Poucos meses atrás os sites de fofoca explodiram em suposições e, mais tarde, confirmações da separação do casal de atores Cauã Reymond e Grazi Massafera, e principalmente de que a separação aconteceu após a traição do ator com a colega de cena Ísis Valverde durante as gravações da minissérie "Amores Roubados", negado pelos atores. Eis que um escândalo pessoal quase arruinou qualquer maneira de divulgar o produto, onde os supostos amantes fazem par romântico. Mas o escândalo foi, de uma maneira ou outra, contornado.Baseado no romance policial "A Emparedada da Rua Nova" do pernambucano Carneiro Vilela, lançado em 1886 (!), e relançado com evidente sucesso como folhetim entre 1909 e 1912, o roteirista George Moura e o diretor José Luiz Villamarim ensaiam a adaptação desde 1996, quando foram assistentes de direção na novela "O Rei do Gado". Desde então Moura se dedicou mais aos roteiros de filmes como "Linha de Passe" e do vindouro "Os Últimos Dias de Getúlio" e de programas como "Por Toda a Minha Vida" (pelo qual recebeu diversas indicações ao Emmy Internacional) e chamando a atenção em 2013 com "O Canto da Sereia". Villamarim dirigiu diversas novelas sem muita expressão até chamar a atenção com "Força Tarefa", e é evidente que "Amores Roubados" nunca existiria sem o sucesso de "Avenida Brasil" e "O Canto da Sereia", num formato completamente novo pra uma minissérie. E a próxima tarefa da dupla será o ambicioso remake da já ambiciosa "O Rebu" (novela dos anos 70 que contava uma história que durava apenas dois dias).
O romance original conta a história da fúria sanguinária de um homem pela traição da mulher, e o desgosto de ter uma filha grávida e abandonada. O clássico "resolver as coisas na peixeira". Muitos dos elementos presentes no romance merecem menção, como a posição da mulher na sociedade, o machismo e principalmente o coronelismo sempre muito presente no interior do país. A contemporânea adaptação televisiva revisita todos estes temas de maneira igualmente sutis e objetivas pelas ações dos personagens.Na TV, o protagonista é o funcionário de vinícola Leandro (um cada vez mais interessante Cauã Reymond), o Casanova nordestino que no romance original desonra a mocinha. Mulherengo, ele diz gostar do perigo, mas sua fragilidade aparecem no retorno de sua mãe Carolina (na ótima persona de Cássia Kiss Magro), uma prostituta e cafetina falida que ensaia um retorno às raízes e a cuidar do filho desgarrado e magoado, e principalmente no encontro com Antônia (a sereia Ísis Valverde), filha do poderoso vinicultor Jaime (um tranquilo e mais presente Murilo Benício) com a depressiva Isabel (Patrícia Pilar, fazendo uma Constância de "Lado a Lado" pouco mais frágil e menos má). Aqui é Antônia quem usa a sedução às avessas o provocando com frases como "tá faltando cabra macho nesse sertão", dele ter medo do "coronel" ou de uma garota no comando, rindo do fato dele ter broxado e dando a ele uma segunda chance. O primeiro beijo do casal veio dela, numa bela cena com ele estático, ferido, e chocado. Mas "Amores Perdidos" fala de vários amores perdidos. O da mãe que perdeu o amor do filho, o do marido que perdeu o amor da triste esposa, o do pai que perdeu o amor da filha, e alguns bastante doentios, como o do capanga João (um assustador Irandhir Santos) que nunca teve o amor de Antônia, e não tem pudores de mostrar sua frustração. E com tanta perdição há conseqüências, que devem ser sangrentas nos últimos cinco capítulos.A paixão sem dúvida acomete Leandro, mas nestes primeiros cinco de dez capítulos, o que chamou a atenção não foram as cenas com o suposto casal de amantes da vida real, mas sim as tórridas cenas de sexo (e estamos falando sobre uma minissérie que fala sobre sexo e sedução) entre Leandro e Celeste (a deslumbrante Dira Paes), esposa de Cavalcanti (Osmar Prado), o segundo homem mais poderoso da região.Alguns podem criticar o ritmo lento, mas mesmo a história podendo ser contada em cinco capítulos, teríamos um outro e inferior resultado (algo como "Sexo e Caçada no Sertão"). E há de se aproveitar o excelente cenário (mais de 70% foi gravado ao ar livre no Piauí e Bahia), a fotografia incrível de Walter Carvalho (saído do cinema em obras como "Central do Brasil", começou a flertar com a TV na novela "Lado a Lado"), e revelações como a de Jesuíta Barbosa, o jovem ator de "Tatuagem" que aqui faz Fortunato, melhor e único amigo de Leandro.
Respectivamente autor e diretor fotografados por Walter Carvalho |
O romance original conta a história da fúria sanguinária de um homem pela traição da mulher, e o desgosto de ter uma filha grávida e abandonada. O clássico "resolver as coisas na peixeira". Muitos dos elementos presentes no romance merecem menção, como a posição da mulher na sociedade, o machismo e principalmente o coronelismo sempre muito presente no interior do país. A contemporânea adaptação televisiva revisita todos estes temas de maneira igualmente sutis e objetivas pelas ações dos personagens.Na TV, o protagonista é o funcionário de vinícola Leandro (um cada vez mais interessante Cauã Reymond), o Casanova nordestino que no romance original desonra a mocinha. Mulherengo, ele diz gostar do perigo, mas sua fragilidade aparecem no retorno de sua mãe Carolina (na ótima persona de Cássia Kiss Magro), uma prostituta e cafetina falida que ensaia um retorno às raízes e a cuidar do filho desgarrado e magoado, e principalmente no encontro com Antônia (a sereia Ísis Valverde), filha do poderoso vinicultor Jaime (um tranquilo e mais presente Murilo Benício) com a depressiva Isabel (Patrícia Pilar, fazendo uma Constância de "Lado a Lado" pouco mais frágil e menos má). Aqui é Antônia quem usa a sedução às avessas o provocando com frases como "tá faltando cabra macho nesse sertão", dele ter medo do "coronel" ou de uma garota no comando, rindo do fato dele ter broxado e dando a ele uma segunda chance. O primeiro beijo do casal veio dela, numa bela cena com ele estático, ferido, e chocado. Mas "Amores Perdidos" fala de vários amores perdidos. O da mãe que perdeu o amor do filho, o do marido que perdeu o amor da triste esposa, o do pai que perdeu o amor da filha, e alguns bastante doentios, como o do capanga João (um assustador Irandhir Santos) que nunca teve o amor de Antônia, e não tem pudores de mostrar sua frustração. E com tanta perdição há conseqüências, que devem ser sangrentas nos últimos cinco capítulos.A paixão sem dúvida acomete Leandro, mas nestes primeiros cinco de dez capítulos, o que chamou a atenção não foram as cenas com o suposto casal de amantes da vida real, mas sim as tórridas cenas de sexo (e estamos falando sobre uma minissérie que fala sobre sexo e sedução) entre Leandro e Celeste (a deslumbrante Dira Paes), esposa de Cavalcanti (Osmar Prado), o segundo homem mais poderoso da região.Alguns podem criticar o ritmo lento, mas mesmo a história podendo ser contada em cinco capítulos, teríamos um outro e inferior resultado (algo como "Sexo e Caçada no Sertão"). E há de se aproveitar o excelente cenário (mais de 70% foi gravado ao ar livre no Piauí e Bahia), a fotografia incrível de Walter Carvalho (saído do cinema em obras como "Central do Brasil", começou a flertar com a TV na novela "Lado a Lado"), e revelações como a de Jesuíta Barbosa, o jovem ator de "Tatuagem" que aqui faz Fortunato, melhor e único amigo de Leandro.
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