A Cia. dos Outros retorna neste dia 10 de março para 6 apresentações nas segundas e terças às 20h no Teatro Sérgio Cardoso (Rua Rui Barbosa, 153) com seu espetáculo "A Pior Banda do Mundo", que esteve em cartaz em SP no final de 2012 e na programação de (re)inauguração do Centro Internacional de Teatro - Ecum em 2013.
Inspirado na HQ homônima do português José Carlos Fernandes, que mostra 32 histórias curtas de 2 páginas numa cidade sem nome que parece estar no Leste Europeu onde diversos personagens bizarros, inclusive a tal pior banda do mundo, vivem, a peça usa elementos de vários personagens apenas na tal banda. Ela é pior do mundo porque, sem o menor talento, ensaiam regularmente há 10 anos sem nunca mostrar o resultado ao público. A peça acompanha os dias que antecedem a primeira apresentação deles ao vivo, alternando os ensaios com sentimentos guardados por anos, e suas estranhas ocupações de arquivista, conferencista de pequenos objetos (de escritório!), um gerente de segurança de supermercado, um escoteiro cansado e uma ex-patinadora que fala uma língua que aparentemente poucos compreendem.
Se a sinopse já não fosse suficientemente interessante, o espetáculo contou com a direção do saudoso João Otávio, que dirigiu este que vos escreve em "O Jardim das Cerejeiras" para a Cia. Vinte e Duas Desgraças e infelizmente não pôde presenciar fisicamente o sucesso de ambas as obras. A atriz Amanda Lyra (da série ", que interpreta brilhantemente a hilária e amargurada conferencista, também colaborou com nosso espetáculo com um treinamento View Points (presença física/sonora). Portanto, sim, este espetáculo é especial para mim.
Mas se João cuidou bem do trabalho dos atores, foi também pela concepção de Carolina Bianchi, talvez a bússola norteadora do espetáculo, que também co-dirigiu com João, cuidou da dramaturgia com a colaboração de todo o grupo, e também faz a ex-patinadora. Os atores realmente não sabem, a princípio, usar os instrumentos musicais, o que faz a banda realmente ser a pior do mundo. A encenação que agradavelmente abusa do absurdo, cheia de repetições, e velocidades diferentes, jamais enfraquece qualquer que seja a leitura que o público faça (alguém disse que critica os persistentes artistas que não vivem de sua arte e não estabelecem um diálogo com o público) da trama. Sugiro que a regra seja se divertir.
No elenco não menos que sensacional em figurinos impagáveis estão além das já citadas Amanda Lyra e Carolina Bianchi, Clayton Mariano, Pedro Cameron e Tomás Decina, além de toda uma competente equipe técnica (projeções na parede colocam legendas na desconhecida língua da ex-patinadora).
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