domingo, 12 de fevereiro de 2012

Direto da Telona: Precisamos Falar Sobre o Kevin

Como sempre, toda obra literária sofre alterações quando transposta para a telona. É inevitável. Com o livro de Lionel Shriver, Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin) não foi diferente. Sobraram elogios e críticas, pelo que parece, na mesma proporção.

O filme da escocesa Lynne Ramsay, que divide o roteiro com Rory Kinnear, mantém o nome do livro, Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011), e se destaca por trazer ao elenco o nome de peso de Tilda Swinton, no papel principal como Eva. Tilda está maravilhosa no papel que lhe rendeu 17 indicações ao premio de melhor atriz em diversos festivais e associações como o SAG (Screen Actors Guild Awards), o BAFTA e ao Globo de Ouro.

Falar sobre esse filme terá dois desafios: não fazer comparação com o livro, que infelizmente não li, e escrever de maneira que não atrapalhe sua experiência de assisti-lo. Quanto menos informações você tiver, melhor. Mas vamos lá.

A cena inicial é extremamente simbólica pois vemos Eva feliz e solta num festival em que os bons costumes coletivo e santidade do alimento ficam de lado. Em seguida, vemos o contraste de uma Eva que parece se arrastar pela vida, sempre com um olhar de interrogação parecendo querer compreender algo.

Ficamos chocados com a indiferença, violência e desprezo com que essa mulher é tratada por todos que cruzam seu caminho. A partir daí, em flashbacks bem posicionados, vamos montando essa colcha de retalhos para entender afinal porque essa mulher que teria motivos suficientes para se entregar e não querer mais viver, se agarra a insistência de viver.

Onde foi que errei?
Vemos que sua vida é transformada depois de uma noite despreocupada de amor com Franklin (o sempre bom ator John C. Reilly) vem ao mundo o pequeno Kevin, uma criança que parece aborrecer a mãe e que por sua vez, parece sentir o desprezo da mãe, pois chora sem parar. Ficará na sua memória também a cena em que Eva sai de casa com o filho chorando e para ao lado de uma britadeira, o único som capaz de suplantar o choro do filho. Misturando o presente e o passado, acompanhamos essa relação tensa entre mãe e filho. De um lado, uma mulher que demonstra carregar a culpa do mundo em seus ombros e do outro, uma mãe que gostaria de não estar nessa posição, mas que se esforça para desempenhar o papel da melhor maneira possível.

O título que sugere uma conversa urgente com o pai sobre esse Kevin que mostra uma personalidade para a mãe e outra totalmente diferente para  pai, é urgente e você é levado a pensar que ela ocorrerá a qualquer momento. Mas a situação do filho tende a piorar a cada quadro avançado.

Seria esse o olhar do mal?
Eva só demonstra um certo conforto no papel de mãe quando nasce a pequena Celia (Ashley Gerasimovich), que sofre na língua afiada do irmão. Nesse período, o abismo entre mãe e filho parece intransponível e o cinismo de Kevin no tratamento com um pai permissivo é de assustar. O trabalho da diretora com a forte marcação de cores e olhares, revela-nos um Kevin (otimamente interpretado por Ezra Miller na adolescência) perturbado e incomodado com todos ao seu redor. Essa situação, levará o garoto à cometer atos que colocará inúmeros questionamentos sobre a trajetória da mãe, e se até mesmo uma inocente história contada de maneira singela por ela, fornecera subsídios para que o filho chegasse ao extremo da maldade.

Apesar de todos os fatos, de tantas as perguntas, vemos que no final, à duras penas, Eva entende que o papel de mãe vai além de amamentar e prover uma boa escola ou roupas de marcas. Talvez nem seja esse o intuito do livro ou do filme - passar qualquer tipo de lição ou moral, mas com certeza você sairá como se tivesse levado um soco no estômago, daqueles que nos fazem lembrar da dor por alguns dias!

O trailer abaixo, não entrega muito da história, por isso recomendo! Confira!


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