segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Blackfish

Todos que já viram um show de baleias sabe o quanto pode ser tocante. Entre 1985 e 1986, o Playcenter em São Paulo teve a presença das orcas Nandu e Samoa, capturadas na Islândia, mas elas estão desde os anos 60 nos parques do grupo SeaWorld nos EUA. Qualquer um que goste um pouco de animais e água vai achar lindo os animais marinhos que obedecem humanos em movimentos, mas ao menos comigo, achei tão lindo quanto intrigante que animais tão grandes pareçam felizes num tanque minúsculo comparado ao oceano. Meu pensamento ocorreu durante e apresentação do show "One Ocean", que substituiu o "Believe" que tinha treinadores interagindo com as baleias na água, e culminou na morte da treinadora Dawn Brancheau, de 40 anos.

a cauda caída
São reflexões ainda mais profundas que o documentário "Blackfish" propõe. A diretora Gabriela Cowperthwaite começa o filme de maneira dramática, com o chamado do parque temático pras autoridades de Orlando, na Florida, onde ocorreu o incidente. Aos poucos ela vai desmontando o show, pra entendermos como aquelas baleias foram parar ali. Entrevista ex-treinadores e colegas de Dawn, especialistas e faz uma série de conexões com outros acidentes.

Pra desmentir o conglomerado do SeaWorld de que as baleias
Dawn amava seu trabalho, mas não compreendia os riscos
assassinas são, sim, assassinas e perigosas em cativeiro, o documentário mostra a origem de grande parte dessas orcas - a Islândia -, e deixa a entender que todas elas não foram salvas, mas tiradas de seu meio por pura ganância. O foco é Tilikum, a baleia assassina macho que matou Dawn, mas já havia vitimado outras duas pessoas - uma delas uma treinadora. Seria Tilikum o grande vilão, ou o encobertamento de fatos pelo parque? Fatos estes, importantes, que nem treinadores tinham conhecimento. E assim, o filme tenta colocar alguma luz na indústria do entretenimento que diz cuidar de animais ao mesmo tempo que os explora.

ex-treinadores seguram o cartaz do filme
Um dos méritos do filme é que, a fim de não parecer completamente tendencioso, usa imagens. Imagens fortes de incidentes, ataques e até mesmo endoscopias nas orcas. E consegue entrevistar alguém que defenda o SeaWorld, mas que não traz fatos do real bem que o parque supostamente estaria fazendo. O filme não traz nada de novo ao gênero, mas toca num assunto do qual todos precisamos pensar. Num certo ponto, um ex-treinador diz "ainda chegará um dia em que lembraremos desses tempos bárbaros quando explorávamos animais".

Um grande destaque no Festival de Sundance do ano passado, o filme foi ignorado no Oscar deste ano, apesar do clamor popular. No Brasil, o filme estréia hoje diretamente na Netflix.


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