terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O forte "A Caça" na disputa do Oscar


Sempre muito difícil prever os vencedores ao Oscar de melhor filme estrangeiro, e neste ano os filmes são particularmente distintos. Mas um deles pode estar correndo na frente, se considerarmos ao menos sua campanha desde o lançamento no Festival de Cannes em 2012 (que usualmente exibe filmes com muitos meses de antecedência). Se trata do dinamarquês "A Caça" de Thomas Vintenberg, que ficou conhecido em 1998 por "Festa de Família", que fazia parte do movimento cinematográfico Dogma 95.


O filme nos apresenta um solitário professor de jardim de infância, que tem nas reuniões com amigos pais de família os únicos momentos de lazer, e algum problema relacionado a custódia do filho, mas que terá a vida transformada num pesadelo quando uma inocente mentira o envolve num suposto crime de pedofilia, o transformando no homem mais odiado da cidade.
Klara e a diretora da escola sob pressão

Estrelado por Mad Mikkelsen ("Depois do Casamento", "Rei Arthur", "Casino Royale"), o filme tem um roteiro que começa bastante ameno, com uma certa economia de reações dos personagens, que são exponencialmente potencializadas, criando uma extrema sensação de desconforto e injustiça. Mais do que manter um proposital e bem elaborado ambiente hostil, o filme conta com atuações justas principalmente do protagonista, da menina Annika Wedderkopp que faz a Klara, e Susse Wold que vive a confusa diretora da escola, e uma bela fotografia que honra o cenário nórdico.

A triste trama lembra muito a história real da família norte-americana Friedman, investigada no documentário indicado ao Oscar "Na Captura dos Friedmans" de 2003, quando no final dos anos 80 um respeitado pai e professor de computação e música e seus três filhos crescidos foram acusados e condenados por abusar sexualmente das crianças que ensinavam. Assim como no filme, a consequência da imaginação das crianças combinada com perguntas tendenciosas têm resultados profundos. Mas nunca anulando a existência de tais crimes que, de fato, assombram a sociedade.
A sociedade é cruel

Pra ajudar o filme na disputa pelo Oscar, mesmo depois de ter perdido o Globo de Ouro pro badalado italiano (e  quase instalação-homenagem) "A Grande Beleza" e sem os poderosos franceses "Azul é a Cor Mais Quente" e "Um Estranho no Lago" no páreo, o filme, que já ganhou 18 prêmios ao redor do mundo, acaba de vencer 7 categorias do Robert Festival, o Oscar do cinema dinamarquês. O filme foi exibido no Brasil pela primeira vez em 2012 na Mostra de São Paulo, estreando no circuito de arte em março de 2013, e atualmente é exibido pelo canal Telecine.

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