quarta-feira, 24 de agosto de 2011

HQ: PROJETO MARVELS - O NASCIMENTO DOS SUPER-HERÓIS





"É um épico de espionagem moderno sobre os primeiros dias do Universo MARVEL, apresentando aquela época em uma grande história, o que nunca foi feito antes."

Com essa frase Ed Brubaker descreveu, na New York Comic Con em 2009, um dos grandes lançamentos da Casa das Ideias em seu aniversário de 70 anos: PROJETO MARVELS (The Marvels Projects - 2009). A minissérie, dividida em 8 edições, contou com os roteiros do próprio Brubaker e desenhos de Steve Epting, equipe responsável por uma grande fase na HQ do Capitão América. E é interessante notar a semelhança no tom da HQ e do filme do Bandeiroso, ainda nos cinemas.


A trama se passa nos anos 40 e claramente procura juntar, em uma única história, os vários pedaços soltos das origens de heróis no Universo MARVEL. É fato que podemos encontrar muito material na série OS INVASORES, em vários flashbacks na série OS VINGADORES e na própria CAPITÃO AMÉRICA e até na incrível MARVELS, mas nada consolidado. E essa é a proposta desta HQ, que é facilmente encontrada, em encadernado único, nas melhores lojas. Legal que as origens foram respeitadas, sem modificar nada no intuito de "melhorar" os arcos.


Tocha Humana, Capitão América, Nick Fury, Namor, todos envolvidos em uma trama durante a Segunda Grande Guerra que enfoca a corrida dos nazistas e dos americanos tentando desenvolver supersoldados. Além desses, personagens da TIMELY COMICS (antigo nome da MARVEL), como o Anjo, um combatente do crime nas ruas da Nova Iorque dos anos 30-40, são mostrados. É ele quem observa e narra todos os acontecimentos, entre espiões, vigilantes assassinados, detetives particulares, atlanteanos e planos nazistas de invasão. Destaque especial para a parte final, onde momentos históricos se misturam ao mundo ficcional, lebrando em muito o final de outro grande filme deste ano, X-MEN: PRIMEIRA CLASSE.





Brubaker faz um ótimo trabalho, revirando muito material antigo da editora e trazendo personagens que estavam no limbo e novas nuances sobre alguns dos principais aspectos do período. A escolha de Epting para a arte era óbvia, não só pela parceria já existente entre os dois mas também pela qualidade do trabalho do mesmo, que pode ser conferido em cada quadrinho deste excepcional encadernado.


Se você procura um material bem escrito ou, ainda, algo que o auxilie no entendimento desse universo e o guie no começo da leitura de HQs, mãos à obra. E tenha uma ótima leitura.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

LIVRO: A Batalha do Apocalipse

Os romances de fantasia são, por muitas vezes, encarados como algo menor perante os demais ramos literários. Entretanto, quando nos deparamos com autores criativos e capazes, esse tipo de leitura se transforma em uma viagem a um novo mundo, povoado por personagens cativantes e histórias que merecem ser contadas. Antes restritos ao universo estrangeiro, esses romances tem, cada vez mais, encontrado voz em autores tupiniquins. Um desses é Eduardo Spohr, com o seu romance de estréia A BATALHA DO APOCALIPSE - DA QUEDA DOS ANJOS AO CREPÚSCULO DO MUNDO, lançado no Brasil pela VERUS Editora, braço do Grupo Editorial Record que publica obras de ficção.

Colaborador do podcast do site Jovem Nerd, o NERDCAST (muito conhecido no mundo pop nacional), Eduardo Spohr é escritor, jornalista e blogueiro, sendo responsável pelo blog Filosofia Nerd. Mas mais do que isso, jogador de RPG e consumidor de muita, mas muita cultura NERD. E toda essa bagagem cultural fez com que o mesmo concebesse uma obra merecedora de muitos elogios.

Qualquer fã de obras como O SENHOR DOS ANÉIS ou HARRY POTTER que se preze recita de cor e salteado o mundo de suas histórias, graças à perícia com que os dois autores (J.R.R. Tolkien e J.K. Rowling, respectivamente) conseguiram descrever e inserir na mente de seus leitores todos os detalhes possíveis e imagináveis. Além disso, os dois sabem criar personagens com quem os leitores se preocupam e de quem querem saber sempre mais. E Spohr desenvolve essas duas características em sua obra com brilhantismo.

Ablon é um anjo renegado quando o encontramos, vivendo entre os humanos no Rio de Janeiro. Perdeu sua grandeza angelical ao ser condenado, junto a outros, por conjurar contra os grandes Arcanjos Miguel e Gabriel. Já não almeja mais se envolver nas brigas angélicas, e só vive dia após dia. Temos Shamira, uma feiticeira milenar, que ainda caminha entre nós e, percebemos, nutre sentimentos afetuosos com relação ao Anjo Renegado. O autor os descreve de forma tão precisa e coerente que nos sentimos amigos próximos de ambos e torcemos para que encontrem o seu momento.

Através deles somos apresentados a uma série de acontecimentos que deixam claro que o momento do Apocalipse se aproxima. Ablon sabe disso, mas é outro o fato que irá dar início à jornada do nosso herói... Por meio de flashbacks visitamos a Babilônia e seus jardins famosos, caminhamos junto ao imperío Romano e pelas florestas e planícies chinesas, aprendendo um pouco mais de Ablon e Shamira.

Ver o autor sedimentar o seu universo a cada nova página é empolgante. A clareza e o esmero com que descreve cada novo ambiente, cada fortaleza ou floresta em que a história se desenrola cria uma sensação de imersão total. A explicação de cada uma das castas angélicas e a visão do autor ante alguns fatos históricos são uma lição de como contar o caminho do querubim até a batalha do título. Inclusive, um título como esses poderia criar uma expectativa grande quanto a esse momento nas páginas. E novamente vemos um desfecho grandioso.

A batalha envolve alguns capítulos, permeada pelas trombetas do Apocalipse. A descrição das lutas é quase que um roteiro pronto: ao fechar os olhos conseguimos efetivamente visualizar cada estocada, cada soco ou a própria IRA DE DEUS, golpe poderoso do Primeiro General (Ablon).


Leitura obrigatória para todo o amante deste tipo de literatura.

E preparação para a próxima obra de Spohr, FILHOS DO ÉDEN, recém lançado. Testemunhe esse épico, onde anjos, demônios batalham com magia e muito suspense pelo futuro deste mundo, ao fim do sétimo dia...