Hollywood, assim como a televisão, vira a mexe se mete a fazer remakes. Sejam eles cópias descaradas dos originais, reinvenções ou apenas baseados nos materiais que originaram alguma adaptação pra cinema. Este Bravura Indômita (True Grit, 2011) se enquadra mais na última categoria.
Os diretores Joel e Ethan Coen leram o livro que Charles Portis publicou em 1968, e como buscavam um filme realmente western para filmar, viram que aquela história seria perfeita, e somente depois se deram conta que aquela história tinha virado o famoso filme que deu o Oscar de melhor ator para John Wayne e seu tapa-olho. Mas já era tarde demais para escolher outra história, e mesmo porquê o filme de 1969, apesar do Oscar de melhor ator, sempre foi muito criticado pelo excesso de caricaturas.
Mattie e LaBeouf num momento tenso |
A história gira em torno da menina de 14 anos Mattie Ross (a revelação indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, apesar dela ser a protagonista, Hailee Steinfeld), que acaba de perder o pai assassinado pelo frio e complexado Tom Chaney (um surpreendente Josh Brolin). Como sua frágil mãe não tem forças para lutar por justiça, e ela é a filha mais velha, ela parte em busca de alguém que leve Chaney à forca, já que o xerife não pode intervir em território indígena (para onde ele fugiu). É quando ela conhece o caçador de recompensas Rooster Cogburn (Jeff Bridges brilhando como sempre num filme dos Coen), um beberrão que usa tapa-olho e tem fama de ser muito violento, a ponto de não trazer seus prêmios vivos. No encalço dos dois estará o Texas Ranger LaBeouf (Matt Damon em plena forma e sotaque) que também quer capturar Chaney, mas por outros crimes.
A cena do urso é muito "Coen"! |
Um dos destaques, além do elenco principal, e do sensacional roteiro que os Coen mantiveram fiel ao livro, é a participação de Barry Pepper (À Espera de Um Milagre) na terceira parte do filme. O ator surpreende de todas as formas, e mostra porque foi considerado um dos melhores (e mais mal aproveitados) atores de sua geração. E os detalhes técnicos saltam da tela desde o primeiro frame, pois a cena inicial é de uma fotografia tão inspirada que poucas vezes vimos no cinemão americano. O que justifica de todas as formas as várias indicações ao Oscar que esta refilmagem recebeu.
O duelo final é covarde? |
Quando disse há pouco que este western refilmado faz parte do cinemão estadunidense, não é apenas por ser um filme americano sobre uma história bem americana. Bravura Indômita é o primeiro filme (digamos assim) autoral dos independentes Irmãos Coen a ter um orçamento superior a 30 milhões de dólares, e que ao mesmo tempo tenha sido uma encomenda de um grande estúdio e produzido por ninguém mais ninguém menos que Steven Spielberg. Talvez isso explique o quão homogêneo o filme ficou, pois os diretores são acostumados a subverter os gêneros em que pisam, como o fizeram no próprio Onde os Fracos Não Têm Vez e até na comédia romântica O Amor Custa Caro, que tinha como "carro-chefe" a presença dos astros George Clooney e Catherine Zeta-Jones e não seus diretores. Não que ser homogêneo cinematograficamente seja ruim, mas muita gente achou que para ser um filme dos Coen, este Bravura Indômita ficou meio Disney, mesmo com duas ou três cenas que você jamais verá num outro western que não seja o deles.
Mas como disse no começo do texto, os diretores queriam fazer um legítimo western, e conseguiram!!
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