quinta-feira, 28 de julho de 2011

SUCKER PUNCH - Mundo Surreal


SUCKER PUNCH - MUNDO SURREAL é mais do que um filme. Assistir ao mesmo pode ser encarado como uma experiência selvagem e maravilhosa. Temos um épico de ação/fantasia em que um grupo de mulheres vestindo uniformes apertados batalham contra um sem número de inimigos. O objetivo: sua liberdade! O mais interessante: essa liberdade é abordada de forma metafórica e ressoa como uma clareza de pensamento.

Zack Snyder, conhecido por seu trabalho em 300 e Watchmen, cria uma história carregada com o estilo de HQ. A energia e a sexualidade irrompem de cada uma das cenas muito bem coreografadas. A fantasia do filme salta aos olhos, mas serve tão e somente para aliviar um conto com contornos e tema pesados.

Baby Doll (Emily Browning) sofre muito logo nos créditos iniciais, onde é confrontada com a morte de um ente querido e a ação violenta de um padrasto sem escrúpulos. Sua tentativa de proteger a irmã acaba sendo ineficaz e ela acaba em uma espécie de manicômio judiciário. O vilão paga uma soma em dinheiro para que a menina seja o mais rápido possível lobotomizada e não possa, assim, contar o seu lado da história.

A partir deste momento somos apresentados a suas companheiras de instituto (cada uma representando caracterísitcas próprias do universo feminino) e passamos a viajar pela mente de Baby Doll. A intenção é mais do que clara, por parte de quase todas as meninas: escapar dessa prisão... ou será escapar de suas próprias mentes e do que as maculou a tal ponto de levá-las àquele local?

Confesso que a proposta da mente como uma prisão física e a possibilidade de mascarar "as pedras" no caminho como algo aterrador somente para criar maior motivação realmente me capturaram. Fabricar uma história que possa explicar e justificar os seus atos confere ao agente uma paz de espírito. É óbvio que, em um filme como esse, as cenas de ação são o carro chefe e elas estão lá, mas essa profundidade do roteiro pode surtir efeito e divertir aos que gostaram de A ORIGEM ou MATRIX, filmes que brincam com essa temática, cada um com a sua própria abordagem original. A bela sacada da terapeuta da instituição utilizar terapia teatral com as internas é de uma metalinguagem quase lírica.

Do ponto de vista técnico Snyder demonstra que suas experiências anteriores o fizeram aprender bastante. São cenas de tirar o fôlego, com um dos melhores usos do cinema atual para o slow-motion, coisa que ele já havia atingido em 300. O visual steampunk, onde avanços tecnológicos estão à frente do momento em que a história se passa é evidente. As atuações são boas, no tom certo. A temática transparece de forma arrebatadora nos olhos de Browning, principalmente na cena final.

O filme chega aos DVDs/Blu-Rays agora em agosto e pude assísti-lo um pouco antes graças aos meus amigos de LIGA, recém retornados dos EUA. Recomendo aos que gostaram do que viram nos filmes anteriores do diretor. Aos que não tiveram essa experiência, se arrisquem.

Recentemente, quando assisti ao último Harry Potter, uma frase ficou em minha mente. Dumbledore vira para Harry e diz algo do tipo: "Só porque está na sua mente, não quer dizer que não seja real". Eu acho que essa seria uma boa frase para estampar os cartazes de SUCKER PUNCH na sua divulgação. O surreal do título em português é, na verdade, relativo. Ou, como alguns falam do frio, é psicológico.

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