sábado, 8 de fevereiro de 2014

Band of Brothers: Por Isso Nós Lutamos e Pontos

A "Easy" encontra um campo de concentração em
"Por Isso Nós Lutamos"
Encerrando a análise da premiada série da HBO "Band of Brothers", nesse post iremos retratar os dois
últimos episódios daquela que é considerada uma das melhores retratações dos fatos acontecidos durante a Segunda Guerra Mundial na Europa!

No episódio 9 - "Por Isso nós Lutamos" - começa com os depoimentos dos veteranos da Easy falando dos alemães, que embora naquele momento estivessem em terrenos opostos, podiam ter interesses em comum como pescar, caçar e ter uma boa conversa, inclusive sendo bons amigos se as circunstâncias fossem outras. Porém, isso é apenas um contra ponto pois em breve os homens da Companhia E verão do que os alemães foram capazes de fazer.

A Companhia E finalmente entra na Alemanha e nesse episódio, narrado pela perspectiva do Capitão Nixon, eles observam que o povo alemão é unido e determinado a começar a limpeza de suas cidades logo após a destruição (coisa que os demais povos da Europa não parecem muito interessados em fazer, pelo menos nos depoimentos dos soldados que li no livro).

O Capitão Nixon não parece estar numa situação muito boa, já que estava a frente de uma operação em outra da divisão do Batalhão e a mesma não deu muito certo, perdendo muitos soldados durante um salto em outro ponto da Alemanha. Ele que é viciado em um tipo particular de whisky - VAT 69 - sai pelas ruas da cidade alemã em que estão atrás da bebida e acaba na casa de um oficial alemão mas não encontra o que procura para afogar suas mágoas. Na verdade, ele vê a foto do oficial com uma faixa preta, indicando o luto da família, e logo é confrontado pela viúva que não aprova sua presença ali, embora, agora quase no fim da guerra, os americanos em seu avanço pelo território alemão, invadam as casas e expulsam seus habitantes para poderem pernoitar.

A emoção da liberdade!
Nessa cidade, Buchloe, durante uma patrulha pela floresta, eles encontram o que seria um Campo de Concentração pela primeira vez. Todos na Companhia ficam chocados ao encontrar seres humanos em uma situação tão penosa. O Major Winters chama o soldado Liebgott, um dos tradutores da Companhia, para traduzir uma entrevista com um dos prisioneiros. Durante a entrevista, ficamos sabendo que os soldados alemães ao saberem da chegada dos americanos na cidade, tentam matar o maior número de prisioneiros possível, inclusive queimando alguns dos barracões com os prisioneiros ainda vivos, após trancarem as portas. E que o campo de concentração das mulheres ficava na estação à frente. São muitos os corpos encontrados, em condições sub-humanas. A maioria macérrima, que mal conseguem ficar em pé e todos em estado avançado de inanição. O major Winters quer saber que tipo de prisioneiros eles são. A resposta: judeus. Escritores, professores, músicos, advogados, médicos, cientistas e todo tipo de profissionais comuns. Porém, todos ali tinham outra coisa em comum que os decretavam ao extermínio: eram judeus!!

É passado nesse ponto que a partir daquele momento, a maioria dos homens da Companhia E passam a nutrir um ódio por todos alemães, mesmo porque não compreendem como os cidadãos comum possam ter apoiados tal atrocidade.

Muitos dos alemães na cidade afirmam que não sabiam o que acontecia naquele lugar, que era um campo de trabalho forçado para suprir as tropas alemães de material, fazia parte do complexo de Dachau. Porém, no dia seguinte, o General Taylor decretou uma lei marcial, ordenando todos os alemães entre 14 e 80 anos a irem até os campos de concentração para enterrar os corpos da vítimas do nazismo. Nesse episódio, vemos mais uma cena forte apenas com o olhar, quando o capitão Nixon volta ao campo de concentração e encontra a mulher do oficial alemão entre tantos outros ajudando a enterrar as vítimas.

Esse episódio é importante na história e bem desenvolvido, apesar do livro citar em poucas páginas a descoberta do campo de concentração, pois afinal, as atrocidades cometidas contra o povo judeu e as minorias étnicas consideradas impuras pelo Reich, não podem ser esquecidas!! (E mesmo com esse horrível período da história sendo revelado, ainda vemos em dias mais atuais, a pregação de supremacia de um povo ou uma etnia sobre outras. O que nunca mais era pra ter acontecido, voltou a acontecer em Ruanda, na Etiópia, na Sérvia e ainda existe conflitos dessa natureza acontecendo!! Vergonhoso para todos os seres humanos!!)

Shifty Powers
No décimo e último episódio da série, "Pontos", narrado pelo ponto de vista do Major Winters, vemos a preocupação de Winters com os soldados que agora tinham muito tempo livre e também bebida, mesmo que de forma clandestina. E essa combinação acabou por levar a vida de alguns soldados, mesmo que os embates com os alemães já tivessem terminado. Agora, eles não eram mais uma força de combate, mas sim uma força de ocupação. Mesmo assim, muitos deles já faziam planos para o que fariam ao voltarem para os Estados Unidos, afinal, como disse Shifty Powers ao se despedir do major Winters, ele não sabia como explicaria em casa tudo o que viveu durante esse período. Shifty ganhou a dispensa da Companhia em um sorteio realizado para comemorar o aniversário do Dia D, pois muitos soldados não tinham "pontos" suficientes para solicitarem "baixa" do exército e voltarem para a casam, já que a guerra estava quase no fim.
Donald Malarkey e Scott Grimes

O Sargento Malarkey foi dispensado por Winters para servir como um
instrutor de um museu que o exército montara em Paris, que já vivia como se a guerra tivesse ficado distante no passado. Malarkey foi um dos soldados que esteve em todas as frentes de batalha que a Easy participou e passou pela guerra sem se ferir, pelo menos fisicamente, já que durante a guerra, perdera seus amigos e companheiros Bull Rundleman, que se afastara da guerra por problemas psicológicos e viu a morte de dois outros, Muck e Penkala.

Winters, Nixon, Welsh e Speirs no Ninho da Águia


Por fim, o seriado mostra a tomada do Ninho da Águia, a fortaleza de Hitler nos Alpes no sul da Alemanha e da Baviera. Uma fortaleza construida com o dinheiro do partido nazista como presente de aniversário ao ditador. Vemos também que os homens da Companhia E encontraram e tomaram das boas bebidas da adega de Goering - o chefe da força aérea alemã, a Luftwaffe.

Embora Nixon e Winters se candidataram para ir ao Pacífico, pois apesar do fim da guerra na Europa com a rendição alemã, a luta continua do outro lado do mundo, o general que analisou o pedido do major Winters não permitiu que ele abandonasse seus homens. Pouco tempo depois, com o evento nuclear sobre o Japão e a rendição daquele país, a guerra chegava ao fim.

Nos momentos finais do episódio, vemos uma explicação do que aconteceu com a maioria dos soldados e oficiais da Companhia E.

Buck Compton se tornou promotor em Los Angeles. David Webster se tornou escritor do The Wall Street Journal e também era aficionado por tubarões. Ele saiu para uma pescaria em 1961 e desapareceu. Seu corpo nunca foi encontrado. John Martin voltou para seu emprego na ferrovia e depois fundou uma construtora e ficou multimilionário.
Buck Compton e Neal McDonough



David Webster
George Luz se tornou uma faz-tudo em Providence, Rhode Island. Como prova de seu bom caráter, 1600 pessoas compareceram ao seu funeral em 1998. Doc Roe morreu em 1998. Ele era empreiteiro. Frank Perconte trabalhou como carteiro em Chicago. Joe Liebgott virou taxista em São Francisco. Bull Randleman se estabeleceu no Arkansas e trabalhou com terraplanagem. Alton More voltou para o Wyoming com um suvenir raro: o álbum de fotos de Hitler. Floyd Talbert perdeu contato com os companheiros até que os companheiros finalmente o encontraram. Numa carta para Winters ele afirmava que nunca tinha contado para ninguém as experiências da guerra e que admirava Winters pela sua integridade e liderança. Ele encerrou a carta assinando como "Seu dedicado soldado, para sempre". Depois de se reunir com os antigos companheiros, ele morreu no final de 1981.
George Luz
Frank Perconte segura o Emmy de melhor minissérie
com James Madio
Bull Randleman e Michael Cudlitz
Floyd Talbert
Carwood Lipton virou executivo responsável por fábricas em todo o mundo. Harry Welsh virou administrador de escolas em Pensilvânia. Capitão Speirs continuou no exército e lutou na guerra da Coréia. Ele se aposentou como tenente-coronel. O grande amigo de Winters teve alguns casamentos conturbados depois da guerra até que em 1956 ele se casou com a mulher com quem viveria até o fim dos seus dias, Grace. Winters e ele foram bons amigos por toda a vida!

Donnie Wahlberg e Carwood Lipton
Harry Welsh

Winters e Nixon
Nixon na manhã do fim da guerra da Europa
O Major Winters trabalhou para a família de Nixon até que foi chamado para o serviço militar em 1950 para treinar oficiais e soldados, mas não lutou na guerra da Coréia. Ele se tornou fazendeiro em Pensilvânia e um dos líderes das reuniões anuais dos membros da Companhia Easy, que sempre tentava manter contato com os amigos de luta e ajudava a manter viva a união e apoiava aqueles que tinham dificuldade para enfrentar uma vida normal depois de dividirem momentos de terror, ferimentos e companheirismo ao encarar a vida normal pós-guerra. Todos da Easy Company eram muito unidos e em sua maioria, continuaram assim após a guerra. Winters esteve presente na premiação do Emmy em 2002 quando "Band of Brothers" arrebatou 6 prêmios.

Major Richard Winters
Major Richard Winters e Damian Lewis

O Major Richard Winters morreu em 2 de janeiro de 2011.

"Guardo a lembrança da pergunta que meu neto me fez quando disse: Vovô, o senhor foi um herói de guerra? E o vovô respondeu: Não, mas eu servi na companhia de heróis".

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O homem das cavernas brasileiro



O projeto de graphic novels baseadas nas historinhas de Maurício de Sousa nos brindou no final de 2013 com um trabalho formidável: PITECO – INGÁ. Reencontramos (se você também foi uma criança nos anos 80 e lia avidamente tudo da Turma da Mônica, ;-) Piteco, Tuga, Ogra e Beleléu, agora mais maduros. Eles terão que enfrentar uma jornada de desafios quando a reserva de água da Aldeia de Lem seca. Eles precisarão se mudar. Mas Tuga acaba sequestrada e nosso herói decide ir atrás dela, tendo Beleléu por companheiro.  Do artista Shiko, com um roteiro inteligente, arte e cores também executados pelo mesmo, essa é uma obra que ganha vida de forma brilhante! 

O projeto não tem medo de ousar, criando toda uma mitologia em torno desses personagens de Mauricio de Sousa, que nunca foram os mais queridos, mas sempre tinham seu espaço nos almanaques de férias. Na minha opinião, junto de Astronauta - Magnetar, essa HQ trouxe a profundidade que Mauricio incutiu nesses personagens e que as jovens crianças que os liam talvez não captassem.



Shiko faz uso de seu conhecimento do folclore nacional e insere Piteco como mais um estandarte nacional. Adepto dos detalhes, o artista situa Lem no nordeste brasileiro, usando a pedra de Ingá (do título) para deixar isso claro. Além disso, personagens das histórias que nossas avós contavam antes de nos colocar para dormir fazem aparições, de forma orgânica e extremamente interessante (Curupira, Boitatá...).

A identidade visual de cada tribo também deixa claro o quão meticuloso é o artista. Apoiado em um roteiro direto, temos espaço para cenas lindamente retratadas e ações que convencem e surpreendem. A arte tem tamanho poder que me fez, por vezes, gastar mais alguns segundos antes de virar a página, observando a riqueza de detalhes e o preciosismo das cores (os desenhos foram coloridos com aquarela). Impressionante!



Que venham, agora em 2014, as novas obras desse projeto maravilhoso! Penadinho, Bidu, mais Turma da Mônica, a Turma da Mata, todos em releituras que devem alegrar em muito o criador desse universo de aventuras. Grande Mauricio! Grande Shiko!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

daPoltronaCast: Filmes Subestimados

O quarto episódio do daPoltronaCast discute sobre filmes que foram subestimados ou incompreendidos pelo público e/ou crítica, segundo nosso julgamento.
O que faz o filme ser bom? O que pode ter motivado seu fracasso? O que não entenderam do filme?

Deixem seus comentários!

Para fazer o download do podcast (112.7 MB) clique aqui.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Frances Ha: como viver um dia de cada vez!


Frances tem um sonho e está atrás dele. Mora em Nova Iorque, mas não consegue pagar o aluguel sozinha. Sua melhor amiga, Sophie, divide o apê com ela, até que circunstâncias da vida decidem abalar essa delicada estrutura. E então, nossa aspirante a dançarina precisa rebolar para se sustentar concretamente (dinheiro para o aluguel) e emocionalmente (seus sonhos) no bom Frances Ha (EUA, 2013).

Co-escrito pela intérprete de Frances - Greta Gerwig, indicada ao Globo de Outro de melhor atriz - e o diretor Noah Baumbach, o roteiro nos leva a conhecer o cotidiano de uma mulher de 27 anos insegura e, aparentemente, menos adulta do que se imagina. Frances teme mudanças se essas não coincidirem com o que ela idealizou. Isso se reflete em suas atitudes e decisões, muitas vezes da boca pra fora e impulsivas.


O longa nos apresenta aos diversos endereços que a protagonista ocupa, mesmo que por pouco tempo. Em determinado momento ela se assusta quando alguém lhe diz que ela parece mais velha do que é. "Mas eu só tenho 27", responde ela, quase que querendo convencer a si mesma de que o fato de não estar bem estabelecida com aquela idade não a incomoda. Sua batalha por um lugar só seu surge como uma grande metáfora da busca pelo sentimento de pertencimento, seja a um grupo ou mesmo a um local.

O filme é em preto e branco, algo que o diretor explicou como sendo a vontade de gerar nos espectadores uma nostalgia instantânea. Não sei se isso ocorre, mas essa escolha ressalta um cuidado todo especial com a iluminação, que transforma as sequências de dança e os momentos em locais fechados em especiais. Tente reparar no jogo interessante que a iluminação gera nas cenas em que a Sophie aparece usando os seus óculos (a armação do mesmo se sobressai devido ao reflexo).

O tom naturalista com que os personagens são mostrados facilita a reflexão e a inserção deles em no mundo real, ainda que a indecisão que eles demonstram soa um pouco exagerada por vezes. Os diálogos inteligentes são um dos pontos altos do filme, além da ótima trilha sonora (Bowie surge como hino para nossos personagens).


É um filme agradável, com uma personagem carismática em uma obra cativante e bem humorada. Boa pedida!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

R.I.P. Philip Seymour Hoffmann

O multifacetado ator Philip Seymour Hoffman foi encontrado morto, aos 46 anos, em seu apartamento em Nova Iorque no dia 2 de fevereiro. As circunstâncias preliminares apontam pra overdose, mas seu estilo de vida privado nunca foi relevante comparado ao seu potencial como artista.

o ator bem antes da fama
O ator já tinha feito participações pequenas em diversos filmes como "Perfume de Mulher" e "Twister", mas foi apenas na parceria com o diretor Paul Thomas Anderson em "Boogie Nights: Prazer Sem Limites" de 1997 que ele mostrou que tinha muito mais versatilidade do que aparentava. A partir dali, não parou mais. Se tornou um queridinho do cinema cult com "Próxima Parada Wonderland", "O Grande Lebowski" dos Irmãos Coen, no badalado indie "Felicidade" de Todd Solondz, e vivendo uma drag queen que ajuda Robert DeNiro em "Ninguém é Perfeito".

em "O Mestre"
A partir daí começou a ser um ator disputado em produções de todos os tipos, das quais ele sempre experimentou aquelas que mais o desafiassem. Para isso, ele também pôde trabalhar com grandes diretores. Foi assim na constante parceria com Paul Thomas Anderson como o enfermeiro de "Magnólia", em "Embriagado de Amor" e mais recentemente no polêmico "O Mestre", onde ele brilhantemente vive uma caricatura over de L.Ron Hubbard, criador da religião Cientologia. Ou seus trabalhos com Spike Lee em "A Última Noite", Anthony Minghella em "O Talentoso Ripley" e "Cold Mountain", o naquele-momento-promissor Brett Ratner em "Dragão Vermelho", J.J. Abrams em "Missão: Impossível 3", Mike Nichols em "Jogos do Poder" ao lado de Julia Roberts e Tom Hanks, Charlie Kaufman em seu experimental "Sinedóque, Nova Iorque", e George Clooney no brilhante "Tudo pelo Poder".

no filme que lhe rendeu um Oscar
Foi na obra-prima de Cameron Crowe "Quase Famosos" de 2000, que começou a temporada de prêmios, e o carinho do grande público.  A partir dali ele ganharia 73 prêmios, incluindo o Oscar de melhor ator em 2006 por sua detalhada representação do escritor Truman Capote em "Capote". E outras 54 indicações, como as 3 indicações ao Oscar de ator coadjuvante por "Jogos do Poder", o tenso "Dúvida" e mais recentemente "O Mestre".

Seus últimos trabalhos incluíam o piloto da série de comédia
Em "Jogos Vorazes: Em Chamas"
"Happysh" (ex-"Trending Down") do canal Showtime, o blockbuster "Jogos Vorazes: Em Chamas" e os ainda inéditos "O Homem Mais Procurado" baseado no livro de John le Carré (mesmo autor de, entre outros, "O Jardineiro Fiel") e as duas partes de "Jogos Vorazes: A Esperança". Deste último vale notar que o ator havia filmado toda a primeira parte, e faltava apenas poucas cenas para a segunda, não prejudicando muito sua finalização. Há, ao menos, uma cena importante que ele não havia gravado, e esta deve ser filmada usando truques de câmera e até efeitos visuais.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Iguais e diferentes, eles se entendem!



Eles tiveram pequenos desvios de conduta e, por conta disso, são confinados no colégio, em pleno sábado. Os cinco jovens devem passar as próximas horas trabalhando em uma redação de tema bem simples: o que pensam sobre si mesmos! Esse é o enredo de O Clube Dos Cinco (EUA, 1985).

Algo fica evidente logo no início do filme: são cinco pessoas completamente diferentes, estereótipos assumidos do esportista, da princesa, da neurótica, do inteligente e do rebelde. Com o passar do dia, no entanto, eles passam a aceitar (ou pelo menos entender) uns os outros, tornando-se amigos.

Escrito e dirigido por John Hughes, a produção tem um elenco escolhido a dedo (queridinhos da época como Emilio Estevez, Molly Ringwald e Paul Gleason) e busca apresentar a juventude dos anos 80. O início, com a leitura de uma carta, traz a essência do filme em duas frases: 'Você nos enxerga como você deseja nos enxergar' - frase dirigida ao diretor da escola - e 'Passamos por uma lavagem cerebral'. A partir daí o longa mostra esse dia específico na vida dos cinco adolescentes, mas que, para nós espectadores, é um resumo do cotidiano dos jovens. Tudo o que são ou conquistaram sofre o efeito do medo e das frustrações com que são confrontados. 

As diferentes personalidades ajudam Hughes a compor um belo mosaico, onde todas as cores tem sua beleza e sua vontade de se sobressair. Cada um aplica os seus meios para levar aquele dia em frente e tenta demonstrar pretensa superioridade que, aos poucos, se perde nas semelhanças que passam a brotar do grupo. Problemas familiares? Desentendimentos? Um mundo que não os compreende? Eles se interpelam e, naquele microcosmo, verificam que não estavam tão sozinhos quanto imaginavam.

A trama se desenrola de forma orgânica e o ambiente é facilmente absorvido e relacionado às nossas lembranças estudantis. Méritos para o diretor, que dá espaço para que seus personagens nos surpreendam em sua simplicidade. Acabamos por nos aproximar de todos em algum nível. Destaque para a cena em que os personagens, formando um círculo, contam suas histórias. Os intérpretes estão tão à vontade com seus personagens que parece que estamos espionando uma reunião de um clube. O clube dos 5!



Um clássico dos anos 80, merece ser visto porque muito do que apresenta ainda pode ser visto nos dias atuais. Muitas vezes, pessoas são enquadradas em certos estereótipos por conveniência e falta de envolvimento. As pessoas nos enxergam como desejam nos enxergar. Junte-se ao Clube!