"Kiefer Sutherland e Tim Kring retornam à TV em TOUCH, nova série da FOX".
Confesso que quando li essa notícia, alguns meses atrás, a minha tradução automática foi: Jack Bauer e o criador de HEROES estão de volta. E, apesar de minha empolgação pelo nome do primeiro, o do segundo não me trouxe boas recordações.
Em sua tentativa de contar a história de pessoas comuns, ao redor do mundo, com poderes extraordinários, o produtor e roteirista conseguiu transformar uma boa ideia (que não era original nem aqui nem no Japão, apesar dele tentar vender essa ideia) em uma sequência de péssimas escolhas, acabando cancelada e sem final. Dessa forma, é impossível para os fãs de seriados não ficarem com um pé atrás.
A série só estreia nos EUA em 19 de março, mas teve o seu episódio piloto divulgado na loja iTunes, para download gratuito desde o mês de janeiro, e foi coberta de elogios pelos que a assistiram. Ao meu ver, a série tem dois grandes desafios: convencer o público de que a pessoa em tela NÃO é Jack Bauer e de que Tim Kring é capaz de conduzir uma trama com vários personagens sem criar uma bagunça.
"Há um antigo mito Chinês sobre o Fio Vermelho do Destino: ele diz que os Deuses amarram um fio vermelho no tornozelo de cada um de nós e o conectam com os tornozelos de todas as pessoas cujas vidas estamos destinados a TOCAR". É com essa explicação e muitos números que a série começa, com a narração de Jake. Aprendemos, de forma rápida e com uma bela abertura, o pressuposto do enredo, onde os padrões matemáticos que o garoto autista vê de forma tão clara regem as relações entre as pessoas e os acontecimentos no mundo. Ah, descobrimos também que essa será (pelo menos por enquanto) a última vez em que ouviremos a voz do rapaz, que é mudo.
Fui surpreendido. Com um desenrolar interessante, o episódio é muito bem executado. Somos apresentados a Martin Bohm (Kiefer Sutherland), o pai do garoto, que tenta cumprir o papel de pai e mãe (já que a mesma faleceu no 11/09), mas não consegue criar um bom relacionamento com o filho. Logo de cara, os gritos ao telefone e o famoso Damn It me fizeram "temer" que Jack teria mais 24 horas para resolver algum problema. Ledo engano. Pouco a pouco, Sutherland traz o novo personagem à vida, alguém mais disponível emocionalmente.
Vários personagens, ao redor do mundo, começam a ser apresentados. E há uma conexão entre todos. Alguém aí pensou HEROES??? Engraçado, eu também. Mas, verdade seja dita, tudo acontece de forma organizada e orgânica. Conhecemos a assistente social (Gugu Mbatha-Raw) que tentará ajudá-lo a entender melhor o garoto, Arthur (Danny Glover), alguém que parece entender o mundo de padrões e números do garoto, Randall Meade (Titus Welliver, o Man in Black de LOST), entre vários outros. Diversas histórias acontecem em paralelo, criando no espectador aquele laço afetivo, que nos faz querer assistir mais, para conhecer melhor essas pessoas e suas vidas. Ótima execução!
O episódio piloto, com a direção de Francis Lawrence (Eu sou a Lenda), com o perdão do trocadilho, me tocou. Resta saber se Tim Kring conseguirá sustentar (leia-se não estragar) o bom início. Tomara que os próximos capítulos consigam, pelo menos, manter o ritmo e boa produção deste. Tomara que Jake possa trazer bons desafios para Martin. Qualquer coisa, chamamos o pessoal da CTU e a Chloe dá um jeito de resgatar o ator das mãos do produtor.
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