sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Breve na TV: Smash

Em 1886, uma peça de teatro de mais de 5 horas de duração estreou em Nova Iorque usando dança e músicas originais pra contar sua história. A região do Distrito do Teatro, que acabou denominada 'Broadway' por estar na hoje na mais agitada área da rua Broadway na Ilha de Manhattan, já existia a todo vapor, mas depois deste primeiro musical, o teatro americano se destacou e se diferenciou de seu irmão londrino. 

Em 1881, um cara chamado Tony Pastor (que mais de 60 anos depois daria nome a um prêmio importante) fez uma série de musicais ainda mais originais, e principalmente profissionais que definiu o que conhecemos como "musical da Broadway" hoje. Desde então cantar, dançar e atuar virou uma tradição no teatro americano, e uma grande jornada pros atores que fazem este caminho. Tradição esta que tomou conta do cinema após a Segunda Guerra Mundial, e bem mais tarde começou a aparecer esporadicamente nas séries televisivas também. 

"I am beautiful..."
Mas a partir de 1985, com o fim da União Soviética, os musicais na tv e cinema precisaram passar por uma reforma pra tratarem de temas que falassem menos da sociedade americana, mas as paródias que pouco agregam se proliferam, e "Evita" se torna um grande fracasso nos cinemas em 1996. O cinema só voltaria a produzir musicais depois de "Moulin Rouge" em 2001. E a tv tenta fazer um seriado musical em 2007 com "Viva Laughin" produzido por Hugh Jackman, mas que fracassa pela história fraca e números dublados. Mas em 2009 estréia "Glee" criado por Ryan Murphy, e com os prêmios e audiência parece ser bem viável fazer musicais na televisão tão profissionais quanto no teatro.

Provavelmente pensando nisso Steven Spielberg (sempre ele) e alguns nomes acostumados com adaptações de musicais pro cinema resolveram produzir a série dramática "Smash" que mostre os bastidores de um musical na Broadway. A série conta a história de dois amigos (Debra Messing de "Will & Grace" e Christian Borle, com experiência de musicais) que querem fazer um musical sobre Marilyn Monroe, aproveitando os 50 anos de morte da atriz. Cada um tem seus próprios problemas pra resolver, além de precisarem da produção executiva da personagem vivida por Anjelica Houston, que está passando por um financeiramente turbulento divórcio, e a direção do genial mas complicado Derek (vivido pelo inglês Jack Davenport). Mas a série tende a ficar focada na morena Karen, personagem vivida pela ex-participante do "American Idol" Katherine McPhee, que disputa o papel de Marilyn com a platinada experiente Ivy (Megan Hilty). São as duas que mostrarão quão difícil é se dedicar a um musical da Broadway, e ter que abrir mão de muitas coisas e conceitos.
O ótimo número do baseball

A série estréia apenas dia 6 de fevereiro nos EUA, mas está tendo seu episódio piloto distribuído há algumas semanas pra tentar conquistar o público. O que se vê por este piloto é que a série não pode ser muito comparada com "Glee", que tem o humor corrosivo e altamente crítico de Ryan Murphy, pois fica bastante na superfície dramática da trama e de seus personagens. E as sequências musicais deste piloto são poucas, mas deve-se considerar que das músicas cantadas, apenas "Beautiful" da Christina Aguilera não era original. A série deve então se apoiar em músicas criadas para o musical fictício de Marilyn Monroe, deixando pouco espaço para músicas populares.

Pode parecer perseguição, mas Steven Spielberg estar na produção não me inspirou muita confiança em termos algo no mínimo original em qualquer aspecto. Tanto que não sou apenas eu a dizer que "Smash" é um "Glee" sem humor com o recente filme "Cisne Negro" sem a paranóia aterrorizante. Mas pode surpreender pela enorme quantidade de referências e participações que terá aos musicais da Broadway turística. E homenagear Marilyn Monroe não é nada deselegante.

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