amarra todas (ou quase todas?) as pontas soltas. Seria esse um sinal de que talvez vejamos mais da família Mars no cinema? Bom, é aproveitar esse e esperar para ver o que nos guarda o futuro...