sábado, 7 de janeiro de 2012

Vale Assistir: 500 Dias com Ela


Comédia romântica é um gênero de filme que não agrada à todas as audiências, principalmente a masculina. É até cômico ver a reação dos casais no cinema quando passa um trailer de comédia romântica: a mulher fica empolgada em assistir e o homem pensa, “mas que droga, vou ter que assistir esse aí!”

Num primeiro momento, “(500) Dias com Ela”[(500) Days of Summer] é um tipo de filme classificado como “mais uma comédia romântica” e particularmente não chamou muita atenção, mas dois fatores contribuíram para dar uma chance à película – Zooey Deschanel, de “O Guia do Mochileiro das Galáxias” entre outros e Joseph Gordon-Levitt, do seriado de sucesso “3rd Rock from the Sun” e visto recentemente em “A Origem” ao lado de Leonardo di Caprio.

Gordon-Levitt faz Tom, um escritor de mensagens em cartões comemorativos que após o término do relacionamento com Summer (Deschanel), repassa os 500 dias do título que esteve ao lado daquela que achava ser o amor da sua vida. Espero não estar estragando nenhuma surpresa aqui, afinal, se no título o tempo que ele passa com a namorada já está determinado, é meio óbvio que esse relacionamento tem um fim.

Esse já é um dos trunfos dessa comédia pois o vemos geralmente nesse tipode filme, é a eterna dúvida se o casal principal: a) irá terminar o filme juntos vivendo felizes para sempre ou b) eles se separam e cada um segue seu caminho. A maneira como isso é contado, na visão de Tom e não-linear, é outro ponto positivo para o filme, que transita de cenas bizarras que os apaixonados sempre produzem e sem querer muitas vezes, até as que levam as gargalhadas e que inevitavelmente a namorada irá dizer "que bonitinho"!

Vale destacar a sequência musical de Tom logo após sua primeira noite de amor com Summer em que até animação é utilizada, e outra sequência em que vemos a tela dividida e de uma lado temos o que está acontecendo de fato e do outro, o que a personagem gostaria que acontecesse.

O legal de "(500) Dias com Ela" é porque temos personagens pouco convencionais em uma trajetória de auto-conhecimento: o sonhador que quer encontrar a garota ideal, e a garota ideal que não acredita no amor em jornadas que levarão ao oposto do que pensavam no dia 1.

Outro destaque é a trilha sonora: bem cuidada, tocante e que acompanha o ritmo do filme. A trilha é parte permanente em meu "iPod" e sempre a estou ouvindo.

Bom lembrar que o nome da garota que é objeto de desejo de Tom é Summer (do inglês, "Verão", mas que não cabe tradução aqui) e seria muito bom se o filme sempre fosse assistido no áudio original, pois a "piada" final só ficará interessante e completa para quem compreender o que é dito em inglês!

"(500) Dias com Ela" é uma excelente opção para o conforto do sofá!

Em tempo: o filme recebeu duas indicações ao "Globo de Ouro" em 2010: Melhor Comédia e Melhor Ator em Comédia ou Musical para Joseph Gordon-Levitt, que aliás está bem cotado em Hollywood, e deve aparecer nas telas esse ano em "Batman - The Dark Knight Rises", "50%" (50/50), e no thriller de ação "Premium Rush", em que interpreta um ciclista que faz entregas no conturbado trânsito que Nova York.




sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

HQ: DAYTRIPPER (FÁBIO MOON E GABRIEL BÁ)


Brás de Oliva Domingos é um escritor de obituários. Escreve, portanto, textos sobre pessoas que faleceram, procurando confortar os que ficaram e informar, mesmo que de forma suscinta, um pouco do que aquela pessoa realizou durante a sua vida. Com esse mote, os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá obtiveram um sucesso surpreendente nos EUA em sua primeira HQ para o selo Vertigo da DC: Daytripper.

Lançada em 2010 nos EUA e em 2011 no Brasil, a série, dividida em 10 edições, apresenta em cada um de seus números um momento na vida do protagonista, Brás. Conhecemos sua família e, aos poucos, vemos ser montada em nossa frente a vida de um indivíduo: seus anseios e dúvidas, suas escolhas e, principalmente, como determinadas situações podem mudar o curso de uma existência.

A metalinguagem é de uma beleza ímpar: um jornalista preocupado com os detalhes da vida das pessoas, esparrama pelas páginas suas emoções, suas neuras e seus fantasmas, bem como suas felicidades e suas realizações. Reflexiva, essa é uma HQ que resiste em sua mente, mesmo depois do fim de um dos capítulos. A beleza da arte, já característica do trabalho dos irmãos, só oferece uma imersão ainda maior. O roteiro, brilhantemente delineado em diálogos bem escolhidos, ressoa em meio a imagens de pura contemplação. Aliás, as imagens são um capítulo à parte, principalmente se você é morador ou conhece a cidade de São Paulo. O Municipal, o edifício Martinelli, o hospital Santa Catarina, sem falar em um acontecimento em especial que foi muito abordado pela imprensa nacional, criam uma ligação afetiva com a trama.

Um trabalho autoral belíssimo, de uma competência já demonstrada antes na série 10 Pãezinhos, na adaptação de O Alienista para os quadrinhos, na tira semanal Quase Nada que eles tem na Folha de São Paulo ou mesmo na parceria de Gabriel Bá com Gerard Way na HQ The Umbrella Academy. Foram reconhecidos pela crítica e agraciados com vários prêmios, entre eles o Eisner Awards em 2011, como melhor mini-série.

Não deixe de partilhar dessa experiência única: Daytripper já está disponível no Brasil há algum tempo, com uma edição completa, contendo as 10 edições. Leia e sinta orgulho de dois brasileiros que, por seu mérito, conseguiram visibilidade e elogios à sua arte. Sim, os quadrinhos nacionais crescem cada vez mais. E isso é muito bom!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Direto da Telona: Tudo pelo Poder


O novo filme estrelado e dirigido por George Clooney, “Tudo pelo Poder” (The Ides of March, 2011) é um conto de descontentamento e decepção com a gestão do atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.


Clooney, que ficou famoso ao interpretar o Dr. Ross em “Plantão Médico” (ER) é dos atores hollywoodianos mais engajado com ações sociais e humanitárias e também politicamente, e parece querer mostrar com essa película que o “acreditar” em um político leva inevitavelmente e invariavelmente à decepção, justamente por ele ser um político.

A história se desenrola em torno de Stephen Myers, interpretado de forma madura e convincente por Ryan Gosling (“Diários de uma Paixão”) - que inclusive ganhará um post somente dele em breve – que é o diretor de comunicação do governador Mike Morris (George Clooney) durante a campanha das prévias do Partido Democrata (o mesmo de Obama) no estado de Iowa. Stephen é um idealista e acredita que seu candidato é a melhor escolha do partido para enfrentar os “Republicanos”, que andam um tanto desordenados e fora do discurso da sociedade americana – o que é engraçado, pois vivemos no momento das prévias do Partido Republicano que anda em pé de guerra para escolher o adversário de Obama nas eleições presidenciais de novembro desse ano.

Stephen é subordinado de Paul Zara (Philip Seymour Hoffman) e segue os conselhos do chefe de campanha sem muitos questionamentos. Ao ser contatado pelo chefe de campanha do outro candidato, Tom Duffy (Paul Giamatti, um tanto caricato) e ao se envolver com uma estagiária da campanha, Molly Stearns (Evan Rachel Wood, de “True Blood”), fica sabendo que as coisas na política não são assim tão ideais quanto ele pensava.


O governador não é um homem tão fiel quanto ele pensava e a sinceridade, na política, é muitas vezes o caminho mais rápido para o descrédito e condenação.

Nesse momento, o idealista abandona todas as suas aspirações e resolve “dançar conforme a música”. É como na música de “Faroeste Cabloco”, da Legião Urbana, “se a Via Crucis virou circo, estou aqui”.

O final do filme é muito interessante e rende boas rodas de debate, mas claro que não o revelarei aqui. Assita ao filme e depois poderemos “trocar figurinhas”.

Duas coisas que valem citar no final desse post: 1 – É imprescindível que quem for assistir ao filme, goste de política, caso contrário, achará o filme um porre! 2 – A atuação de todos os atores é de se destacar, assim como a direção de Clooney, que privilegia ângulos que muito se viu durante a campanha de Obama em 2008, além de uma trilha sonora que vai de inocente a urgência do momento.


Não há dúvida que é uma boa trama para se curtir, analisar e discutir!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Videogames: BATMAN - ARKHAM CITY


Lançado em 2009, o jogo Batman: Arkham Asylum mudou os jogos baseados em super-heróis. Com um roteiro inteligente e instigante, uma jogabilidade inovadora e um visual arrebatador, A Rocksteady Studios arrecadou elogios da crítica e um 10 dos fãs do homem-morcego. Como com tudo o que faz sucesso, a pergunta que veio a seguir foi: haverá uma continuação? A desenvolvedora não demorou a anunciá-la e, a pergunta seguinte demoraria alguns meses para ser respondida: conseguirão melhorar o que já parecia perfeito?

Pois veio Batman - Arkham City (2011) e a resposta chegou, como um batarangue: SIM! A nova ação-aventura stealth leva o jogo a um novo patamar. Tudo está maior, a começar pelo ambiente. A prisão do game anterior foi ampliada e agora toma toda uma região da cidade de Gotham. O novo prefeito (e ex-diretor do Asilo Arkham) Quincy Sharp murou bairros inteiros da cidade, criando a nova super-prisão. Batman, é claro, não gosta nada disso, e acaba atirado para dentro da nova prisão. Lá dentro, deve patrulhar e previnir crimes contra presos políticos, além de monitorar as ações do Coringa, Pinguim e Duas Caras, os reis do pedaço, e tentar descobrir quem é o que quer Hugo Strange (a mente por trás de Arkham City).


O início do jogo nos coloca na pele de Bruce Wayne, que é confinado na prisão e encara um fantasma do passado: Oswald Cobblepot, o Pinguim. Os bandidos olham para o rico empresário sem saber quem ele realmente é. Toda essa introdução é, visualmente, deslumbrante. Aliás, a tecnologia empregada nessa longa noite na prisão cria uma imersão digna de Uncharted ou de Heavy Rain. A jogabilidade evoluiu e nos oferece todos os bat-apetrechos já conseguidos no final do jogo anterior. Os combos são bem resolvidos e, junto da trilha sonora (de primeira), nos fazem vibrar a cada oponente derrubado. Além disso, agora o planar tornou-se algo mais atuante no jogo. Mergulhos ajudam a vencer inimigos e, com o auxílio do gancho e dos prédios, é possível viajar de um canto ao outro da cidade em poucos movimentos. Isso é extremamente interessante na tarefa de atrapalhar os planos de Bane, Charada, Zsasz, além, é claro, do Coringa.

Algumas partes são divertidas de se jogar e, emblemáticas, ficam gravadas na memória. A seguência com a Liga das Sombras, o clube do Pinguim (e sua "piscina"), o momento Donnie Darko contra o Chapeleiro Louco, o laboratório de Mr. Freeze, o momento stealth contra o Pistoleiro, entre outros. Ah, e é claro, a Mulher-Gato! Nunca um DLC foi tão esperado (e tão saboreado) pelos fãs. Poder guiá-la pela cidade, usando o chicote para alcançar pontos mais altos, é bem legal e orgânico no jogo. Sem falar de sua interferência na trama, decisiva.

Pois bem, não perca mais tempo: vá correndo jogar esse jogo nota 10 da Rocksteady! Parabéns à desenvolvedora e esperamos pelo próximo passo. O Coringa, em uma entrega de prêmios, insinuou uma continuação, já desmentida pela empresa. Mas não custa sonhar: quem sabe Batman não poderia ocupar o mundo, usando como pano de fundo a elogiadíssima série de Grant Morrison, BATMAN INC.?


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Um novo queridinho no Cinemão Americano


Apesar do título deste post indicar que um ator está se destacando no mercado cinematográfico americano, Ryan Gosling é um dos canadenses que se deram muito bem em Hollywood.


O ator de 31 anos começou cantando com sua irmã, e acabou entrando sozinho pro programa "O Clube do Mickey Mouse", e sendo colega de Justin Timberlake, Britney e Christina Aguilera. Mas ao contrário da maioria de seus colegas, ele resolveu ser ator, e enquanto os colegas emplacavam no mercado fonográfico, ele batalhava por um lugar ao sol no cinema.

Seu primeiro papel de destaque veio com o filme "Tolerância Zero" ("The Believer"), onde ele foi premiado em diversos festivais pelo papel baseado numa história real de um judeu que entrou pra intolerante Ku Klux Klan nos anos 60. Mas o grande público só veio a conhecê-lo, apesar de sua marcante presença no suspense "Cálculo Mortal" com Sandra Bullock, no sucesso romântico "Diário de Uma Paixão", onde ele ganhou status de galã.

Seu maior reconhecimento como ator veio em 2007 com uma indicação ao Oscar de melhor ator por "Half Nelson", mas ele também pôde ser visto em filmes elogiados como "Garota Ideal", "Um Crime de Mestre" e "Namorados para Sempre". Em 2011 ele esteve em filmes que a crítica cultuou como a comédia "Amor a Toda Prova" com Steve Carrell e Emma Stone e no aguardado thriller cult "Drive" que deve estrear por aqui dia 6 de janeiro. No post anterior escrevemos sobre "Tudo Pelo Poder", pelo qual ele é indicado neste ano ao Globo de Ouro de melhor ator dramático.

A escalada continua porque ele estará em "The Place Beyond The Pines" do mesmo diretor de "Namorados Para Sempre", "Gangstar Squad", ao lado de Sean Penn do mesmo diretor de "Zumbilândia", em "Only God Forgives", novo thriller do diretor de "Drive"e no misterioso projeto secretamente já filmado "Lawless" de Terrence Malick. Além dos vários boatos ainda não confirmados.

De alguma forma o ator parece fugir do óbvio comercial, o que o diferencia da maioria dos atores em ascensão. Bom pra nós que podemos assistir alguém que não queira ser apenas um astro.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano novo, filme novo?

Para o primeiro post de 2012 eu tinha algumas possibilidades, e as mais óbvias seriam uma retrospectiva do ano passado, como o feito no início de 2011, ou uma perspectiva deste ano. Afinal, ano novo, filme novo! Nem tanto. Assim como 2011, este ano parece ser o ano das continuações, adaptações, remakes e reciclagens.

No começo do mês me deparei com uma notícia curiosa, se trata da constatação de que filmes originais em Hollywood já nem são esperados. Durante uma entrevista, o ator Robin Williams foi questionado sobre seu retorno aos cinemas após a recuperação de uma cirurgia cardíaca e uma ótima temporada na Broadway. Os temas da entrevista foram sobre uma continuação para "Uma Babá Quase Perfeita" de 1993, que está difícil de se concretizar devido ao final do original, uma continuação do elogiado "Bom dia, Vietnã" chamado "Bom dia, Chicago" e uma mais provável continuação de "The Birdcage - A Gaiola das Loucas".
Feliz Ano Novo!

Em 2012 teremos entre outros, continuações de "Motoqueiro Fantasma", "Todo Mundo em Pânico", "Homens de Preto", "007" e o óbvio "Atividade Paranormal". E ainda teremos o reinício de "Homem Aranha". Adaptações de livros famosos como "Abraham Lincoln, Caçador de Vampiros", "Incrivelmente Alto, Extremamente Perto" e "Cloud Atlas". Reciclagens em 3D de "Titanic", "Star Wars" e "A Bela e A Fera". E refilmagens de "O Grande Gatsby" e "O Vingador do Futuro".

E se?....
Não que seja ruim toda esta falta de originalidade, pois a maioria das idéias reutilizadas tem apelo para reinterpretações e seus personagens novas explorações, mas com sorte teremos algo a nos surpreender, mas se em 2012 não tivermos mesmo o fim do mundo, nos anos seguintes a originalidade não será o caminho dos grandes estúdios.