Ele ainda está morto, mas está esquentando |
Quando começou a divulgação da adaptação do livro Sangue Quente de Isaac Marion, tudo apontava para uma versão zumbi de Crepúsculo, mas eis que o primeiro trailer revelava um filme bem humorado, que então se aproximaria muito mais de elementos do ácido Shaun of The Dead - Todo Mundo Quase Morto, que mostra o apocalipse zumbi como uma consequência de uma sociedade paralisada, e do pouco visto Fido - O Mascote, que acompanha a amizade de um garoto e seu zumbi de estimação. E este é um dos trunfos deste Meu Namorado é um Zumbi.
Sob a narrativa e o ponto de vista de um jovem zumbi que só lembra que seu nome começa com R, descobrimos que o mundo está tomado pelos mortos-vivos, e que eles evoluem para temidos esqueletos. Mas mesmo soltando piadas, R precisa se alimentar como qualquer morto-vivo, e num destes ataques ele se apaixona pela namorada de um de suas vítimas, e começa a protegê-la. Ao se alimentar do cérebro do namorado da moça, além de ajudá-lo a entendê-la e conquistá-la, o ajudará a se sentir vivo novamente, causando uma reação em cadeia entre os zumbis.
Era só zoação |
Os zumbis do filme repetem ações de quando eram vivos (coisa que o próprio George Romero já experimentou), e tem uma agilidade maior que o usual no gênero. Além da maquiagem simplesmente trash da grande maioria deles, o figurino deles não é aquele deteriorado visto em The Walking Dead. Mas tudo isso a favor de um desenvolvimento a favor dos zumbis, porque apesar do título em português sugerir que a trama se desenrola em torno da moça viva, são os mortos quem passarão por uma transformação.
Eu, você e os zumbis... |
É preciso destacar que o filme não seria divertido se Nicholas Hoult (Um Grande Garoto, X-Men: Primeira Classe, e os vindouros Jack - O Matador de Gigantes e Mad Max - Fury Road) não tivesse entendido que R é um zumbi, mas com muita humanidade. O personagem coleciona coisas, e escuta discos de vinil, ou seja, ele já estava a um passo da humanidade antes de se apaixonar. E a química dele com a linda e subestimada Teresa Palmer (Aprendiz de Feiticeiro, Eu Sou Número Quatro), que de tão parecida com Kristen Stewart só ajuda a brincar com o fenômeno Crepúsculo, é qualquer coisa nada melosa. Ah! O filme também tem John Malkovich no elenco, mas apesar de ele não estar de todo mal, é evidente que tinha algumas contas atrasadas.
"Pareço assustador, mas quero que me ame" |
Mas o grande trunfo do filme fica subentendido entre cenas de ação e comédia bem feitas pelo promissor diretor Jonathan Levine, que despontou com 50%; Pelas ótimas aparições de Rob Corddry (da série Childrens Hospital) como o melhor amigo de R; e a vocação em brincar com elementos do cinema B: a mensagem de que talvez nos tornamos intolerantes, sem tempo (não à toa grande parte do filme se passe num aeroporto tomado por zumbis sem rumo) e insensíveis o suficiente pra não nos amarmos, nos respeitarmos e no mínimo nos olharmos e perguntar "O que é você?" ("What r u, R?" no original).
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