sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Direto da Telona: LINCOLN

Começo de 1865.

A Guerra Civil americana entra em seu quarto ano e Abraham Lincoln acaba de ser reeleito.

Após acompanhar cenas da selvageria da guerra, onde muitos dos soldados de casaca azul são negros, o público assiste a uma conversa entre o Presidente Lincoln e alguns soldados. Negros, eles contam seus feitos e indagam do político o que será deles no pós-guerra. E no olhar pensativo de Lincoln, encarando o vazio quando é deixado sozinho, já é possível sentir o tom dessa nova produção de Steven Spielberg.


LINCOLN (Lincoln, 2012) se propõe a mostrar todo o processo que levou à vitória do norte na Guerra Civil dos EUA bem como à aprovação da chamada 13a. Emenda, que dispunha sobre a abolição da escravidão no país. Mostra, portanto, a importância desse homem para a integração americana, o que acabou permitindo ao país despontar como uma potência mundial.

Em linhas gerais, o longa é um filme sobre política. Dessa forma, seu ritmo é sim lento, fazendo com que suas quase duas horas e meia de projeção sejam sentidas por quem não se interessar pelas conversas de bastidores que primam pelos ótimos diálogos e que possibilitam aos atores mostrarem do que são capazes. Tendo dito isso, o filme é muito bom, brindando o público com atuações excelentes e trazendo Spielberg em um de seus melhores trabalhos de direção. Considerando o tempo que o mesmo desejava tirar esse projeto do papel, encontramos um trabalho no qual o longo tempo de produção foi favorável, gerando um resultado final digno de todas as indicações e elogios que tem recebido.


É fato que o desconhecimento das minúcias históricas - por não sermos norte-americanos - acaba por fazer com que detalhes, idéias e sutilezas nos escapem, tendo em vista o tão conhecido patriotismo daquele país. Entretanto, o ensejo principal de acabar com algo que incomodava a muitos, apesar de isso evidentemente não acabar com o preconceito, ainda assim é algo tocante.


Uma fotografia que, por muitos momentos, tem uma iluminação suave, o que acentua o peso das salas da Casa Branca, ou de qualquer local onde os personagens se reúnem enfatiza a trama de gabinete. A grande quantidade de personagens gera um certo incomodo, pois temos que nos esforçar para lembrar se já os vimos antes ou não. Spielberg se foca em detalhes, em expressões faciais e o trabalho de linguagem corporal passa a ser determinante.


Daniel Day-Lewis representa de forma esplendorosa o presidente Lincoln. Sua maquiagem acaba aceita graças aos trejeitos e sua postura carismática. O respeito que arranca de seus assessores é justificado e nos sentimos atraídos por aquela figura. Suas cenas junto a Sally Field, que vive a esposa de Lincoln,  são emocionantes, críveis e fortes, assim como seu embate ideológico com Tommy Lee Jones, que vive um líder republicano.



O trabalho de ambientação é tecnicamente muito bem executado. Detalhes dos sets e a caracterização geral dos personagens é muito além do satisfatório. Steven Spielberg sempre teve como principal crítica à sua direção o exagero emocional, criando cenas com sentimentalismo exacerbado. Aqui, entretanto, temos uma direção equilibrada, mesmo em momentos onde  a dor dos personagens poderia ser intensificada. Ele aprendeu e não repete Cavalo de Guerra.

LINCOLN é uma película de técnica apurada, ótimas interpretações e uma direção exemplar, além de trazer a história de um homem notório. Ele sabia que estava lá para tomar decisões visando o bem de toda a sociedade. E é isso que o filme nos mostra: como Lincoln viveu, e como ele será lembrado.

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