Não é por acaso que, cada vez mais, Hollywood busca inspiração para remakes nos anos 80. Ao longo dessa década, diversos filmes alegraram e marcaram muitas pessoas que, posteriormente, se tornaram fãs fiéis até os dias de hoje. Filmes como Caçadores da Arca Perdida, E.T., Gremlins, Os Goonies e assim por diante. É um sem número de filmes bons e muitos bons diretores da nova safra curtiram muitos desses, como nós. Entre eles temos J.J. Abrams. E bastou um "empurrãozinho" de um certo Steven Spielberg (que dirigiu muitos desses grandes dos anos 80) para que surgisse um dos melhores filmes de 2011: SUPER 8 (Super 8, 2011).
Dirigido e escrito por J.J. Abrams, produzido por Spielberg, é um filme que mistura ação e ficção em uma cidade pacata de Ohio - daquelas que tem uma única indústria onde todos trabalham - nos idos de 1979. Somos apresentados a um grupo de garotos, amantes de cinema, que assumem (cada um) seu papel na produção de um filme. Temos o diretor, o ator, o responsável pela parte técnica e o maquiador e "maqueteiro". Este último, Joe - que será nosso personagem principal - perdeu a mãe e tenta equilibrar sua vida ao lado do pai. Eles filmam usando uma câmera super-8 e, durante a noite, em uma de suas incursões, acabam por filmar um acidente de um trem, liberando algo desconhecido que mudará a rotina da pacata cidade.
Como tudo em que toca J.J. desde o sucesso de Lost, esse filme foi acompanhado com olhos atentos por toda a imprensa e pelos fãs. Qualquer nota que surgia gerava um certo rebuliço, mas a produção soube proteger muito bem os seus segredos e, mesmo sabendo de detalhes do filme pela sinopse, a expectativa era grande. E o que vemos em tela corresponde completamente a esse sentimento.
Abrams sabe utilizar com coerência o papel que o suspense tem nos dias atuais. Dito isso, SUPER 8 merece mais a comparação com Tubarão ou Cloverfield (pelo suspense ao redor da criatura) do que com o óbvio E.T. Diversas técnicas são empreendidas para acalentar a curiosidade do público, com reflexos em espelhos ou água, ou mesmo com copas de árvores que se mexem repentinamente. Tudo muito bem calculado e executado. A trama envolvendo os garotos e sua investigação prende como Richard Donner outrora o fez em Os Goonies.
O filme é autêntico e dá mostras de alguém apaixonado por cinema e influenciado pela filmografia que o acompanhou. O elenco infantil está muito bem, em especial Elle Fanning. A cena em que a menina ensaia na estação do trem, antes da gravação efetiva, e de quedar o queixo, não só da audiência, mas também dos próprios companheiros de projeto. Projeto esse, aliás, que nos é mostrado logo ao final do filme, durante os créditos. Toda a sequência final impressiona. Mas não são os efeitos que se sobressaem e sim o momento entre Joe e seu pai (um policial vivido por Kyle Chandler, a figura de autoridade), tocante e embalado pela brilhante trilha sonora de Michael Giacchino.
Tecnicamente, não posso deixar de mencionar o acidente do trem, de uma grandiosidade típica de Abrams (basta lembrar do início de Lost e a queda do Vôo 815 da Oceanic). Além disso, certas metáforas visuais são brilhantes, como o plano em que um tanque de guerra destrói um parquinho de crianças frente aos olhos incrédulos dos garotos, que tem sua infância arrancada de forma bruta pelos militares. E, sem querer me repetir, a interpretação de Elle Fanning é daquelas que te fazem acessar o IMDB para descobrir outros filmes com ela, só para poder prolongar a intensidade com que ela se entrega.
Esse filme toca em memórias afetivas para quem vivenciou o cinema nos anos 80. Aproveite para viajar e relembrar os seus filmes inesquecíveis. É quase como adentrar o delorean e viajar para o passado, lembrando de mais uma grande produção da época. Para quem estiver disposto a vivenciar o mundo espetacular do cinema, Super 8 vira Super 80!
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