sábado, 14 de janeiro de 2012

Direto da Telona: SHERLOCK HOLMES - O JOGO DE SOMBRAS


A introdução de SHERLOCK HOLMES - O JOGO DE SOMBRAS (Sherlock Holmes - A Game of Shadows, 2011) entrega o tom dessa continuação: aprendemos com o que fizemos e nos esforçamos para trazer à franquia nova força. Em meio ao fechamento que faltara a determinada personagem do primeiro filme, Holmes enfrenta alguns capangas de seu grande rival desse filme, mostrando como o seu raciocínio também pode auxiliá-lo na luta. E é essa a característica da releitura do detetive inglês, criado por Arthur Conan Doyle: saem as cenas contemplativas e deduções puramente lógicas, entra um herói frenético, lutador de MMA e mestre dos disfarces.

Robert Downey Jr, que já viveu Chaplin nos cinemas e que passou por alguns percalços antes de retomar sua (agora bem sucedida) carreira, confere ao solucionador de casos mirabolantes uma pitada cômica e vidente que, parece, conquistou o público (talvez mais do que o próprio original). Seu personagem aqui lembra muito o de outra franquia de que faz parte: Homem de Ferro. Temos muito do "charme" e da irreverência de Tony Stark. O ator, claramente, se diverte no papel e transfere esse sentimento para o público, favorecendo a experiência positiva.

Tendo esse ótimo (e lucrativo) ator nas mãos, Guy Ritchie faz o que sabe: liga o filme no 220 e o mantém nesse ritmo até o seu final. Sim, ele continua o mesmo diretor hiperativo da primeira sequência e de filmes como Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Rock'n'Rolla. Mas dessa vez, ele aprendeu a dividir melhor a ação ao longo de todos os atos do filme (e não concentrá-la no final, como fizera no primeiro Sherlock.) O filme tem poucos momentos de respiro, não se entregando a silêncios reflexivos (tédio?). Mas é sincero em seu objetivo: Holmes, aqui, é um herói de ação e a história irá evoluir nesse sentido.

Com um enredo mais interessante que o primeiro, o filme nos apresenta a Europa no fim do século 19 (1891). Essa é uma novidade: temos a Inglaterra, como no primeiro, mas a ela se juntam França, Alemanha e Suíça. O clima armamentista cresce e uma guerra, capitaneada por França e Alemanha, se aproxima. Holmes suspeita de que não se trata de um acontecimento natural e arranca seu amigo Watson (Jude Law), prestes a se casar com a bela Mary (Kelly Reilly), do conforto de seu lar e o envolve em mais uma aventura, com direito a ciganos (entre eles Simza, a bela Noomi Rapace) e a participações hilárias de Mycroft Holmes (Stephen Fry), a serviço do governo britânico. Jared Harris (Mad Men) vive James Mortiarty, inimigo clássico de Sherlock e possuidor de uma mente tão (ou mais) brilhante que a do herói. Talvez não tão carismático, Harris tenha sido a escolha mais acertada, pois o vilão não é do tipo Lex Luthor (vou te contar todo o meu plano antes de acabar com você, herói!), mas sim frio e extremamente calculista.

Tecnicamente, só elogios. Além da fotografia de Londres, ainda esfumaçada e poluída, temos uma Paris que respira a arte, uma Alemanha verde (a cena da floresta é impressionante!!) e uma Suíça bucólica. Hanz Zimmer traz uma trilha sonora empolgante, condizente com o ritmo do filme. Os atores que retornaram à franquia parecem estar bem alinhados e os novos também não decepcionam. O figurino continua bom como no primeiro, em especial os disfarces de Holmes, que ganham um algo mais nessa continuação.

A cena de embate final de Holmes e Moriarty, em um "jogo de xadrez" é brilhante. Nela, a utilização dos "raciocícnios antecipados", já presente no primeiro filme, atinge seu ponto mais alto, contribuindo para criar uma tensão absurda. Além disso, essa cena guarda uma homenagem à obra de Conan Doyle, contribuindo para o encerramento perfeito e, até certo ponto, inesperado da aventura.

Bom filme, merece ser assistido na telona. O som e a ação saltam da tela e a diversão é garantida. Fica evidente ao final que a ideia e que sejam feitos mais filmes. E por que não? Como disse Downey Jr. em entrevista recente: "Acho que o público vai me avisar quando estiver entediado" (Folha de São Paulo, 13/01/12). Logo, Guy Ritchie, imitando um outro servo da rainha, terá que pensar em complementar o final dos créditos (muito bonitos, por sinal): Sherlock Holmes will return!

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