sábado, 30 de julho de 2011

Como Se Dar Bem nos Negócios Sem Realmente Tentar ou Harry Potter Canta e Dança (?)

Em minha visita aos EUA pude assistir ao musical How To Succeed in Business Without Really Trying (Como se dar bem nos negócios sem realmente tentar) na Broadway, e como foi uma experiência singular e o tema se encaixa em várias discussões, inclusive ao final da saga Harry Potter, resolvi escrever, mesmo sabendo que as chances deste musical vir a ser montado no Brasil sejam praticamente nulas.

O musical está em destaque na atual temporada da Broadway devido a presença de Daniel Radcliffe, o Harry Potter nos cinemas, como o protagonista J. Pierrepont Finch. E sim, ele surpreendentemente é capaz de atuar, dançar e cantar ao mesmo tempo com naturalidade. Mas ele não é a única atração desta remontagem.

Em 1952 o escritor americano Shepherd Mead escreveu o livro de mesmo nome, dando instruções satíricas sobre como se dar bem no mundo corporativo, baseado em sua experiência em agências de publicidade pelo mundo. O livro se tornou um best-seller instântaneo, e ajudou a estabelecer a imagem corporativa dos estadunidenses em todo o mundo. Em 1961 foi levado aos palcos da Broadway em forma de musical, com um personagem seguindo à risca as instruções do livro. Esta montagem ganhou 7 Prêmios Tony (o Oscar do Teatro), o Prêmio dos Críticos de Drama de Nova Iorque e o Pulitzer de Melhor Drama (prêmio máximo das artes que costuma agraciar 1 musical por década). Em 1967 foi a vez de Hollywood levar o musical para as telonas, com o mesmo elenco dos palcos.
o bizarro pôster da montagem original

A história do musical mostra J. Pierrepont Finch (Radcliffe), um jovem lavador de janelas de uma grande agência de publicidade, que lê e segue rigorosamente as instruções do livro "Como se dar bem nos negócios sem realmente tentar" (nesta remontagem o livro é narrado pelo jornalista da CNN Anderson Cooper). Arquitetando encontros aparentemente acidentais com o presidente da empresa J. B. Biggley (John Larroquette, vencedor do Tony de melhor ator coadjuvante neste ano), ele vai conquistando todos à sua volta, e sem querer o coração da secretária Rosemary Pilkington (Rose Hemingway) que talvez seja a única a enxergar o verdadeiro Pont por trás do ambicioso Finch. Mesmo sem estudo, o rapaz passa de lavador de janelas a vice-presidente da empresa, e não mede esforços pra derrubar quem esteja no seu caminho.

Foi curioso ver Daniel interpretar uma espécie de anti-herói americano, muito diferente de seu famoso personagem bruxo. Mas como todo bom conto americano de superação e ambição, o fato do personagem não ter ética pra se promover é ignorado ao final, e gestos onde ele manipula o mal para parecer o bem são mostradas de forma positiva (como na cena em que ele recebe o convite para uma promoção, e a rejeita passando para seu atual superior, um senhor que está no mesmo cargo há 25 anos, quando na verdade ele ambiciona um cargo ainda maior, e sabe que seu ato o colocará em visibilidade), e os personagens que ele derruba, apesar de terem os mesmos atos de Finch, são mostrados comicamente como merecedores de seus destinos. Mas o amor sempre vence, e passa por cima das questões éticas. 

Não que isso torne o espetáculo inferior, afinal como o título da remontagem deixa claro, se trata de uma comédia musical, e como o livro, uma sátira de toda essa falta de decoro corporativo. Porque infelizmente, como na vida real, todo bom canalha se dá bem. Me vem sempre à mente o filme À Procura da Felicidade estrelado por Will Smith, baseado em fatos reais, que mostra um homem que põe em risco sua família ao não aceitar qualquer emprego, e fazendo sua esposa trabalhar praticamente sozinha pra sustentá-los, em busca do sonho de se tornar um executivo. No final, por um acaso insistente, ele consegue se tornar um executivo, mas o fato de ter estressado sua esposa ao ponto dela fugir tentando lhe dar mais responsabilidade, e de ter feito seu filho dormir na rua pela falta de dinheiro não contam negativamente. A única coisa que conta é o sonho americano e aqueles que não acreditaram neste sonho. Eu não acredito neste sonho em detrimento de outras pessoas.
Sarah J. Parker e Broderick

Robert Morse, ator da primeira montagem, venceu o Tony de melhor ator em musical, e hoje está na premiada série Mad Men, exibida no Brasil no canal HBO, que fala exatamente sobre o mundo publicitário nos anos 60. O produtor da série já disse ter usado o musical como referência na criação da série, e deu a entender que o bem sucedido Bertram Cooper que Morse interpreta seja uma alusão ao personagem Finch, que se deu bem sem muito esforço. Mathew Broderick também ganhou o Tony numa remontagem em 1995, que também tinha Megan Mullally (a Karen da série Will & Grace) e depois a futura esposa de Broderick, Sarah Jessica Parker (Sex & The City) como Rosemary.

"Been a Long Day" no elevador
A última edição do Tony não agraciou Daniel Radcliffe, que está apenas em seu segundo espetáculo teatral, sendo o primeiro o polêmico Equus, que falava sobre a iniciação sexual de um rapaz e sua amizade com um cavalo, e onde o ator aparecia nu. Mas não me resta dúvidas sobre a perseverança, disciplina e capacidade do ator em se tornar de fato um ator. No espetáculo ele canta bem e de acordo com as características do personagem, dança em praticamente todas as músicas, inclusive se jogando no chão e fazendo coisas de um ginasta, e atua com tamanha personalidade que é capaz de colocar uma piada interna referente ao episódio do Tom Cruise declarando seu amor a Kate Holmes no programa da Oprah. E lembrar que ele é o mais rico inglês com menos de 30 anos, e que o espetáculo de mais de 2 horas de duração é exibido 2 vezes ao dia, ao menos 5 vezes por semana desde março só aumenta a admiração ao ator.

Abaixo estão dois clipes do musical. O primeiro começa com diversos flashes do espetáculo ao som da música tema, e mostra trechos de vários dos mais de 30 números, e o segundo é uma apresentação completa no Tony Awards deste ano do número "Brotherhood", onde Finch precisa se safar de sua primeira e muito mal sucedida campanha publicitária como vice-presidente, e pra isso ele tenta tocar o lado sentimental do maior acionista da empresa falando sobre como os funcionários da empresa são unidos como uma irmandade.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Games: Prince of Persia - The Forgotten Sands

Quando foi lançado em 2003 para PC, PlayStation 2 e XBox, o jogo Prince of Persia - The Sands of Time praticamente revolucionou para sempre a indústria de videogames. Ganhou diversos prêmios e muitas cotações positivas. Também pudera, a Ubisoft Montreal pegou um jogo de aventura famoso nos computadores desde os anos 80 por sua simplicidade e eficácia, e o transformou num jogo de mundo tridimensional com cenários de cores e luzes impressionantes, trilha sonora cinematográfica, trama surpreendente e ágil, puzzles desafiadores, batalhas épicas com espadas, o poder de voltar ao passado lhe poupando de um game over e um personagem que se movimenta baseado no esporte moderno do parkour. A primeira vez que o príncipe saltava por cima de um inimigo surpreendia e conquistava o jogador. A Ubisoft tinha nas mãos uma franquia.

Duas sequências diretas ao jogo vieram, mas ao acrescentar novos elementos e tentar conquistar outros tipos de jogadores, não conseguiram o mesmo feito de Sands of Time, e falharam em vendas e crítica. Tanto que o quarto jogo foi um reboot, com visual mais artístico, e fora da saga das areias do tempo, e novamente não conseguiu o sucesso do original de 2003.

Pra se ter idéia da força que o jogo original teve, vale lembrar que a Disney e o produtor Jerry Bruckheimer (de Piratas do Caribe) compraram os direitos da trama e título para uma superprodução de 200 milhões de dólares lançado nos cinemas em 2010 estrelado por Jake Gylenhall e Sir Ben Kingsley, mas as intervenções feitas no roteiro resultaram num filme morno que não garantiram sequências. Então era uma questão de tempo até que a Ubisoft percebesse que deveria voltar às origens do primeiro jogo.

Prince of Persia - The Forgotten Sands lançado em 2010 para várias plataformas, como o título diz (As Areias Esquecidas) seria um jogo diretamente ligado ao primeiro, tanto que sua trama se passa imediatamente após os eventos de Sands of Time. No primeiro jogo o príncipe Dastan precisa lidar com uma horda de zumbis que foram trazidos à vida por um ganancioso que usa o artefato das areias do tempo para se tornar rei, e pra isso o protagonista usa a adaga do tempo, que lhe dá a habilidade de voltar alguns segundos no tempo. Neste novo jogo, o príncipe ganha a ajuda de seu irmão pra terminar de eliminar as criaturas e os inimigos políticos do palácio, mas descobre que seu irmão mais velho não é tão merecedor do trono, quando desperta um demônio adormecido que pode piorar as coisas na Pérsia.

O príncipe original
Toda a história não atrapalha a continuação da trama no jogo The Warrior Within, que era até então a verdadeira continuação de The Sands of Time, mas fracassa talvez exatamente pela falta de relevância. O jogo acabou ganhando cotações abaixo das expectativas pelo visual inferior ao original, e por ter um começo bem maçante que não revela nada de novo. Mas é no decorrer que estão as agradáveis surpresas do jogo. Dastan ganha poderes para manipular água, fogo, terra e ar, mesmo que na maioria das vezes seja na forma de ativação desses poderes por um simples botão para enfrentar múltiplos inimigos. Através da adaga ele consegue congelar água, ganhando novos caminhos, e mais pra frente ele consegue acessar caminhos que não existem mais através das memórias da única personagem feminina do jogo, que dessa vez não participa da ação como em Sands of Time, mas já havia aparecido no jogo original. Criado em cima da engine de Assassin's Creed II (tanto que entre os extras está jogar como Ezio), o jogo consegue desta vez mostrar várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, como quando ele está escalando e você consegue ver uma batalha imensa no chão, coisa que não acontecia no primeiro jogo por óbvias questões técnicas.

Com o tempo o jogo vai ganhando ritmo, e termina numa fase que lembra de maneira positiva a primeira fase de God of War 3. Mas a fórmula nunca mais foi a mesma, talvez pela falta da personagem feminina, talvez pela utilização tímida das ferramentas de manipulação dos elementos (que podem ser aprimoradas em próximos jogos) ou talvez pela história que pouco tem a acrescentar e empolgar. Mas torcemos para que eles consigam fazer um jogo onde possamos voltar a nos importar de verdade com as desventuras do príncipe.

SUCKER PUNCH - Mundo Surreal


SUCKER PUNCH - MUNDO SURREAL é mais do que um filme. Assistir ao mesmo pode ser encarado como uma experiência selvagem e maravilhosa. Temos um épico de ação/fantasia em que um grupo de mulheres vestindo uniformes apertados batalham contra um sem número de inimigos. O objetivo: sua liberdade! O mais interessante: essa liberdade é abordada de forma metafórica e ressoa como uma clareza de pensamento.

Zack Snyder, conhecido por seu trabalho em 300 e Watchmen, cria uma história carregada com o estilo de HQ. A energia e a sexualidade irrompem de cada uma das cenas muito bem coreografadas. A fantasia do filme salta aos olhos, mas serve tão e somente para aliviar um conto com contornos e tema pesados.

Baby Doll (Emily Browning) sofre muito logo nos créditos iniciais, onde é confrontada com a morte de um ente querido e a ação violenta de um padrasto sem escrúpulos. Sua tentativa de proteger a irmã acaba sendo ineficaz e ela acaba em uma espécie de manicômio judiciário. O vilão paga uma soma em dinheiro para que a menina seja o mais rápido possível lobotomizada e não possa, assim, contar o seu lado da história.

A partir deste momento somos apresentados a suas companheiras de instituto (cada uma representando caracterísitcas próprias do universo feminino) e passamos a viajar pela mente de Baby Doll. A intenção é mais do que clara, por parte de quase todas as meninas: escapar dessa prisão... ou será escapar de suas próprias mentes e do que as maculou a tal ponto de levá-las àquele local?

Confesso que a proposta da mente como uma prisão física e a possibilidade de mascarar "as pedras" no caminho como algo aterrador somente para criar maior motivação realmente me capturaram. Fabricar uma história que possa explicar e justificar os seus atos confere ao agente uma paz de espírito. É óbvio que, em um filme como esse, as cenas de ação são o carro chefe e elas estão lá, mas essa profundidade do roteiro pode surtir efeito e divertir aos que gostaram de A ORIGEM ou MATRIX, filmes que brincam com essa temática, cada um com a sua própria abordagem original. A bela sacada da terapeuta da instituição utilizar terapia teatral com as internas é de uma metalinguagem quase lírica.

Do ponto de vista técnico Snyder demonstra que suas experiências anteriores o fizeram aprender bastante. São cenas de tirar o fôlego, com um dos melhores usos do cinema atual para o slow-motion, coisa que ele já havia atingido em 300. O visual steampunk, onde avanços tecnológicos estão à frente do momento em que a história se passa é evidente. As atuações são boas, no tom certo. A temática transparece de forma arrebatadora nos olhos de Browning, principalmente na cena final.

O filme chega aos DVDs/Blu-Rays agora em agosto e pude assísti-lo um pouco antes graças aos meus amigos de LIGA, recém retornados dos EUA. Recomendo aos que gostaram do que viram nos filmes anteriores do diretor. Aos que não tiveram essa experiência, se arrisquem.

Recentemente, quando assisti ao último Harry Potter, uma frase ficou em minha mente. Dumbledore vira para Harry e diz algo do tipo: "Só porque está na sua mente, não quer dizer que não seja real". Eu acho que essa seria uma boa frase para estampar os cartazes de SUCKER PUNCH na sua divulgação. O surreal do título em português é, na verdade, relativo. Ou, como alguns falam do frio, é psicológico.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

LIVROS: Trilogia da Escuridão



Eles sempre estiveram aqui.
Vampiros.
Em segredo e na escuridão.
Esperando...


O assunto "vampiros" voltou à ativa nos últimos anos. Seja na série Crepúsculo (e a sua reletura sobre o monstro de caninos avantajados que agora brilha no sol) ou na série de TV True Blood (com seus vampiros que bebem sangue sintético), novamente as pessoas se sentiram atraídas pela história do ser notívago que se alilenta de sangue humano.

Paralelamente, nos últimos 10 anos podemos apontar Guillermo del Toro como um dos cineastas que mais se sobressaiu. Suas escolhas (entre elas o pulsante Blade 2, os endemoniados Hellboy 1 e 2 e o belo e sincero O Labirinto do Fauno) demonstram a predileção deste pelo gênero fantasia. Não de uma forma pueril, mas sim em um contexto que relaciona a ficção ao cotidiano das pessoas. O terror (ou horror) também sempre esteve presente nos roteiros escolhidos, ora como alegoria, ora como emoção latente e arrebatadora. O filme O Orfanato, produzido por Del Toro, atesta isso.

Era questão de tempo para que o assunto do momento e uma das mentes criativas do momento se cruzassem. Mas, quis o destino, que a mídia escolhida fosse outra que não o cinema. Guillermo del Toro assina, ao lado de Chuck Hogan, A Trilogia da Escuridão, que aborda exatamente uma hecatombe mundial gerada pelo surgimento dos seres da noite, primos dos morcegos.

Um Boeing 777 chega ao aeroporto JFK (NY) e permanece imóvel na pista. Luzes apagadas. Silêncio sepulcral. Todos estão mortos. O CDC (órgão responsável por lidar com as ameaças biológicas) é chamado e conhecemos Eph Goodweather, chefe do Projeto Canário, que se vê frente a frente a algo assustador e inexplicável.

É assim que começa a história do surgimento e propagação de um vírus vampiresco, por assim dizer. Pouco a pouco Del Toro e Hogan nos explicam (de forma detalhada) o que são as suas criaturas, a sua leitura do mito dos vampiros. Percebe-se claramente a mão do diretor em partes que quase saltam das páginas, provavelmente projetadas na mente do cineasta já como um filme, e a habilidade do escritor em colocar todo o clima de suspense necessário para que a trama funcione no papel.

Dois livros já foram lançados NOTURNO (The Strain) e A QUEDA (The Fall), sendo que o último tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2011, com o nome Eternal Night, ainda sem tradução para o português definida.

Fica a dica literária galera... Uma obra aterradora e vertiginosa, onde lemos uma atualização da lenda do vampiro contada de forma científica, no melhor estilo CSI. Uma pandemia mundial que pode significar a invasão de seres que ocupariam o topo da cadeia alimentar é de congelar o sangue nas veias. Além disso, o fascínio de Del Toro pelo horror/fantasia nos guia por uma viagem inesquecível. Superindicado!

Dê uma olhada no book-trailer que a Rocco preparou para o lançamento do primeiro livro no Brasil. Já dá uma ideia do que lhe espera. Boa leitura!

terça-feira, 26 de julho de 2011

O primeiro trailer de THE LEGEND OF KORRA

A San Diego Comic Con (SDCC) é uma feira (evento) que ocupa quatro dias do verão norte-americano. Ela foi organizada originalmente para reunir fãs de HQs (comics, em inglês) para que estes pudessem comprar, vender e discutir as diversas histórias da nona arte.

Com o passar dos anos ela evoluiu, crescendo muito e englobando muitos elementos da cultura pop, como cinema, livros, action figures, séries de TV, entre outros. Os paineis são extremamente concorridos, e o mundo do entretenimento mira os seus olhos para conhecer o que vem por aí.

A desse ano terminou no último final de semana e, no meio de muitas novidades, trouxe mais informações sobre THE LEGEND OF KORRA, série que emula e continua o universo de AVATAR : THE LAST AIRBENDER, sendo produzida pelas mesmas mentes criativas.

A nova animação acontece 70 anos após as aventuras de Aang, Katara e Soka. Korra, descrita como destemida porém rebelde, já dobra os elementos água, terra e fogo, indo em busca do aprendizado do último elemento, ar, com Tenzin, filho de Aang. A maior parte da trama se passa em Republic City, o centro moderno dessa nova época. A série promete um viés político, existindo um movimento de não-dobradores contra os dobradores de elementos.

O primeiro trailer da animação foi divulgado. Confira e deixe seus comentários:

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Bela e a Fera ON ICE


O conto A BELA E A FERA é bem antigo. Narra a história de um jovem príncipe que nega asilo, em uma noite fria, a uma feiticeira e acaba sendo transformado em um monstro, a Fera. Passa a viver isolado até que recebe a visita de Maurice que, perdido em uma viagem, acaba adentrando o castelo da Fera e vira seu refém. Bela, a filha de Maurice, vem de sua vila e toma o lugar do pai, tornando-se a nova encarcerada. Os empregados da Fera, que também sofreram o efeito da visita da feiticeira, tendo sido todos transformados em objetos encantados, criam esperança, pois a única forma de quebrar o feitiço é alguém se apaixonar pela Fera.

A bela moral da história, que nos exorta a nunca ficarmos somente com a visão exterior das pessoas, mas sim enxergarmos o que as pessoas são por dentro, tornou esse conto de fadas eterno, fazendo com que a casa criadora de fantasias chamada Disney investisse em um dos desenhos mais lindos (e premiados) de todos os tempos. A mágica transborda na telinha (ou telona) arrancando sorrisos de crianças, jovem e adultos. A trilha sonora é lembrada até hoje como uma das melhores já feita, tendo abocanhado inclusive prêmios Oscar, incluindo melhor canção.



Depois veio o musical, que nós brasileiros tivemos o privilégio de acompanhar alguns anos atrás. Com o selo da Broadway, uma produção impecável e bela, que contou com ótimas traduções para os seus números musicais e encantou a todos. Um figurino de tirar o fôlego e uma transformação final de Fera em príncipe que deixava todos a se perguntar "Como isso é possível?". A forma singela como as petalas da rosa mágica caem ainda ficam visíveis quando fecho os olhos e me recordo do espetáculo.

Eu achava que não havia mais formas de mostrar essa história acrescentando algo mais a esse clássico. Mas eu estava redondamente enganado.

A companhia britânica Wild Rose levou Bela, Fera, Maurice e os demais personagens para um novo ambiente: o rinque de patinação! A BELA E A FERA ON ICE é uma peça que mostra essa história de amor através de performances sobre o gelo, realizadas por patinadores da Russian Ice Stars, formada por ex-atletas vitoriosos nesse esporte. Com auxílio de letreiros mostrados nos telões, contam a história com números de patinação de cair o queixo, em dois atos de pouco mais de 40 minutos cada. É como se assistíssemos a uma exibição de balé, tamanha a perfeição no ritmo e na coreografia apresentada por todos os envolvidos. A leveza, velocidade, agilidade e destreza de cada movimento dão o tom certo e, mesmo sem os diálogos, as feições ajudam a "dança" a exprimir toda a beleza e significado que o conto carrega.

Figurino impecável, um cenário belo, que contava com um grande livro e, quando a cena mudava de locação, uma página do livro era movida, dando a sensação real de mergulhar na história. Muito interessante e criativo. A transformação da Fera em príncipe não é tão pirotécnica quanto a do musical, mas é muito bem feita e condiz com o resto da peça.

Fiquei embasbacado. E não fui o único, como atestaram os minutos de aplausos em pé que toda a companhia recebeu. É uma pena que só descobri o espetáculo agora no final (ontem foi a última apresentação), não podendo mais o indicar para vocês, nossos leitores.

Mas se você (como eu) retornou alguns anos atrás e se lembrou do que sentiu ao assistir ao desenho, fica a dica: aperte o PLAY e mergulhe no mundo encantado de A Bela e a Fera...