Co-escrito pela intérprete de Frances - Greta Gerwig, indicada ao Globo de Outro de melhor atriz - e o diretor Noah Baumbach, o roteiro nos leva a conhecer o cotidiano de uma mulher de 27 anos insegura e, aparentemente, menos adulta do que se imagina. Frances teme mudanças se essas não coincidirem com o que ela idealizou. Isso se reflete em suas atitudes e decisões, muitas vezes da boca pra fora e impulsivas.
O longa nos apresenta aos diversos endereços que a protagonista ocupa, mesmo que por pouco tempo. Em determinado momento ela se assusta quando alguém lhe diz que ela parece mais velha do que é. "Mas eu só tenho 27", responde ela, quase que querendo convencer a si mesma de que o fato de não estar bem estabelecida com aquela idade não a incomoda. Sua batalha por um lugar só seu surge como uma grande metáfora da busca pelo sentimento de pertencimento, seja a um grupo ou mesmo a um local.
O filme é em preto e branco, algo que o diretor explicou como sendo a vontade de gerar nos espectadores uma nostalgia instantânea. Não sei se isso ocorre, mas essa escolha ressalta um cuidado todo especial com a iluminação, que transforma as sequências de dança e os momentos em locais fechados em especiais. Tente reparar no jogo interessante que a iluminação gera nas cenas em que a Sophie aparece usando os seus óculos (a armação do mesmo se sobressai devido ao reflexo).
O tom naturalista com que os personagens são mostrados facilita a reflexão e a inserção deles em no mundo real, ainda que a indecisão que eles demonstram soa um pouco exagerada por vezes. Os diálogos inteligentes são um dos pontos altos do filme, além da ótima trilha sonora (Bowie surge como hino para nossos personagens).
É um filme agradável, com uma personagem carismática em uma obra cativante e bem humorada. Boa pedida!
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