domingo, 15 de janeiro de 2012

Direto da Telona: A Hora da Escuridão

Filmes de sobrevivência em grupo tendem a ser problemáticos quando se apoiam demais em seus personagens, que geralmente são bastante estereotipados em um mesmo padrão de comportamento. Sem contar o fator de eliminação desses personagens, que pouco surpreende o público. E quando o perigo iminente é invisível, imaginário ou desconhecido, as coisas tendem a ficar ainda piores, e a rejeição do público é quase imediata.

Produzido por Timur Bekmambetov de O Procurado, "A Hora da Escuridão" (The Darkest Hour, 2011) é um filme de sobrevivência em grupo onde o inimigo é praticamente invisível. Ou seja, altamente problemático. No filme, dois amigos (os sempre ótimos Emile Hirsch e Max Minghella, respectivamente de Na Natureza Selvagem e Ágora) sócio-fundadores num site de relacionamento por geolocalização vão para Moscou tentar ganhar investidores numa clara alusão ao filme A Rede Social (onde um está preocupado com os negócios, e o outro parece só querer curtir). No retrato que o filme faz de uma Rússia em crescimento econômico à qualquer custo, os amigos são enganados por um executivo sueco que trabalha no país. Num bar, encontram duas turistas americanas (Olivia Thirlby e Rachael Taylor, respectivamente de Juno Transformers), e então após um apagão eletroeletrônico estranhas bolhas de luz invadem Moscou (e todo o planeta), e ao ficarem invisíveis se revelam incineradoras de seres vivos, e em conclusão um inevitável ataque alienígena. A única coisa que resta para eles é descobrir como identificar a presença dos seres, e se esconder.
arte conceitual oficial feita pelo brasileiro da HQ ˜Vampiro Americano"

O público sabe que não há pra onde fugir, apesar dos personagens buscarem este lugar, mas que em algum lugar alguém está se abrigando em segurança, e que será pra essa direção que o filme irá. O filme também erra ao dar poucos motivos pra gostar (ou não) dos personagens, ignorando desde o princípio o passado deles. Chega a incomodar quando um dos personagens fala emocionado sobre a infância (que nos era desconhecido)com alguém que acaba de morrer, pelo qual o público teve no máximo alguma empatia por conta de seu intérprete. Muito se disse sobre jovens atores talentosos terem aceitado o projeto, mas deve-se levar em conta que todos precisam de um arrasa-quarteirãol, e a idéia de uma invasão alienígena invisível poderia render um bom filme.

Eu pessoalmente me interesso por filmes com inimigos invisíveis, como eu já deixei claro com Fim dos Tempos aqui. Eles poderiam sempre render tensas cenas de suspense, mas infelizmente eles geralmente erram por ser apenas uma contenção de despesa quando com efeitos visuais. O diretor Chris Gorak, geralmente afeito aos bastidores de grandes produções erra feio nessa economia de orçamento em todas as cenas (com cortes e fechamentos de cenas bem amadores), principalmente nas rápidas sequências de suspense, e nem mesmo consegue sustentar o título A Hora da Escuridão, já que o contraste entre luz e sombra do filme é nulo, e todas as principais cenas acontecem à luz do Sol. Nem mesmo o 3D ajuda, e só vale pela última tomada, com nuvens sob a cidade.

Só nos resta mesmo contemplar esta curiosa Moscou capitalista em meio ao caos do fim do mundo.

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