Entre 2001 e 2003 o mundo dos quadrinhos apreciou um projeto que chamou muito a atenção. Marvel e DC sempre foram as duas maiores fábricas de HQs e se o Superman e o Batman remetem à segunda, no caso da primeira não lembramos de seres ficcionais, mas de um homem de carne e osso: o grande Stan Lee.
Dessa forma, a ideia de lançar HQs em que o maior criador da Marvel reimaginava as maiores criações da DC foi tratada de forma quase sobrenatural. Poder ver como seriam Batman, Superman, Mulher Maravilha, Flash, Lanterna Verde (,etc.) se Stan Lee (o co-criador de X-Men e Homem-Aranha entre outros) tivesse sido a mente criativa por trás desses era algo para explodir as cabeças dos fãs da nona arte. Para tornar a situação ainda mais épica, por que não convidar os grande artistas da época? Pois foi o que a DC fez e assim surgiu Just Imagine Stan Lee Series (2001-2003), composta de treze edições de luxo.
Fizeram parte desse 'balaio de gato' Mulher-gato, Lanterna Verde, Shazam, Liga da Justiça, Mulher Maravilha, Batman, Super-homem, Robin, Flash, Aquaman e até Sandman, além de um número intitulado Crise e outro sobre arquivos secretos e origens. Chamo de 'balaio de gato' porque, mesmo sabendo de toda a importância do autor na Casa das Idéias, esse projeto tem um resultado insosso e sem maior significado. Vale a leitura, a título de curiosidade, mas é um material facilmente esquecível.
O estilo verborrágico das HQs reflete um outro tempo, em que pensamentos precisavam necessariamente aparecer descritos. Os desenhos eram menos expressivos e, dessa forma, explicações (do tipo "Nossa, se o bandido atirar agora o caos poderá se instalar!", rs) eram constantes, poluindo os quadrinhos e, consequentemente, o trabalho dos artistas. Aliás, a arte está ótima! Algumas reimaginações de uniformes ficaram um pouco exageradas e estranhas, mas os trabalhos de artistas como Jim Lee, John Buscema e Dave Gibbons tornam-se o maior atrativo do projeto.
É engraçado perceber semelhanças (não sei se intencionais) entre essas criações e as obras de Stan Lee. A Mulher Maravilha, agora uma entidade do panteão Inca, é assumida por uma peruana, que quando vai a Los Angeles decide trabalhar em um jornal para poder aproveitar o fato de ter acesso direto à deusa... olá, Peter Parker! E o Aranha também é referenciado na releitura do Batman, quando o personagem decide ganhar dinheiro através da luta livre. E isso para ficar em apenas dois exemplos.
Pois bem, uma releitura efetivamente envolve reconstruir um personagem e não posso dizer que Stan Lee não tenha cumprido o que lhe foi pedido. Ainda assim, fica um gosto amargo ao finalizar as leituras. Talvez a expectativa seja o grande vilão desse projeto. Ainda bem que X-men e Homem-aranha nos trazem de volta ao brilhantismo de Lee. E isso é suficiente.
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