Relacionamentos homossexuais já não eram necessariamente uma novidade na TV norte-americana quando a série sobre o cotidiano de cinco amigos gays "Queer as Folk", versão gringa de série britânica, estreou na TV a cabo. A série ousava, mesmo em canal fechado, em colocá-los como protagonistas e não esconder absolutamente nada. Era uma perspectiva de dentro da comunidade gay. A série americana, ao contrário do original, durou 5 temporadas.
Quase 9 anos depois do fim de "Queer as Folk", a TV americana exibiu com estrondoso sucesso "Queer Eye For the Straight Guy", um reality show onde cinco gays especialistas em diversas áreas davam pitaco na vida de um heterossexual, "The L Word" sobre mulheres que gostam de mulheres, e toda sorte de abordagem sobre gays em séries e filmes variados. Mas também mudou como os jovens são interpretados em narrativas televisivas. E mudou também os jovens, que ficaram mais velhos e ainda considerados jovens.
os protagonistas |
Há exatamente três semanas estreou no canal fechado HBO dos EUA e simultaneamente Brasil a série "Looking", sobre 3 melhores amigos vivendo numa hoje tolerante São Francisco. Criado por Michael Lannan, co-criado e dirigido por Andrew Haigh, "Looking" é uma dramédia onde muito gira em torno do conflituoso aspirante a artista Agustín (Frankie J. Alvarez), o quarentão Dom (Murray Bartlett) e principalmente Patrick (Jonathan Groff, veterano da Broadway e mais conhecido pela participação como Jesse em "Glee"), um designer de jogos de 30 anos que se acha romântico e tradicional, mas na verdade não sabe muito bem o que quer.
Se isso te lembra a premissa de "Girls", talvez não seja por acaso. "Looking" foi alardeado como a versão gay de "Girls", e guarda muitas semelhanças. Mas o diretor Andrew Haigh, que já havia dirigido o filme "Weekend" em 2011 sobre um encontro casual entre dois homens que acaba se tornando algo muito especial, definitivamente tem coisas mais específicas pra discutir. Tanto "Girls", "Looking" e o filme "Weekend" usam uma atmosfera fútil e descontraída, numa narrativa de
ator recebendo instruções do diretor |
cotidiano comum pra discutir coisas muito mais sérias. Em ambos os trabalhos do diretor, diálogos cuspidos ou suspirados não falam apenas de conflitos, mas fazem uma análise daquela sociedade. Em todos os 3 episódios exibidos há alguém falando frases como "eu não sou como aqueles caras que...", e assim os já rotulados gays se rotulam, mostrando que a homofobia também pode estar internamente.
O resultado final, em episódios de 30 minutos, dá a impressão de que nada acontece na trama, e isso é positivo. A série já começa com Patrick "caçando" num parque e, constrangido consigo próprio, usa o celular como pretexto pra ir embora quando um homem mais velho começa a masturbá-lo, ainda reclamando das "mãos geladas". Apesar do retrato realista, a série ainda precisa passar pelo crivo das leis russas pra ser exibido por lá, e as chances são poucas, o que mostra que estão fazendo certo.
A série tem o episódio inédito exibido usualmente na madrugada de domingo pra segunda 1h30, mas tem reprises durante toda a semana.
A série looking com Lauren Weedman tem feito a diferença no que o mundo gay é uma visão mais realista do que nós sempre acreditamos, sem tantos preconceitos e os mesmos problemas que todos têm
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