Era uma vez 3 irmãos que queriam atravessar um rio fundo demais. Sendo exímios bruxos, criaram uma ponte e só não a atravessaram porque tiveram o seu caminho impedido por um ser encapuzado: a morte. Ao perder as 3 vítimas de afogamento, astuta, ofereceu-lhes prêmios por sua esperteza...
Daí surgiram a varinha mestra, a pedra da ressureição e o manto de invisibilidade, AS RELÍQUIAS DA MORTE que dão título ao sétimo e último livro da série que conta a saga do bruxinho que possui uma cicatriz em forma de raio. Um final digno para um conto que começou a surgir em uma viagem de trem da autora.
Finalmente nos são revelados todos os Horcruxes (objetos em que Voldemort inseriu partes de sua alma, querendo ser eterno): o diário de Tom Riddle, o anel de Marvolo Gaunt, o medalhão da Sonserina, a taça da Lufa-Lufa, a cobra Nagini, a tiara da Corvinal e o próprio Harry Potter! Sim, o menino que sobreviveu também tem uma porção da alma do Lorde das Trevas em si. Em uma visão exacerbada, podemos enxergar a ideia dos Horcruxes como uma grande esquizofrenia do Mestre dos Comensais da Morte, que personifica o mal. Mas o bruxinho chega a este livro disposto a dar um basta nessa história.
Confesso que esse é o post mais difícil de escrever. Que partes ressaltar de um fechamento, em que tudo soa importante? A redenção de Snape, talvez, em um dos capítulos mais singelos de toda a série...? Ou a abnegação de Harry, ao ver que seus aliados continuarão morrendo a não ser que ele mesmo se entregue? Os sacrifícios de Edwiges e Olho-tonto Moody? a fúria da senhora Weasley ao defender Gina de Bellatrix? a invasão de Gringotes? a invasão do Ministério? a batalha de Hogwarts...?
A autora se utiliza de cada palavra, de cada capítulo, para nos capturar e, quanto mais perto do final, queremos ler mais rápido e mais lento: queremos saber o fim, mas não queremos que acabe! Como já estamos mais do que familiarizados com os personagens e locais do mundo bruxo, Rowling nos guia por uma verdadeira viagem em Montanha Russa: somos catapultados a alturas extremas só para, logo em seguida, descermos ruidosamente, sem freios, até o ponto mais baixo. Emocionante, do começo ao fim. As mortes doem; as vitórias nos alegram; a proximidade de uma nova Horcrux nos faz suar frio; não saber como destruí-la nos deixa frustrados e acabamos sofrendo os efeitos maléficos que a porção de Voldemort tem sobre nossos heróis.
E o que falar do epílogo... o nó custou a ser desfeito na garganta quanto li a última palavra de uma aventura que durou anos e que pude acompanhar, acredito eu, como mais do que um trouxa. Sinto-me um bruxo honorário, um quase Auror, um herói em sua jornada, em que, como Harry (e Rowling) brilhantemente nos ensinou, o amor, a coragem e a abnegação podem sobrepujar qualquer obstáculo!
Quanto ao filme, primeiro precisamos elogiar a decisão de dividir esse capítulo em dois. É óbvio que o caráter "lucro" foi levado em conta, mas seria impossível resumir em pouco mais de 2 horas todos os acontecimentos desse livro. E mais, não vejo nenhum dos mesmos como supérfluo: todos tem o seu papel na catarse do leitor.
Comentando a primeira parte, preciso confessar que desde a primeira vez que a assisti no cinema até hoje quando a assisto em casa, a cena inicial traz lágrimas aos meus olhos. A genuína tristeza com que Emma Watson (Hermione) pronuncia o feitiço OBLIVIATE é visceral! David Yates (novamente na cadeira de diretor) evidencia que o que virá a partir desse momento irá envolver muito sofrimento e sacrifício. A fuga de Harry pelos céus de Londres é outro exemplo avassalador de que todos correm risco agora. Até os gêmeos Weasley. Quanto à parte técnica, elogios seriam apenas chover no molhado. O brilhantismo dos dois filmes anteriores se mantém, equilibrando ótimas atuações e cenas de ação de tirar o fôlego. Mesmo sabendo que não teremos o momento final ainda, a imersão é perfeita, catapultada às alturas com os acontecimentos na mansão dos Malfoy e a morte de um certo elfo doméstico muito querido. Mais um sacrifício por Harry. Mais do que por Potter, a entrega é pela causa, no intuito de vencer o mal que Voldemort representa. A visita a Godric's Hollow é triste e pesada, as noites solitárias, acampando em florestas e ouvindo notícias através de um rádio, temerosas e o mal que se aconchega em Hogwarts prenuncia o grande final. Percebe-se a escolha clara de privilegiar a história nessa primeira parte, para investir nos grandes (e mais esperados) momentos na segunda. Destaque para a animação do Conto dos 3 Irmãos, de uma beleza simples e apropriada.
Agora é ir ao cinema e acompanhar o grande final da saga, que chegou (é hoje a estréia, galera!!!!!). Para esquentar, um vídeo indicado pela minha ilustre irmã, para rememorar o que já aconteceu e preparar para o que está por vir. Promessa de muitos lencinhos usados nas salas de cinema nesse final de semana.
Não deixe de ler logo mais a crítica do filme aqui na LIGA. Mais uma crítica internacional, pois nosso amigo Minduim escreverá direto de Vancouver. Bom filme, e torçamos para que outras obras literárias possam surgir, para incentivar as crianças a viajar pelo mundo dos livros e inspirar novas grandes produções cinematográficas. Eu sei que eu sentirei falta dos meus amigos de Hogwarts... E vocês? Abraços...
"O último vestígio de vapor se dispersou no ar de outono. O trem fez uma curva, a mão erguida de Harry ainda acenava ADEUS.
- Ele ficará bem - murmurou Gina.
Ao olhá-la, Harry baixou a mão distraidamente e tocou a cicatriz em forma de raio em sua testa.
- Sei que sim.
A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem."
(HARRY POTTER e as Relíquias da Morte)
- Ele ficará bem - murmurou Gina.
Ao olhá-la, Harry baixou a mão distraidamente e tocou a cicatriz em forma de raio em sua testa.
- Sei que sim.
A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem."
(HARRY POTTER e as Relíquias da Morte)