sábado, 8 de janeiro de 2011

Nós sentimos, vimos os sinais e agora está acontecendo!

No último dia de 2010 e nos primeiros dias deste ano, milhares de pássaros morreram mundo afora. Foram milhares no estado do Arkansas, e 500 na Louisiana, nos EUA. Dezenas na Suécia e centenas na Itália. Também no Arkansas, 100 mil peixes amanheceram mortos, assim como 60 toneladas no Paraná. Isso sem contar os casos de mortes de cardumes espalhadas durante todo o ano de 2010.
Em 2007, os EUA também viveram um grande mistério. Mais de 24 estados sofreram o sumiço de mais de 50% de suas abelhas, o que causou sérios problemas para a agricultura. Não haviam corpos ou pistas dos motivos que fizeram milhares de abelhas abandonarem as colméias e as rainhas, e o mistério ainda perdura. Hoje sabemos que o problemas atingiu parte da Europa e até mesmo o Brasil. Uma das causas apontadas hoje em dia são as lavouras transgênicas, mas ainda não se sabe como isso afeta de fato as abelhas.
Assim começa o filme que ousarei defender filosoficamente hoje. Fim dos Tempos começa com o professor de ciências vivido por Mark Wahlberg questionando seus alunos sobre o que teria acontecido com estas abelhas. A conclusão na sala de aula é que ainda é um mistério. A trama segue ele e sua esposa fugindo de uma estranha epidemia que faz as pessoas se suicidarem da primeira e pior maneira possível. O filme de M. Night Shyamalan foi lançado em 2008 no Brasil com este título de filme-catástrofe, apesar do título original ser apenas "O Acontecimento". Mas de fato o filme é um filme-catástrofe, mas não como o título pode remeter a 2012, O Dia Depois de Amanhã e Independence Day, mas muito mais filosófico e subjetivo que Sinais, o filme de invasão alienígena que o diretor lançou com sucesso em 2002. O filme tem um suspense barato, mas com engajamento, metáforas e ambiguidade.
Fim dos Tempos foi lançado ainda na esteira da polêmica do diretor com a Disney, sua parceira desde O Sexto Sentido. O diretor insistia no complicado (mas pra mim nada confuso) roteiro de A Dama na Água, e com o sucesso de A Vila tudo o que os executivos não iriam querer dele seria um conto de fadas sem tom político, então o diretor rompeu com o estúdio alegando não ter mais liberdade. A briga do diretor até rendeu um livro "O Homem que Escuta Vozes: Ou, como M. Night Shyamalan arriscou sua carreira num conto de fadas" de Michael Bamberger. A Warner bancou A Dama na Água, mas o filme foi (infelizmente) um fracasso gigante de público e crítica, e o diretor foi fazer seu próximo filme na 20th Century Fox. Inicialmente o projeto tinha o título de "The Green Effect" (Efeito Verde), e só foi aprovado após mudança do título e extensiva mudanças no roteiro. Mesmo assim o filme recebeu a tão temida classificação R (menores de 17 anos só podiam assistir acompanhadas de um adulto) nos EUA.
Então o filme trata dos temas ambientais atuais citados no começo do texto, e que muita gente acha chato. E mais do que falar de como a natureza reage as nossas intervenções, o filme fala sobre como reagimos a tudo. Não à toa o diretor queria Amy Adams no papel da esposa do professor, e sem ter esta atriz escolheu a diva indie Zooey Deschanel. Ele queria uma atriz que parecesse alheia aos acontecimentos ao seu redor. Isso fica claro no fato da personagem ter apenas uma preocupação durante quase todo o filme: seu celular e um segredo que ela guarda nele. O mundo está acabando e ela só pensa no celular? É como estamos vivendo hoje. Muita gente acha este o pior filme do diretor, talvez pelo fato do diretor ter usado uma brisa como materialização do mal, fazendo assim homenagem a clássicos do suspense e cinema B como Os Pássaros  e Anjo Exterminador; ou talvez pelos personagens não se desenvolverem como se espera num roteiro do diretor, mas como disse, os personagens estão mais preocupados consigo mesmos.
Nunca saberemos como seria o roteiro como o diretor o imaginou, sem a preocupação de deixá-lo mais comercial, mas acredito que o conceito moral que ele queria passar ainda está ali, o de que não estamos nem aí pra porra da natureza, contanto que possamos comprar nosso iPhone 4 e comemorar a virada do ano novo.
Em tempo, o filme seguinte do diretor O Último Mestre do Ar é o primeiro roteiro adaptado (de uma série animada) e é tecnicamente incrível, mas sofre do mal de ter de ser comercial e do roteiro mais preguiçoso que M. Night poderia escrever.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

REALITY IS A PRISON...


2011 promete.
E um dos filmes que desde os primeiros boatos capturou completamente minha imaginação foi Sucker Punch, nova produção de Zack Snyder. O diretor já nos brindou com filmaços como Madrugada dos Mortos (2004), 300 (2006), Watchmen (2009) e dirigirá a nova tentativa de criar um bom filme do Homem de Aço nos cinemas. Mas já agora, em 2011, pretende explodir nossas cabeças com um mundo surreal, como aponta o subtítulo que o filme recebeu aqui no Brasil.


A trama gira em torno de uma jovem garota internada por seu pai adotivo em uma instituição para pessoas “mentally insane”, como diz a placa da Lennox House. Sua forma de lidar com a situação é sublimar, refugiando-se em sua própria realidade alternativa e começando a arquitetar um plano para fugir. Insano, eu sei... Mas foi isso que me deixou tão interessado. Isso, a arte já apresentada e o fantástico trailer, que você pode conferir no final deste post.




Contando com Emily Browning, Jena Malone e Vanessa Hudgens com nomes cool como Babydoll, Rocket e Blondie, o diretor credencia o filme como digno dessa expectativa. Sendo exímio em criar ambientes graficamente irrepreensíveis, Snyder é também um dos roteiristas. Sua apresentação fez grande sucesso na Comic Con do ano passado, tendo sido acompanhada por centenas de fãs. Deve aparecer nas telonas brasileiras por volta de Março.

Ok. Estamos no aguardo...

YOUR MIND CAN SET YOU FREE!


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Trust - Classificação por faixa etária

Durante as aulas de redação que tinha na minha adolescência escrevi um texto bastante violento e denso contando a história de um massacre na escola em que estudava. Era uma tentativa de escrever algo completamente fora das possibilidades dentro de um ambiente bem conhecido. Tive de lê-lo na frente da turma, sendo ovacionado pela classe pelo óbvio uso demasiado da palavra 'sangue', mas a professora detestou e pediu que eu escrevesse algo pacífico. Então voltei para a frente e li a história de um garoto que leva arma para a escola, é descoberto antes de uma tragédia e convencido pelos colegas a desistir de fazer qualquer bobagem. A professora também não aprovou e disse que se eu quisesse falar de paz, não poderia usar armas, ou usar argumentos violentos.
Talvez este também seja o pensamento da MPAA (Motion Picture Association of America), entidade estadounidense que classifica os filmes por faixa etária. O sistema criado em 1968 é utilizado da mesma forma até hoje, e é muito criticado pelos conservadores que o acham complacente e pelos liberais que o acham uma restrição a liberdade de expressão ou simplesmente um sistema ultrapassado que deveria ser refeito.
Vira e mexe um filme se envolve em escândalo e acaba ganhando publicidade gratuita ao ter seus realizadores apelando para diminuirem a classificação etária. Foi o caso, por exemplo do longa de South Park, que pra arrebentar nas bilheterias precisaria ter uma classificação baixa, mas ganhou a R (menores de 17 anos só podiam entrar acompanhadas de um adulto). Mas o maior interesse em classificações baixas é dos estúdios que querem o dinheiro, e não necessariamente dos realizadores, que querem ver sua obra como ela foi concebida.
Não é o caso de Trust, o novo filme do ator David Schwimmer (o Ross do seriado Friends). Depois de se aventurar no ramo da comédia com o elogiado Maratona do Amor, ele resolveu dirigir um filme de vingança com um tema bem atual. O filme conta a história de uma menina de 14 anos que é atraída pra um hotel por um predador sexual da internet, e quais as consequências para ela e sua família (Clive Owen e Catherine Keener). A MPAA deu classificação R por considerar "material perturbador envolvendo o estupro de uma adolescente, linguagem e conteúdo sexual, e alguma violência", e David recorreu (e perdeu), pois para ele o filme deve ser assistido por adolescentes como uma forma de alerta sobre o uso da internet.
E aí entra minha professora falando que se ele quisesse alertar sobre o uso da internet por adolescentes não poderia usar ou mostrar violência. Não... acho que neste caso minha professora e a MPAA estão enganadas.
Esta entidade não nos afeta diretamente, mas influi em como o filme será distribuído tanto lá quanto no resto do mundo.
Trust foi exibido pela primeira vez em setembro no Festival de Toronto e deve ser lançado nos EUA em abril, com classificação R.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Televisão: O novelo que (des)enrola

Sim, nosso primeiro post sobre televisão é sobre novelas, mais necessariamente a novela "Ti Ti Ti", afinal por que não? Quem nunca assistiu novela? Podemos não assistir mais, devido a dezenas de tramas horríveis e atores-modelos sofríveis, mas todo mundo já assistiu. Novelas são o principal produto da televisão brasileira, e têm influenciado a opinião e a aceitação ideológicas do público há décadas. Atualmente elas são o curinga da tv, quando não encontramos nada pra assistir, vamos visitar um parente ou não queremos realmente prestar atenção, é nelas que deixamos, quando realmente não a acompanhamos.
Janete Clair, a maior novelista que o país já teve, dizia que novela é oque o nome diz, um novelo que vai se desenrolando (ou seria nos enrolando?). Mas não quero entrar no mérito ideológico e moral das telenovelas, e nem na Globo versus Record versus SBT versus Televisa, mas nos detalhes que na minha opinião fazem de TiTiTi a melhor novela no ar atualmente.
André Spina/ Jacques Leclair (Reginaldo Faria) e
Ariclenes/ Victor Valentim (Luís Gustavo)

Em 1979 a Globo teve um grande êxito no horário das 19h com a comédia Feijão Maravilha, que fazia referência às chanchadas da Atlântida (Grande Otelo, Dercy Gonçalves...), e desde então investiu em comédias para o horário. Cassiano Gabus Mendes foi o autor campeão de comédias de sucesso neste horário nos anos 80, e sempre elogiado por elas.
A principal comédia do autor foi a inesquecível Que rei sou eu? de 1989, mas em 1985 ele escreveu "Ti Ti Ti", que mostrava a briga de dois homens inimigos de infância (Reginaldo Faria e Luís Gustavo) nos bastidores do competitivo mundo da moda, com direito ao romance proibido de seus filhos (Malu Mader e Cassio Gabus Mendes) e o disputado batom Boka Loka. Então as 19h ficou marcado para comédias, mas não é fácil seguir a cartilha, e é cada vez mais difícil que novelas neste horário tenham êxito de público e crítica.
Então o interesse da Globo em fazer remake para manter o horário chamou a atenção da autora Maria Adelaide Amaral, que aceitou a tarefa de trazer TiTiTi para os dias de hoje. Ela iniciou a carreira na tv co-escrevendo Meu bem, meu mal com Cassiano, e mesmo preferindo escrever minisséries (A muralha, A casa das sete mulheres, Queridos amigos) ela já havia feito o remake de Anjo Mau (também de Cassiano) em 1997.
Com o tempo as novelas ficaram mais recheadas para atender ao público cada vez mais voraz, então Maria Adelaide resolveu misturar mais uma novela de Cassiano Gabus Mendes. E aí está o meu interesse: nada se cria, tudo se transforma. Assim a trama principal continuaria sendo a briga de cão e gato dos estilistas, mas permeada por outras tramas que pudessem agradar a um público maior.
Marcela (Ísis Valverde) e Edgar (Caio Castro)
O romance, antes representado pelos filhos dos protagonistas, agora é da personagem Marcela (Ísis Valverde), que grávida de um homem que a desapontou foge pra outro estado com um amigo rico, que morre no acidente, e então ela começa a viver a farsa de dizer que o filho é dele, mas se apaixona pelo "cunhado". Esta trama é exclusiva da novela Plumas e Paetês de 1980, onde Elizabeth Savalla interpretava Marcela. Na trama original, o autor Silvio de Abreu ao escrever os capítulos finais no lugar de Cassiano, mudou a personalidade de Marcela para vilã e a matou no final. Na atual novela, ela é uma sofredora obrigada a viver a farsa para que a mãe do amigo morto no acidente não descubra que ele era gay, e precisa melhorar os conceitos morais do amado "cunhado" e da família. Ou seja, temas mais atuais. O interessante é ver que a autora resolveu vários conflitos morais importantes muito antes do final, como a questão do preconceito sexual e a própria farsa, deixando os personagens soltos pra crescer neste emaranhado de tramas sem a preocupação de manter-se na trama original.
Há também uma trama secundária originada de Plumas e Paetês vivida por Christiane Torloni, onde ela vive uma viúva que precisa cuidar da empresa do falecido marido, mas passa a ser assediada por um operário e um diretor da fábrica. Originalmente o papel foi de Eva Wilma e tinha tom cômico, que foi abandonado para mostrar uma mulher em ascensão.
Há de se perceber ainda que havia um plano B para a personagem de Torloni. Ela também poderia ser uma viúva que descobre que o falecido marido deixou todo o dinheiro para uma segunda e humilde esposa, já que seu marido (Paulo Goulart) morreu a traindo e após fazer negócios não muito lícitos. Esta trama seria originada de Brega & Chique de 1987, onde o marido volta com novo rosto revelando que tudo não passou de um golpe.
Jaqueline (Claudia Raia) com calor num momento pastelão
E o melhor desta novela é trazer de volta o espírito de comédia, e até mesmo das chanchadas. A personagem de Claudia Raia está muito mais expansiva e caricata que a original encarnada por Sandra Bréa, e são dela os diálogos que transmitem toda uma celebração as novelas de comédia. Assim como Sawyer da série estadounidense Lost, ela apelida os outros personagens, e usa referências. Em alguns momentos ela chamou a personagem de Malu Mader de Fera Radical, e Christiane Torloni de Gata Comeu, títulos de novelas que as atrizes protagonizaram.
E como muitos dos atores veteranos fizeram a versão original, a autora brinca de colocá-los pra contracenar com as versões atuais de seus personagens dos anos 80, e são sempre cenas que deixam claro a homenagem.
Concluo com certa tristeza que novelas foram feitas para serem escritas conforme o público, mas ainda defendo que isso deve ser feito com cuidado moral, pois ninguém precisa jogar na cara da sociedade suas hipocrisias, mas pode muito bem mostrar o caminho da verdade. Mas infelizmente não anda acontecendo muitas renovações de autores, o que está prejudicando muito a manutenção da teledramaturgia que um dia foi tão forte, por isso TiTiTi (que acaba sendo um triste retrato nostálgico) é um oasis num deserto tomado por novelas como Passione, que é um retrocesso criativo que ainda ousa chamar o mesmo telespectador que a faz seguir adiante de burro.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Bela e talentosa


Nascida em 9 de Junho de 1981, Natalie Hershlag - ou Natalie Portman, como é conhecida no mundo do cinema - vem construindo uma carreira sólida como atriz, sendo sinônimo de bons filmes (e/ou atuações). A israelense (sim, ela nasceu em Jerusalém!) apareceu ainda bem jovem, no filme O Profissional, ao lado de Jean Reno. Depois de alguns outros filmes, atingiu o estrelato ao viver a rainha Amidala na nova trilogia de Star Wars. Em 2004, atuando ao lado de Clive Owen e Julia Roberts recebeu uma indicação ao Oscar por Closer - Perto Demais.

Vive, geralmente, mulheres / garotas mais maduras do que denotam suas idades. Evolui a cada filme, oferecendo ao espectador interpretações vibrantes e no tom certo. Como já disse, garantia de algo de bom. Nesse ano que se inicia ela fará parte de grandes produções: Thor, The Other Woman e Cisne Negro (2010) que estréia por aqui em Fevereiro.

Aclamado pela crítica no exterior, o novo filme de Darren Aronofsky (diretor de O Lutador, entre outros) conta a história de uma bailarina que consegue o papel principal para O Lago dos Cisnes tendo facilidade em viver o Cisne Branco, mas grande dificuldade em viver o Cisne Negro do título. Contando com Natalie no papel principal, o filme também tem Mila Kunis (a Jackie do seriado That's 70s Show), Vincent Cassel (o marido de Monica Belucci) e Winona Ryder (que também foi bastante elogiada). A produção está sendo apontada como candidata aos grandes prêmios. Parece que dessa vez Natalie tem grandes chances de ganhar o Oscar que já merecia em 2004.

O trailer é super tenso e sombrio. Aronofsky normalmente consegue tirar o melhor de seus atores e é um exímio contador de histórias intimistas (vide O Lutador e A Fonte da Vida). Fica a dica para esse novo ano, em que o cinema traz grandes produções.

PS.: Natalie acaba de anunciar sua primeira gravidez. O felizardo é seu atual noivo, o coreógrafo de Cisne Negro.