O cinema, nos últimos anos, tem nos coberto com mais e mais adaptações. Sejam livros ou HQs, a verdade é que, cada vez mais, vemos os roteiristas somente adaptando argumentos pré-moldados, deixando de lado o espírito criativo e inovador de sua profissão, que envolve sim o lado estrutural, mas que também incentiva esse lado original. É muito legal ver algo que já imaginamos através da leitura ser transposto para a telona, não me entendam mal. Mas, eu gostaria muito de ter novas histórias sendo contadas.
O pior viés desse contexto é a forma como os produtores, ao perceberem o rincão de ouro que atingiram, insistem em garimpar e tentar adaptar toda e qualquer obra que surge. Muitos livros e HQs já tem seus direitos vendidos antes mesmo do lançamento. Isso aconteceu com o novo Sherlock Holmes, com Scott Pilgrim (não havia sido finalizado), com o livro As Ruínas (de Scott Smith), entre vários outros. Muitas vezes, a sétima arte presta um serviço ao original, como fez com O Procurado (péssima HQ, bom filme) e Kick-Ass (boa HQ, ótimo filme). O fato é que, independente das intenções, algum critério deveria ser empregado.
A HQ ATLANTIS RISING (2007/08), escrita por Scott O. Brown e desenhada por Tim Irwim, é uma dessas Graphic Novel que teve os seus direitos adquiridos pela Dreamworks Animation (Spielberg), sendo que Alex Kurtzman e Roberto Orci (que escreveram Star Trek e M:I III e cometeram Transformers e Cowboys & Aliens) tiveram anos para desenvolver a produção. Entretanto venceu o tempo contratado e os direitos retornaram para a Platinum Studios (Cowboys & Aliens), que vai desenvolvê-la, sob a batuta de Mark Canton (Imortais e 300).
E a grande pergunta é: vale a pena? A trama, dividida em cinco partes, envolve certos abalos sísmicos que levam militares (sempre eles) a investigar e, acabam "provocando" o povo das profundezas, disposto a guerrear com o povo da superfície. Mais um blockbuster que oferecerá a possibilidade de encher as cenas de grandes efeitos especiais e, com certeza, inflacionar o valor dos ingressos, com o 3D, que muitas vezes não agrega nada à película.
O roteiro não oferece nada de novo e que não tenha sido explorado em, por exemplo, Fathom (de Michael Turner e sua personagem principal tem a cara de Megan Fox) e no conhecido Aquaman (agora sob o controle criativo do grande Geoff Johns). Esses dois, por sinal, o fizeram com uma visão mais interessante. Talvez esses dois gerariam melhores filmes. Ou melhor, levando em conta o que foi colocado no início desse post, por que não investir nos grandes escritores dessas tramas para desenvolverem algo novo (em tempo, Michael Turner faleceu em 2008, depois de contribuir para Witchblade, Soulfire e Superman/Batman).
O jeito é esperar e torcer para um bom filme, mas gostaria de ver uma mudança nessa tendência do cinema. Filmes como Meia-Noite em Paris, por exemplo, partindo de um roteiro original, emociona e tem uma produção tecnicamente impecável. E olha que o mercado oferece bons nomes. Diablo Cody (Juno), os próprios Alex Kurtzman e Roberto Orci, Rhett Reese e Paul Wernick (Zumbilândia), Jonathan Nolan (os novos filmes do Batman) são nomes novos que são bastante criativos. O que falta é o investimento e voto de confiança das grande Produtoras.
A abundância de grandes séries também revelam, dia após dia, muitos bons nomes, criativos e ousados. Por que não incentivar? Somente assim, novos Woody Allens e Aaron Sorkins surgirão. E eles também são necessários...
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