O novo filme do grande diretor Steven Spielberg, “Cavalo de Guerra” (War Horse, 2011) é um filme feito para emocionar e te levar às lágrimas. Ponto. Baseado na obra de Michael Morpurgo, antes de Spielberg se apaixonar pela obra, ela já foi encenada nos palcos de Londres, da Broadway e irá estrear em fevereiro em um teatro de Toronto, Canadá.
Meus companheiros da “Liga da Poltrona”, Carlos (@homemdosdados) e Juliano (@Juliano_S_Viana), sempre tentam me convencer que Spielberg não é um grande diretor como se ventila mundo afora e como pensava Dawson Leery, mas seu sucesso deve-se à equipe que ele reúne e que sempre produzem bons filmes. Pois acho que o mérito dele está justamente aí: dirigir, e no meu ponto de vista muito bem, os melhores em suas especialidades para nos brindar com obras cinematográficas que logo se tornam novos clássicos.
Entrar no cinema sabendo que o filme é dirigido por Spielberg, é sabido que em algum momento, o diretor vai colocar uma cena ou uma sequência acompanhada da trilha sonora do mago John Willians que irá te levar a embargar e aparecer aquela lágrima no canto do olho. Se o filme tiver um animal então, é melhor levar ao cinema um lenço para enxugar as certeiras lágrimas que correrão solta. Sabendo disso, não entendo o estardalhaço de alguns críticos que chegam a colocar “Cavalo de Guerra” como um dos piores filmes já feitos por Spielberg. Baseado em um livro dirigido ao público infantil e que leva o rótulo de “filme família”, o diretor não iria reinventar uma fórmula que sempre funcionou e funciona muito bem.
Talvez estejamos ficando mal acostumados com superproduções que envolvam uma montanha de dinheiro e muitos efeitos especiais e deixando coisas simples como a amizade e perseverança para o plano da fantasia. É bom ver um filme que tenta chamar a atenção para valores que realmente importam e nos levar a refletir um pouco mais sobre isso. Se vier acompanhado de belas imagens, uma fotografia impecável – do sempre colaborador de Spielberg, Janusz Kaminski, de “O Resgaste do Soldado Ryan, Amistad, entre outros, e que meus amigos atribuem grande parte do sucesso de Spielberg – e da trilha sonora do sempre gênio John Willians, porque não se deixar emocionar? Afinal, os seres humanos ainda são capazes de agir com a emoção às vezes. Pelo menos é que quero acreditar.
O filme se passa na Inglaterra, pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial. Com belas cenas de uma paisagem idílica, vemos a amizade de um garoto, Albert Narracott (o novato Jeremy Irvine) com seu potro Joey. Sua tarefa não é nada fácil – domar o animal para que ele sirva para arar o campo da fazenda que a família arrenda do impiedoso Lyons (David Thewlis, o Professor Lupin da série “Harry Potter”). Apesar da amizade entre o animal e o garoto, o pai do rapaz (Peter Mullan) é forçado a vender o potro para o exército inglês e assim saldar as dívidas da fazenda.
Acompanhamos então a saga do animal nos campos de batalha, em uma guerra cruel em que se vê a ânsia do homem pela morte. A Primeira Grande Guerra Mundial foi um ponto importante de mudança na história das guerras, pois foi o início da industrialização da matança, com tanques, canhões poderosos e metralhadoras. Deixa-se de usar espadas e cavalos; o número de soldados não importa mais, apenas quantas metralhadoras e munição se possui. Uma sequência lindíssima da cavalaria avançado pelo campo é brutalmente cortada pelo poder de fogo do exército alemão.
O cavalo Joey então, passa para o exército alemão e assim vai trocando de mãos. Com maestria, o diretor consegue closes dos olhos do animal, que parece nos indagar o que está a acontecer; afinal, esses olhos viram seu dono se despedir, seu novo cavalheiro – o capitão Nicholls, interpretado muito bem por Tom Hiddleston, o Loki de “Thor” – cair em batalha, um pajem ser executado por deserção, uma garotinha ficar aos prantos, umas máquinas que causavam um tremendo barulho seguido de muita fumaça e uns arames que se enroscavam pelas patas causando bastante dor. Resumindo: “Cavalo de Guerra” é um filme violento, que revela uma pequena parte de como a Primeira Guerra Mundial foi brutal e selvagem.
Após esses grandes fatos, prepare o lenço, pois vem uma sequência de cenas que te deixarão com um nó na garganta, afinal, manipular sentimentos, é uma arte que Spielberg domina bem. Destaco a sequência do encontro entre o soldado inglês (Toby Kebbell, de “Aprendiz de Feiticeiro) e o soldado alemão (Hinnerk Schönermann) – que mostra o quão estúpido são os motivos que levam os países e as pessoas as guerras.
Talvez alguns ficarão incomodados com a “homenagem” que Spielberg quis fazer à “... E o vento levou”. Apesar de bonita, me pareceu um tanto exagerada e totalmente destoante das cores e tons utilizados durante o filme. Parece que de repente, você está assistindo à um outro filme. Exceto por esse deslize, “Cavalo de Guerra” é o tipo de filme para admirar e assistir com a família reunida.
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